Entrevistas

Entrevista – Backflip

Os Backflip são um dos grandes valores do hardcore nacional que não só já o provaram com um álbum mas também com dois excelentes EPs, já analisados por nós – “The Brainstorm Vol. 1” e “The Brainstorm Vol. 2”. Onde os podemos ver a brilhar como ninguém é sobretudo em cima dos palcos. Em jeito de antecipação ao LVHC Fest 2018 (27 e 28 de Janeiro) e das duas datas dos Comeback Kid no nosso país (3 e 4 de Fevereiro), fomos falar com Pedro Conceição, baterista dos Backflip.

Começava por uma questão de algo mais antigo mas que foi sempre uma curiosidade minha. Porquê a decisão de lançar “The Brainstorm” em separado, em dois EPs e não como um álbum, já que apesar de terem sido registados em momentos diferentes, acabam por encarnar o mesmo espírito? O impacto não teria sido maior?

Bom, antes de mais nada, boa noite e obrigado pelo interesse em fazeres esta entrevista. A ideia de fazermos o “The Brainstorm” em duas partes surgiu por termos tido a necessidade e vontade de lançar um disco com mais brevidade do que aquela que seria com um álbum. Lançar 6 músicas seria sempre mais rápido (e barato) do que lançar 10 ou 12 músicas sendo que a ideia inicial era lançar um álbum mas com o passar do tempo e da composição das músicas preferimos avançar com a ideia de dividir o álbum em duas partes e até porque era algo original. Nunca se tinha feito nada assim, pelo menos do nosso conhecimento. (risos)

Do meu também não. (risos) Como foi dividido dessa forma, quando acabaram o primeiro já tinham material para o segundo?

Se não estou em erro, tinhamos uma música completa e várias ideias soltas. Depois de lançarmos o “Volume 1”, começámos a trabalhar e infelizmente, acabou por demorar um pouco mais tempo a finalizar do que esperávamos, mas fizemos tudo com calma e trabalhamos muito todas as peças da composição. Demos mais enfoque na voz e letras e tentámos aperfeiçoar tudo, mas com simplicidade. Estamos bué orgulhosos do que fizemos

Sendo que a segunda parte já contou com um alinhamento diferente (com a entrada de Tiago Gonçalo para as guitarras, após a saída de Miguel Morais – e presumo que isso também tenha atrasado as coisas), o Tiago contribuiu criativamente?

Pois, influenciou um bocado sim. O Tiago (aka Kolde), é nosso amigo há muito tempo – meu principalmente, sendo até que tocamos juntos em Steal Your Crown. E ele é uma ganda máquina. Aprendeu as músicas que já tinhamos com muita rapidez. E claro que na parte de composição e gravação também deu o seu cunho pessoal.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ainda sobre a ligação entre os dois trabalhos, um dos factores que acho que os liga são as duas capas, que por si só são fantásticas. No primeiro temos dois seres ligados, onde se presume um mais activo e outro mais passivo, enquanto no segundo temos a mesma imagem vista de forma diferente, onde os dois estão de tal forma ligados que acabam por poder se concluir que são o mesmo. Poderia extrapolar diversas coisas mas parece-me uma alusão a como estamos em eterno conflito principalmente connosco próprios. Faz algum sentido? Qual o conceito original das capas que quiseram explorar?

É muito por aí sim. O próprio nome “The Brainstorm” é sobre uma introspecção pessoal, e colectiva. No sentido de consciência sobre o que nos rodeia, mas também sobre a criatividade, e sobre o que trabalho que fizemos e estamos a fazer. Por um lado é como se disséssemos que nós como banda, trabalhámos numa coisa, criámo-la e este é o resultado. Por outro lado, tem muito a ver com a introspecção do mundo, do estado das coisas, das pessoas, de como as pessoas se comportam, e muitas vezes esquecem-se que o sucesso colectivo depende muitas vezes da sinergia, e criação em conjunto. No primeiro volume temos a alusão à sinergia humana, e no volume 2 temos a menção ao envolvimento com o nosso universo. Todos nós acreditamos na saúde do planeta e na consciência de todos os animais, e que o Homem tem de saber encontrar o seu lugar no meio de tanta Vida. Para mim é um guia de como saber trabalhar para um futuro melhor.

Agora com alguma distância temporal, qual o feedback que têm do lançamento de cada uma das duas partes do EP?

O feedback e balanço geral é muito positivo. Claro que há quem não goste, e inclusive tenha partilhado connosco (o que nós agradecemos bué), mas no geral é muito bom. Chegámos a mais gente, que é um dos nossos objectivos, e tocamos em óptimos concertos. No entanto, e musicalmente falando, apercebemo-nos que a música que fazemos não agrada a toda a gente. É muito levezinha para quem gosta do pesado, e muito pesada para quem gosta do levezinho. É quase como se estivéssemos inseridos numa espécide de limbo lol. Para nós, isto é revelador que somos originais. E gostamos bué disso!

Eu vou ser sincero, a minha introdução ao vosso som foi com o “Vol.” 1 e consegui apreciar uma evolução no segundo e uma das razões de ter gostado é precisamente de não ser mais do mesmo, quer na vertente hardcore quer no hardcore mais metalizado. Acho que a vossa arma secreta acaba por ser mesmo o vozeirão da Inês.

A Inês tem de facto um ganda vozeirão (risos). Mas sim, nós também achamos que acabamos por ser diferentes do que se costuma ouvir, em ambos os géneros. E sentimos também essa diferença do “Volume 2” em relação ao primeiro. Do primeiro disco então nem se fala. Ainda que tenha mais ou menos o mesmo fio condutor, está mais verde. Nestes dois volumes pusemos mais trabalho e exigência no trabalho. E achamos que se percebe bem ao ouvir os discos.

