WOM Report – Overkill, Destruction, Flotsam & Jetsam, Rezet @ Hard Club, Porto – 12.09.19
Em Fevereiro os Overkill lançaram o seu 19º álbum de estúdio, “The Wings Of War”, e depois da tour norte-americana, chegou a hora da Europa. Embora os festivais já tenham feito parte da etapa europeia, a tour em nome próprio – Killfest Tour 2019 – começou verdadeiramente ontem, no Porto.
Era suposto as portas terem aberto às seis e meia, mas como atrasou um pouco, e os Rezet, por outro lado, foram pontuais – sete horas e a intro começou a entoar pelo Hard Club – os primeiros acordes de “Treadmill To Hell” não foram ouvidos por muitos. Claro que àquela hora, num dia de semana, todo o concerto não teria, infelizmente, nem metade do público que mais tarde encheria o local… Mas aos poucos lá foi ficando mais composto, e como aquele thrash, tipicamente alemão, convenceu os presentes, a banda que Ricky Wagner fundou em 2004 teve uma resposta (merecida) equivalente a uma casa cheia. Por isso acredito que Wagner estivesse genuinamente contente por tocar em Portugal pela primeira vez, não era apenas uma frase feita. “Deal With It!” saiu também em Fevereiro e cerca de metade do alinhamento foi para promovê-lo. Mas também visitaram o EP anterior, “You Asked For It”, através de “Minority Erazer”, e dois dos três álbuns mais antigos (enviando um grande “fuck you” a todos os racistas com “Reality Is A Lie”) – provando que thrash puro é o que sempre fizeram e continuarão a fazer.
Seguiram-se as primeiras “lendas” da noite. Tal como todas as bandas do cartaz, também os Flotsam And Jetsam traziam um álbum novo na bagagem, “The End Of Chaos”. E foi precisamente com o primeiro tema deste – “Prisoner Of Time” – que arrancaram com o seu concerto também. Voltariam a ele com “Demolition Man” – um tema cujo vídeo Eric A.K. aconselhou a ver, que estava em todo lado, no YouTube, no MyTube, no PornTube… – e ainda “a música da qual não nos recuperaríamos”, “Recover”. A.K. estava muito bem disposto! Dos primórdios da banda brindaram-nos com “Desecrator” e “Hammerhead”, e os temas finais também foram antiguinhos q.b. na forma de “I Live You Die” e “No Place For Disgrace”. Ficámos ainda a saber que os Iron Maiden são a banda preferida do vocalista, quando assim apresentou a música com o mesmo nome. Um concerto em que a única “falha” foi ter durado tão pouco.
Creio que quando escolheram o nome Destruction para a banda, em 1982, fizeram-no com base da sonoridade que pretendiam alcançar. Não sei se, já nessa altura, teriam noção de que seria igualmente a reacção dos fãs a essa tal sonoridade… O tema de abertura, “Curse The Gods”, ainda nem a meio tinha chegado e já os crowdsurfers caíam no fosso que nem tordos. As três músicas do novo “Born To Perish” – o tema título, “Betrayal” e “Inspired By Death” – foram recebidas como qualquer outra “preferida de todos os tempos”.
E a propósito de “tempos”, Schmier recordou – com alguns dos presentes – o excelente concerto de 1988, em Cascais, com Motörhead. Não estive nesse, mas a avaliar por todos os outros que vi, este não deve ter ficado muito atrás: banda e público fazem sempre jus ao nome dos primeiros. Deixaram para o final “Thrash Till Death” – que mais do que um lema é um autêntico hino – e aproveitando que estavam em tour com os Overkill, foram buscar “Bestial Invasion” a “Infernal Overkill”, dedicando-a aos fãs mais antigos.
Ao fim de uma música do novo álbum (“Last Man Standing”), uma com alguns anitos (“Electric Rattlesnake”) e um clássico (“Hello From The Gutter”), Bobby Blitz dirigiu-se ao público para dizer que havia duas regras: uma, ele estava no comando; duas, não sejam coninhas. Isto a propósito do volume dos nossos gritos que, como sempre, nunca era suficiente. O que é certo é que por mais que uma pessoa se esgoelasse, quando Blitz repetia “don’t be a pussy”, conseguíamos realmente fazer melhor. Cada um terá o seu momento alto; o meu pessoal foi “Bastard Nation”, uma vez que foi uma música que marcou a minha adolescência e a única vez que a vi ao vivo foi já em 2008. Depois dessa decidi vir mais para trás, para um local onde o ar-condicionado incidisse mais, e foi quando me apercebi de como a sala 1 estava cheia. Não esgotada, mas não muito longe. É sempre um prazer uma visão destas.
Blitz falou mais do que uma vez de como gostava de Portugal e de como era bom olhar para todas aquelas “lindas caras de portugueses”, relembrando ainda o concerto no “outro Hard Club, há mesmo muito tempo” (19 anos, mais propriamente) e enumerando de seguida as outras cidades por onde tinham cá tocado. A introdução de “Feel The Fire” foi prolongada para Blitz apresentar “dois grandes amigos dele, que também eram nossos amigos” – o baterista Jason Bittner, “pela primeira vez em Portugal” (Bittner entrou para a banda há apenas dois anos) e o baixista D.D. Verni. A confirmar que este último, co-fundador da banda, dispensava apresentações, a ovação foi muito mais sonora.
Já no encore, e ainda sobre o tema das amizades, Blitz disse que a mãe sempre lhe disse quando ele era pequenino para encontrar algo para fazer de que realmente gostasse e amigos que o fizessem com ele, e seria um homem feliz para o resto da vida. Ora ele tem amigos (referindo-se à banda) e todos eles têm amigos ali no Porto “com ligações de ferro” (“Ironbound”). Como não podia deixar de ser, a cover dos The Subhumans “Fuck You” fechou o concerto, mas desta vez com “Welcome To The Garden State” pelo meio. Ao retomar a “Fuck You”, o discurso de Blitz mudou de “don’t be a pussy” para “don’t fuck up!” e, ao não gostar mais uma vez da nossa prestação no refrão, “you fucked up!”. E lá berrámos mais alto. Mais uma vez.
Texto e fotos Renata Lino
Agradecimentos Prime Artists
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