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WOM Report – Legacy Of Cynthia, Empty V, Revenge Of The Fallen @ Cine Incrível Alma Danada, Almada – 16.03.19

Noite de música portuguesa no Cine Incrível, um espaço de qualidade ímpar para eventos culturais, concertos de rock/metal incluídos. Se Lisboa é o centro de tudo, foi bom visitar este espaço e constatar que Almada é uma alternativa mais que viável para ir quando as propostas são interessantes. E interessante é eufemismo em relação a estas três bandas, muito diferentes entre si mas que se unem todas sobre o ponto da qualidade ímpar. Qualidade made in Portugal, cortesia dos Legacy Of Cynthia, Empty V e Revenge Of The Fallen.

Foi precisamente com estes últimos, Revenge Of The Fallen que a noite começou. E começou com o público algo despido no Cine Incrível. A banda de Cascais (ou da Amoreira, de onde vêm grande parte dos membros.) não se deixou abalar por isso e debitou com grande alma o seu som que anda pelos domínios cruzados do metalcore, groove, metal alternativo e até nu-metal. O som estava poderoso e ainda fez com que a energia da sua actuação fosse superior. A banda passeou pelo seu ainda curto repertório mas já com alguns momentos incontornáveis como a “Vicious Pride” e “Darkside Of Age” e até se teve direito a um cheirinho da “To Live Is To Die” dos Metallica. Na recta final do concerto foi quando a sala ficou mais bem composta, a repor um pouco a justiça para aquilo que os Revenge Of The Fallen fizeram.

A mudança de palco, o momento sempre doloroso nos concertos, neste caso até foi bastante rápida – ou pelo menos assim pareceu, já que o Cine Incrível tem um ambiente fantástico que é sustentado sempre com boa música. Os senhores que se seguiam eram os Empty V, uma banda que passou pelas nossas páginas recentemente e que deixou uma excelente impressão tanto com o concerto de apresentação do álbum de estreia no RCA Club, como com o próprio álbum, “Mus-Pri”, em si. A disposição de palco era diferente daquela que conhecíamos mas igualmente imponente, principalmente pelo impacto da tela gigante atrás da banda, que deu um complemento fantástico. O trio agarrou bem o público, mesmo sem comunicação – excepto pelas palavras ditas no vídeo no início e no final. Mesmo sem um vocalista presente, a banda não deixou de tocar os temas com voz, usando pistas pré-gravadas. Ambiente e impacto fantásticos para um dos grandes projectos a surgir nos últimos tempos no nosso cenário.

Para terminar, os cabeças de cartaz, Legacy Of Cynthia. A banda de Sintra já tem uma carreira digna de registo, com vários lançamentos (onde se destacam os dois álbuns, “Renaissance” de 2014 e o mais recente “Danse Macabre”, de 2016) e uma vasta experiência em cima dos palcos nacionais. O público estava ávido pela fórmula muito específica de metal alternativo e progressivo e foi isso que teve logo inicialmente com a entrada “Monkey 27”, onde apenas Peter Miller, vocalista, e Liberdade, teclista eram início ao concerto. Peter, a personificar a personagem de vagabundo na perfeição. Esta entrada teria ainda mais impacto se fosse desde logo seguida pela música seguinte, mas houve uma quebra na fluidez que afastou esse efeito que teria sido interessante, ao que se juntou de uma falha momentânea na guitarra de Mário Lopes no início da “The End Of Days”.

A banda, que se encontra neste momento a preparar o seu terceiro álbum de originais, estava bastante descontraída e isso tornou o ambiente um pouco mais intimista, não impedido no entanto que houvessem momentos de grande intensidade e groove, as duas armas de arremesso preferidas por parte da banda – temos que referir obrigatoriamente a “Rats And Rattlesnakes” e “The One Eyed King” – esta última onde Peter Miller confessou ter partido a perna há alguns meses e que ainda tinha alguma dificuldade em mexer-se. Nada que tenha afectado a actuação, honestamente. Também tivemos um cheirinho de coisas novas através de “Monster”, que nos faz ter as expectativas bem colocadas para o que aí vem. A recta final veio num repente, com “Pagan Words” (nunca antes tocada ao vivo, um momento intimista de belo efeito), “Dorian’s Portrayed” e a apoteótica “The Tale Of The Scarecrow” que encerrou a noite, com um solo de belo efeito.

A noite acabou, embora o público presente ainda tivesse pedido por mais. É melhor assim, sinal também de que há público fiel a bandas que o merecem, mesmo em noites concorridas, com outras propostas de peso a acontecer ao mesmo tempo. Poderá não ser o ideal mas é o que temos. É continuar a lutar naquilo que acreditamos. E naquela noite, no grande Cine Incrível, tivemos muitos motivos para continuar a acreditar.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Legacy Of Cynthia, Empty V, Revenge Of The Fallen e Cine Incrível Alma Danada

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