WOM Report – MGLA, Martwa Aura, Above Aurora @ RCA Club, Lisboa – 10.09.19
Noite negra no RCA Club e à qual uma enchente de almas negras prencheu por completo o ponto de reunião metálico favorito de Lisboa. Havia uma enorme expectativa para ver e para alguns, rever os polacos MGLA que vinham acompanhados dos seus compatriotas Martwa Aura e Above Aurora como bandas de suporte. A multidão foi-se juntando após a abertura das portas e chegando aos poucos para preencher a sala. Quando os Above Aurora subiram ao palco, ainda estava a meio gás.
Com o espaço de palco mais reduzido – a bateria dos MGLA já estava montada – o power trio demonstrou que com pouco é possível fazer muito. Neste caso, pouca luz, zero comunicação e sem grandes alaridos antes de começar. Subiram ao palco, ligaram os instrumentos, colocaram-se em posição e… descarga. O mais recente lançamento dos Above Aurora, “Path To Ruin”, esteve em evidência embora inevitalvemente, também abordaram o álbum de estreia “Onwards Desolation”, com a atmosfera do seu black metal “endoomecido” a ser bastante densa e algo hipnótica até. Dinâmicas apreciáveis e uma apresentação muito bem sucedida ao público lisboeta.
Ligeira mudança de palco que se ainda haveria de se tornar mais pequeno quando os Martwa Aura subiram ao palco. O quinteto polaco, que conta com o mesmo baterista dos Above Aurora, Oktawiusz Marusiak ou simplesmente conhecido como O., apresentou uma sonoridade mais tradicional dentro do black metal mas que apesar desta característica não deixa de apresentar dinâmicas que são essenciais para evitar que o aborrecimento se instale.
“Boa noite Lisboa, nos somos os Martwa Aura”, disse o frontman Greg num português praticamente sem sotaque, estabelecendo logo uma ligação com o público presente. “Contra Mundi Contra Vitae” o ainda único álbum lançado pela banda foi o foco da actuação, não deixando de visitar os splits “Credo In Mortem” e “Temples Of Genocide Worship” e até a demo “Dzień Bez Jutra”. Da nossa parte, o ponto alto talvez tenha sido mesmo a “Medytacja V”, uma boa representação de todo o poder da banda em cima do palco do RCA Club.
Para a banda da noite, houve uma preparação mais demorada do palco e do som. Não foi difícil perceber tendo em conta o que se seguiu. Com um drone a soar desde que os Martwa Aura saíram do palco, a expectativa era enorme, palpável no ar, algo que ter a banda a testar o som acaba por destruir um pouco. Ainda assim, quando os encapuzados MGLA entraram em palco, a aclamação foi imediata por um RCA completamente cheio. E se já presenciámos aclamações que acabam por não ser merecidas, os polacos mereceram cada um dos aplausos antes e depois de terem começado. E que início. “Exercises In Futility I” e “IV” estabeleceram logo o modo para o que iríamos ouvir.
Com algumas surpresas, “Mdłości II” foi uma delas, os MGLA surpreenderam pelo poder do som – nenhuma das bandas teve mau som, mas os cabeças-de-cartaz não só tiveram poder como também uma pureza sonora que só fez com que o seu black metal ainda batesse mais. Curiosidade acrescida para ver como os novos temas de “Age Of Excuse” soariam ao vivo e não houve desilusões. Arrisco a dizer que até mesmo aqueles que estão cépticos em relação ao poder deste novo trabalho definitivamente que ficaram convertidos após “Age Of Excuse II” e “III”. Voltariam a “Exercices In Futily” com uma passagem por “With Hearts Toward None”.
Como um todo, a actuação da banda foi hipnótica e digna de criar vários mantras – onde o som se uniu ao impacto visual de termos praticamente um RCA a fazer headbang em câmara lenta – que contagiou todos os presentes. As luzes (inesperadamente intensas e brilhantes, comparando com as duas bandas anteriores) apagaram e as palmas fizeram-se ouvir até que só ficou o vazio que preencheu por completo todos os presentes.
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