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5 Anos de Sabotage celebram-se em mini festival

Todas as cidades precisam do seu CBGB, de um espaço que se alimente do espírito do rock n’ roll, que o fomente e espicace; de uma sala que se encha, sem pudor, da electricidade feroz que se esconde em cada guitarra e em cada alma digna de a escutar; de um canto onde o suor e o sangue se misturem, fertilizem o solo e se evaporem no ar, para que os inspiremos como oxigénio. Todas as cidades necessitam de um acto de sabotagem, de um desvio daquilo que é considerado regular ou lei. Foi daqui que nasceu este Sabotage, icónico clube de rock que habita o Cais do Sodré recheado de histórias e mitos, loucuras e ressacas.

Em Maio, haverá razões extra para falarmos dele. Quatro dias de concertos, que celebram 5 anos do clube aniversário do clube, em contexto de mini-festival. As primeiras confirmações são The KVBJibóia,Debut! e Talea Jacta, artistas com sede eléctrica que ocuparão o número 16 da Rua de São Paulo, entre 2 e 5 de Maio.

A abrir a lista de confirmações Nicholas Wood e Kat Day, vulgos The KVB, obreiros da reinvenção do uso dos sintetizadores em contexto rock n’ roll. Em 2012, editaram o seu primeiro disco, “Always Then”, um primeiro olhar sobre o seu shoegaze pintado de electrónica minimal, com ponte imediata para referências como os Jesus & Mary Chain ou Ian Curtis. Daí até “Of Desire”, o seu último trabalho de originais, desbravaram o universo mais negro e pensativo do rock. Para conferir no dia 2 de Maio.

Também Jibóia, alter-ego de um outro, Óscar Silva, tem conhecido uma longa vida. De pedais solitários (“Jibóia”) a terrenos mais propícios à dança (“Badlav”), Jibóia trocou tantas vezes de pele quantas é possível a um réptil deste mundo. A sua mais recente formação conta com o amigo Ricardo Martins e Mestre André, e é também aquela onde o encontramos em melhor forma – como exemplificado por “Masala”, um registo duro, negro, lânguido e enigmático, onde explora os detalhes sónicos do dub, sob o olho atento da produção de Jonathan Saldanha (HHY & The Machumbas).

Poucas cidades portuguesas são tão férteis ao nível do rock quanto o Barreiro, de onde provêm os Debut!, banda forjada em 2004 por Cláudio Fernandes e Diogo Vaz. Um mero iPod foi o rastilho para toda uma viagem pelo rock mais visceral e de tensão punk. Dez anos após terem lançado “Stop Complaining, Music Is Dead”, os Debut! estão de regresso, sem iPod mas com bateria, mais maduros e conscientes da estrada que percorrem. Experimentam-se por pistas mais dançantes como quem carrega todo um baile new wave às costas, mantendo a sensação de perigo deixada pelo desconhecido.

Pedro Pestana e João Pais Filipe quase que dispensam apresentações, tais são as várias insígnias de qualidade que apresentam. O primeiro, através dos 10 000 Russos ou de Tren GO! Soundsystem; o segundo, pelas ligações a projectos como HHY & The Macumbas, Sektor 304, Mécanosphère ou Paisiel. Juntos, casam as polirritmias etno-techno da bateria de Pais à guitarra marciana de Pestana, numa exploração do movimento cíclico e repetitivo da música, sob o nome Talea Jacta.


 

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