Passando do interior para o exterior, Como é que vês e sentes a cena hardcore em Portugal? Em termos de bandas, de concertos?

Deixa-me começar por dizer, que na minha opinião pessoal, o Hardcore, enquanto filosofia, é uma das coisas mais bonitas que existe no Mundo. Não existe outra coisa igual, não tem comparação com nada. Relativamente a Portugal, eu acho que o movimento está a passar por mais uma fase, das muitas fases que já passou. Em muitos concertos pequenos a afluência não é muita, os espaços disponíveis para fazer concertos de pequena dimensão também não são muitos. No entanto, para mim isto não é impeditivo de a “cena” crescer e evoluir. As pessoas ainda cá andam, e os concertos grandes são reveladores disso mesmo. Por outro lado, há muita gente nova e de idades novas. Há bandas recentes de pessoal mais novo, outras de pessoal mais velho. O importante acontece, que é não parar e não deixar de acontecerem coisas novas. Para mim, independentemente de como as coisas estiverem, o Hardcore há de estar sempre de boa saúde, porque há sempre qualquer coisa a acontecer. E principalmente, porque na minha opinião, o Hardcore é o que tu fazes dele. E se tu fazes alguma coisa, então ele está de boa saúde.

A Hell Xis é sem dúvida um dos rostos mais visíveis no que diz respeito à divulgação tanto de eventos como promotora como de discos como editora. Trabalhando com eles há já alguns anos, que balanço é que fazes do seu trabalho? Achas que haveria espaço para um projecto semelhante (editora/promotora mais voltada para o hardcore) ou acabamos por ser um país muito pequeno que possa haver um crescimento que sustente o aparecimento de novas entidades?

A Hellxis e o Emanuel são imparáveis. Trabalhamos com eles há quase 5 anos, e o percurso tem sido extremamente positivo. Olhando para trás, a banda cresceu imenso desde que se juntou à Hellxis, em 2013. A agência/editora fez bastante pela banda e tem proporcionado grandes momentos e “achievements” para nós! É um granda “braço direito” para se ter! Portugal talvez seja demasiado pequeno para MUITAS editoras e MUITAS agências. Mas mesmo assim há aí muita gente a trabalhar. De norte a sul. E não vejo razão para não surgir mais alguma, porque também acredito no crescimento, ao mesmo tempo que acredito também que essas entidades têm de se saber encaixar em mais do que um registo, para conseguirem funcionar de forma sustentável.

Em termos de concertos especificamente, como é que foi o ano de 2017? Até onde conseguiram chegar lá fora por exemplo?

Obviamente com saldo positivo, mas confesso que não foi tão bom como desejávamos. Queriamos ter tocado mais do que tocámos, mas por várias razões não foi possível. Demos ainda bastantes concertos, sendo que fizemos duas datas em Espanha no fim de Outubro. Tocámos em Barcelona e em La Rioja. Eram sitios onde nunca tinhamos tocado e foi tudo muita bom. Desde à  ospitalidade até à aceitação de quem nunca nos tinha visto, ou sequer ouvido. Fizemos amigos novos e esperamos voltar dentro de pouco tempo!

Em relação aos próximos tempos, vão ter três concertos muito importantes. Temos primeiro o Linda-A-Velha Hardcore Fest e depois as duas datas a acompanhar os Comeback Kid. Primeiro o LVHC Fest. É uma boa forma de estreitar relações entre o hardcore e o metal ao juntar no mesmo festival bandas como Sacred Sin, Theriomorphic, Okkultist, Trinta & Um, Backflip e Grankapo?

Claro que sim! Linda-a-Velha é um dos poucos berços de hardcore em Portugal, e deu à luz montes de bandas, juntamente com toda a zona de Oeiras. Tocar na Academia é sempre uma honra, e fazer parte duma festa como esta é gratificante. Hoje em dia quase todas as bandas se conhecem umas às outras e na maioria toda gente tem óptimas relações entre si. Pessoalmente, vejo este concertos também como uma celebração da amizade.

Em relação aos The Comeback Kid, o que representa vós abrir para eles e quais as expectativas para os dois concertos, no Porto e em Lisboa?

Já vai ser a segunda vez que fazemos a primeira parte deles. Tinhamos tocado com eles no Hard Club, há coisa de 2 anos. É sempre alto acontecimento, sendo que todos nós gostamos bué de Comeback Kid e para nós como banda é um concerto que traz a projecção e visibilidade que um concerto grande tem. Nós estamos ansiosos por esse fim de semana e queremos mesmo é partir aquilo tudo, tocar de sorriso na cara, ver a cara de satisfação de quem nos está a ver e tentar partir aquilo tanto que os Comeback Kid já não possam tocar!

Estamos agora a começar um novo ano, que é sempre aquele momento em que olhamos para o passado e fazemos resoluções para o futuro. Não sabemos o que nos espera mas quais são as vossas expectativas para 2018?

Em 2018 queremos tocar em sítios novos, lançar mais música nova, fazer coisas diferentes e sair de Portugal. Temos algumas coisas já esquematizadas, que a seu tempo serão anunciadas, mas esperamos ter um ano ocupado!

Facebook: https://www.facebook.com/pg/backfliphardcore
Próximos concertos:
27 e 28/01 – LVHC Fest 2018 – https://www.facebook.com/events/1720246161350124/
03/02 – Com Comeback Kid e Nasty no Har Club, Porto – https://www.facebook.com/events/292483481256897/
04/02 – Com Comeback Kid e Nasty em RCA Club, Lisboa – https://www.facebook.com/events/1811287928900446/

 

 

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