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Reportagem Bullet, Screamer, Rexoria @ R.CA Club, Lisboa – 10.05.18

O heavy metal não é, infelizmente, o género mais procurado pelos amantes da música pesada em Portugal. Podemos encontrar vários possíveis motivos para isso e iniciarmos aqui uma discussão que dificilmente chegaríamos a uma conclusão. Podemos genericamente dizer que os tempos mudam, por muitos que nos custe. E custa particularmente quando temos uma noite como a que se viveu naquela quinta-feira, no décimo dia de Maio do ano de 2018. Quando os Bullet, Screamer e os Rexoria, três bandas suecas algo diferentes entre si em termos de som, nos visitaram, para mostrar como o heavy metal tem sempre um encanto especial e é imortal, com mais ou menos pessoas.

A começar, os Rexoria e cujo segundo e mais recente álbum passou pelas nossas páginas. Escassos minutos após a abertura das portas, a banda sueca começou a tocar para uma sala praticamente vazia. O seu heavy metal melódico com tiques de power metal ganha ainda mais força ao vivo e conseguiu encher uma sala com boa energia metálica. Algumas pessoas foram entrando aos poucos mas nada que impedisse de Frida Ohlin de perguntar “onde é que raio estão todos?”. O ambiente poderia ser desolador mas nada como boa música para fazer esquecer as coisas menos boas da vida. E palmatória terá de ser dada aos Rexoria, atacaram temas do novo álbum como “Way To Die” e “Hurricane” – este último que a banda confessou não tocar muitas vezes ao vivo – com uma disposição equivalente à de estarem a tocar para um estádio cheio. Uma actuação curta mas cheia de alma  Os presentes agradeceram e a banda, apesar de poucos a assistir, saiu nitidamente com coração cheio.

Vieram os Screamer de seguida, apresenteados por uma intro alucinada que até Looney Tunes meteu ao barulho.O seu heavy metal raçudo, vitaminado e bem tradicional distinguiu-se bastante dos companheiros de digressão (tanto os que precederam como os que lhes sucederam) mas mesmo assim soou totalmente integrado no espírito da noite. E para quem não conhecia, garantimos que se tornaram fãs automaticamente graças a malhões como “Monte Carlo Nights” do último álbum, “Hell Machine” ou os já clássicos “Rock Bottom” e “Keep On Walking” do primeiro álbum, “Adrenaline Distractions”. Alguns problemas técnicos com a guitarra Anton Fingal fizeram com que a fluidez do concerto fosse abalado e ainda relativo ao som, a voz de Andreas Wikström nunca foi exactamente audível, sendo abafada por todos os restantes instrumentos. E apesar disto tudo, grande concerto. É assim o heavy metal, perfeito por ser imperfeito.

Falando em perfeição, o que dizer dos Bullet? A banda sueca que se tornou uma coqueluche do heavy metal provou que não é hype injustificado à sua volta. Tentar descrever o concerto dos Bullet é uma tarefa ingrata, tal como é ingrato descrever uma sensação que nos esmaga e será sempre relativo. Ainda assim, temos a obrigação de tentar. A sala já estava mais cheia mas ainda longe (onde também também compareceram membros dos Rexoria) do que era merecido. Tal como todas as bandas anteriores, os Bullet não acusaram o toque e tocaram como se fosse o último concerto das suas vidas, onde o público respondia à altura. A sua fusão muito especial entre o heavy metal à la Accept e o hard rock à la AC/DC é daquelas coisas que depois de provar não se vai querer largar.

Foi precisamente isso que aconteceu até ao final da noite. Começou por uma intro de “Assim Falou Zaratrusta”de Strauss interrompida pela entrada dos Bullet em palco que despejaram o seu hard’n’heavy sem piedade e com um entusiasmo sem igual. O início foi alucinante com “Speed And Attack”, “Ain’t Enough” e “Rogue Soldier”, os três primeiros temas do último trabalho, “Dust To Gold”, que revela bem a qualidade do trabalho e também a confiança que a banda tem nele. Com seis álbuns já editados, a banda já tem um repertório vasto o suficiente para ter alguma dificuldade em escolher o alinhamento mas ninguém teve razões para ficar insatisfeito com a escolha de “Rolling Home” (que grande solo no final), “Dr. Phibes” (um instrumentalzorro de todo o tamanho) ou a “Dusk ‘Till Dawn”, cujo refrão foi cantado a plenos pulmões pelo público. Após um curto (pouco mais de um minuto) intervalo, a banda voltou para o encore para mais dois temas, os inevitáveis, “Turn Up The Loud” e “Bite The Bullet” – aquele que já é o hino da banda e onde os guitarristas e baixista voltaram os seus instrumentos para o público, revelando o nome do tema.

 

Autêntica magia, foi o que se viveu naquela noite de quinta-feira. Noite de Eurovisão, noite que iria anteceder o último dia de trabalho da semana, a chegar a meio do mês com a conta bancária já fraca. Noite onde todas as razões para ficar em casa poderão ter parecido válidas… no entanto asseguramos que a magia vivida é daquelas que dificilmente se repete. A magia que nos diz que quer com salas cheias ou vazias, o heavy metal nunca vai morrer.

 Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Amazing Events

 

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