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Reportagem Insomnium, Tribulation @ RCA Club, Lisboa – 10.04.18

Até parece que foi de propósito. Os Insomnium e os Tribulation vêm a Lisboa e está um tempo daqueles, que só apetece ficar em casa. Não houve debate nesse ponto. Estivesse o maior temporal de sempre e este seria um concerto imperdível, mesmo que não parecesse. Por muito que as bandas tivessem estado no nosso país recentemente – os Insomnium mais recente do que os Tribulation – ver os seus concertos num ambiente mais acolhedor como o do RCA Club é por si só uma experiência aparte como vamos poder verificar.

A primeira banda a tocar seriam os Tribulation, que lançaram recentemente o excelente “Down Below” e que dividiria a atenção com o anterior, “The Children Of The Night”, indo apenas até “The Formulas Of Death”, deixando de fora o primeiro trabalho. Com o insenso a queimar e o palco envolto em fumo e ténue luz verde, a banda entrou em palco já com um grande ambiente estabelecido. O público estava pronto para a chegada da banda sueca. Não fosse a música tão boa e poderíamos apenas ficar encantados a ver o bailar e interacção dos músicos com a própria música que tocam e com o assistência, principalmente Jonathan Hultén, que se contorce como uma serpente. A maior prova de que por vezes basta ter inteligência para se fazer uma grande apresentação, não sendo necessários muitos artifícios.

A banda entra a matar com a excelente “Lady Death” que só não bateu mais porque o som parecia estar alto demais fazendo com que os graves se sobrepusessem a tudo o resto – o que provavelmente também se deveu ao facto de estarmos na plataforma do lado esquerdo. Nada de muito grave, apenas a perda de alguns pormenores das guitarras. Felizmente foi uma sensação que foi diminuindo conforme o concerto avançou, permitindo que temas como “In The Dreams Of The Dead” soassem muito bem. O público vibrava e não se limitavam a temas mais antigos. Toda a energia enviada para o público, era devolvida de volta para o palco e era realmente hipnótico assistir à forma como os músicos se mexiam, numa coreografia caótica que corria sempre bem.

A reacção do público não deixou também de ser impressionante, com o headbang colectivo, sincronizado por parte de um RCA Club quase esgotado (se não esgotou mesmo). os temas finais foram épicos, principalmente “The Lament” e “Nightbound” que levaram o público ao rubro. Apesar de não haver muitas conversas, não se ficou com a impressão que tivesse havido falta de comunicação, até porque a música já era satisfação suficiente. A provar isso esteve a grande ovação que todos os membros da banda tiveram quando o concerto acabou, que fez com que saíssem do palco de coração cheio. E foi mútuo.

Após uma rápida troca de palco, era a vez da banda da noite, Os Insomnium. Como referi atrás, poderia sentir-se de que um concerto após pouco menos de um ano após a sua actuação no VOA Fest seria desnecessário, mas tendo em conta que poderíamos ouvir a obra de arte que é o álbum “Winter’s Gate” que ao vivo é dividido em sete partes. Como dissemos na altura em que fizemos a crítica ao disco, apesar de ter zonas onde essa divisão pode ser feita, este álbum é um daqueles que tem de ser apreciado de uma vez só.

Tudo começou da maneira mais inesperada. Ao som da marcha do tema da Academia de Polícia. Não podemos dizer que seja a abertura mais esperada para um concerto dos finlandeses, mas com o que viria de seguida, a memória não iria dar tanta importância ao que estava antes. E assim foi. Aproveitando o ambiente de trevas verdes que tinha ficado estabelecido com os Tribulation, “Winter’s Gate” foi tocado na íntegra para entusiasmo do público que tal como nós encara o útimo trabalho como dos seus melhores. A mística estava toda lá, como expectável. E apesar dos quarenta e pouco minutos de duração, o tempo passou tão rápido que ninguém sequer reparou que metade do espectáculo já tinha passado, tal não era o ânimo. No entanto, tal como os Tribulation, o som dos Insomnium parecia sofrer do mesmo mal, que neste caso só se começou a sentir verdadeiras melhorias já no segundo encore.

Por falar em encore, tivemos direito a uma viagem ao passado da banda finlandesa, ficando apenas de fora os dois primeiros álbuns, sendo que todos os temas foram recebidos com grande entusiasmo por parte do público, o que levou a que o vocalista e baixista Niilo Sevänen ainda puxasse mais pela assistência, chegando a usar o velho truque antes da “Dawn With The Sun” da comparação com o público espanhol. Resulta sempre porque temos aquele fraquinho que diz “são os nuestros hermaños mas nós somos melhores”. Death metal melódico épico que mais que uma vez puxou das goelas por parte dos membros do público – como na “The Promethean Song”, um dos melhores momentos da noite.

A banda voltaria para um segundo encore, algo a que o público agradeceu (ficava a ideia de que poderiam fazer mais dois ou três que não existiriam queixas por parte de quem quer que seja), tocando “Only One Who Waits” como ponto final numa noite que juntou duas bandas muito diferentes mas que funcionam muito bem em conjunto, como ficou comprovado. E tal como aconteceu com os Tribulation, os Însomnium saíram de cena sob uma grande ovação e deixaram uma óptima impressão perante todos os que se recusaram a ficar em casa, mesmo com chuva e vento lá fora. Valeu a pena e até deu ânimo a voltar a enfrentar o frio que se fazia sentir lá fora. Por mais algumas horas, ficámos todos vikings.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Prime Artists


 

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