Entrevistas

WOM Entrevista – Primator

O heavy metal no Brasil está muito bem e recomenda-se. Mais ou menos underground, vão surgindo novas bandas, novo sangue que garantem a renovação do género. Bandas como os Primator que têm um verdadeiro amor ao estilo e isso transparece através das palavras do seu mais novo membro, o guitarrista Felipe Fatarelli, com quem tivemos uma conversa muito interessante.

Os Primator são um dos novos valores do heavy metal, como o vosso álbum de estreia, já de 2015, provou. Sei que para vós o mais importante era conseguir criar/estabelecer uma identidade própria, sem copiar o que já foi feito mas também sem o renegar. Consideras ter atingido isso com “Involution”?

Consideramos ter atingido o objetivo de criar uma sonoridade própria, um som característico. Com base em referências no cenário do heavy metal brasileiro e internacional. Há de se considerar a aceitação e reconhecimento do público brasileiro e estrangeiro. Esse foi o objetivo do grupo, produzir um bom trabalho para os ouvintes de heavy metal.

Que impacto “Involution” teve? Quais foram as reacções que conseguiste recolher do feedback do vosso primeiro trabalho?

O álbum teve repercussão positiva na mídia especializada, críticas em revistas e em meios independentes como blogues, sites, canais no youtube e principalmente a reacção do público que sempre foi e ainda é o objectivo maior. Muito reconhecimento das pessoas que ouviram nosso trabalho mesmo que elas não escutem música pesada mas reconhecem a qualidade e as potencialidades do grupo. Gostamos de interagir com o público não somente com meios digitais, mas também da interacção humana, ouvir suas opiniões, o que sentiram, o que esperavam, críticas e sugestões.

Desde o início que os Primator se afirmaram como uma banda de palcos, tendo chegado ao álbum já com uma longa experiência e entrosamento em cima. Que oportunidades vos trouxe o álbum? Puderam chegar mais longe na vossa rota de concertos?

O álbum trouxe-nos oportunidades de crescimento musical, avaliar  críticas, rever alguns conceitos. Possibilitou-nos obter reconhecimento do nosso primeiro trabalho e a buscar por mais, em termos de aprimoramento, estudo, trabalho árduo. Maior afinidade entre os membros, oportunidades de conhecer pessoas e organizações que querem ajudar. A exemplo disso, podemos citar a Wacken Foundation, fundada em 2008 pelos produtores do Wacken Open Air (W:O:A), o maior festival de música pesada no mundo, o qual apoia bandas independentes de música pesada para gravações de discos, digressões e até mesmo festivais. Fomos contemplados com ajuda financeira por esta fundação alemã . O que nos deixou muito contentes para a realização, produção e gravação do próximo álbum que estamos a compor as músicas. De momento não estamos a realizar concertos devido ao fato de estarmos trabalhando sobre o novo álbum.

Conceptualmente, “Involution” lida sobre a teoria da evolução de Charles Darwin. Olhando para aquilo que acontece hoje em dia, não deixamos de nos perguntarmos se teremos evoluído assim tanto ou se não encontrámos apenas melhores formas de nos matarmos uns aos outros e ao planeta. Até onde poderá ir esta “involução”? E será que vamos sobreviver a ela?

Provavelmente sobreviveremos, porém em condições cada vez piores. O grande papel do ser humano nos dias actuais é a busca por meios que validem atitudes irresponsáveis, tanto nas relações inter-pessoais quanto à coexistência com a natureza. Nada mais é proibido desde que existam leis que viabilizem tais atitudes e é justamente esse senso de “involução” que abordamos no álbum.

O heavy metal é normalmente visto como um género musical menor, onde só se tem barulho imperceptível sem sentido, mas são bandas como os Primator que nos apresentam conceitos que não só fazem todo o sentido como também não são praticamente discutidos noutros géneros musicais. Acham que esta “involução” de mentalidades também poderão ser invertidas?

As pessoas que não escutam heavy metal passam a conhecê-lo devido às mídias sociais e a outros diversos meios que estamos expostos diariamente, mas nem sempre levam em conta o conteúdo das letras e conceptual das composições. Especialmente aqui no Brasil, país único em géneros musicais, as pessoas estão a deixar de rotular a música, enquanto nosso público se torna cada vez mais exigente, almejando por grandes bandas e grandes festivais como era no passado e é justamente desse público, que temos um feedback mais assertivo no que tange o conteúdo e temática que abordamos. De qualquer forma, a mudança de pensamento é algo individual e não está atrelado apenas à música. Qualquer ser humano, com o mínimo senso de empatia deveria perceber que não precisamos ser como rochas fincadas na terra mas corpos e mentes em constante evolução e essa consciência é o mais importante. Reconhecer erros e aceitar as mudanças é o maior desafio que as pessoas enfrentam.

“Involution” têm já três anos. Como é que estão os Primator neste momento?

Neste momento estamos a compor novas músicas para o novo álbum, reuniões semanais, troca de ideias. Devido a cada membro da banda ter um trabalho fora da música, nossas reuniões são curtas mas proveitosas. A cada encontro surgem  novas ideias e nos encontros que se seguem, passamos a aperfeiçoá-las. Um processo criativo demanda tempo e dedicação ainda mais quando se trata de música e sobre cinco pessoas pensando, agindo e opinando.

As informações que tínhamos era que estavam a trabalhar no vosso próximo álbum com Mário Linhares dos Dark Avenger, que faleceu inesperadamente no final do ano passado… como é que sentiram essa perda de alguém que era tão querido dentro da cena de heavy metal brasileira?

Foi uma perda inestimável para nós e para o heavy metal brasileiro. Mário era de extrema coerência, sensibilidade musical e voz incomparável. Ele faleceu próximo ao natal do ano de 2017 de forma inesperada. Ficamos muito sentidos, estavamos em férias com nossas famílias, quando recebemos a triste notícia de morte deste ser humano tão querido e que tanto fez pela música em nosso país. No processo de composição, sempre relembramos o que dizia, suas ideias, incentivos e conselhos. Fica o sentimento de um grande vazio e a certeza de que será um trabalho totalmente dedicado à sua memória.

Até onde podem chegar os Primator ou pelo menos aonde querem levar a banda? Quais os vossos planos a longo prazo?

Nossos planos são de gravar o novo álbum, difundi-lo no Brasil e demais cantos do mundo, principalmente os de maior tradição no que diz respeito ao heavy metal, como Japão e grande parte da Europa. Os Primator vão até aonde nos queiram bem e reconheçam nossa música e os ideais que com ela passamos. Nesse ponto, poderemos considerar o dever cumprido. Muito obrigado pelo espaço e espero que continuemos juntos e fortes, pois só assim seremos capazes de manter acesa a chama do metal. Grande abraço à todos!

Mais Informações:
www.bandaprimator.com.br
www.facebook.com/bandaprimator
www.soundcloud.com/bandaprimator
www.twitter.com/primatormetal


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