WOM Report – Leprous, Klone, Maraton @ LAV, Lisboa – 01.03.20
No regresso dos Leprous a Portugal depois de fintarem as expectativas dos fãs com o mais recente “Pitfalls”, existia uma curiosidade genuína em ver como iriam funcionar os novos temas num Lisboa ao Vivo que acabaria por ficar bem preenchido. Como suporte viriam a acompanhar os noruegueses os conterrâneos Maraton e os franceses Klone.
Já com bastante gente na sala, começou a correr na tela colocada no palco, um vídeo em loop onde os membros dos Maraton no meio da chuva, fogem da intempérie sendo que um deles choca violentamente contra um poste. Foi colado a este momento de humor que os Maraton iniciaram hostilidades no Lisboa ao Vivo com “Almost Human”. Esta foi uma oportunidade para apresentarem o álbum de estreia “Meta”, com temas como “Change of Skin” ou “Altered State”. O som dos noruegueses situa-se numa zona onde o prog entra em contacto com sensibilidades mais pop, utilizando muitos elementos electrónicos e musicas curtas que facilmente ficam no ouvido. Em temas como “Seismic” notam-se claramente as influências de Muse que a própria banda afirma que tem. Os Maraton mostraram-se bem-dispostos e com bastante energia, especialmente o vocalista Fredrik Klemp que passou o concerto de meias, chegou a ir cantar uma música para junto do público, e no geral nunca parou de andar de um lado para o outro a puxar pela audiência. O set ficou completo com “Prime” e um dos destaques do trabalho de estreia “Spectral Friends”, numa prestação bastante boa que terá sido uma óptima forma de se darem a conhecer ao público português.
Num tom bem diferente os franceses Klone vieram trazer um ambiente mais pesado com a tempestade que abre o tema “Yonder” do mais recente “Le Grand Voyage”, álbum editado o ano passado. Estávamos aqui ainda no universo prog mas passando do lado mais pop para a melodia melancólica de temas como “Breach” e “Sealed”, ou para o peso de “Rocket Smoke”. Com uma postura um pouco mais reservada a banda francesa não deixou de criar uma ligação com o publico, e de se mostrar em boa forma. Um pouco mais pesadas e num tom a fazer lembrar uns Katatonia, houve uma sequencia de temas do álbum “Here Comes the Sun” com “Grim Dance”, “Immersion” e a lindíssima “Nebulous”. Para terminar ficaram os agradecimentos nesta que era a última data da tour e “Silver Gate” tirada do mais recente álbum de originais. Uma prestação que pode não ter sido muito efusiva mas que pelo sentimento que teve, deixou uma boa impressão.
Havia bastante curiosidade para saber como seria o concerto dos Leprous baseado em “Pitfalls”, um álbum muito diferente na carreira da banda norueguesa. Apesar de ser baseado num período negro em que o vocalista Einar Solberg lutava contra depressão e ansiedade, o novo trabalho dos Leprous consegue ser estranhamente luminoso, e talvez por isso as luzes de palco quando começou “Below” (e em grande parte do concerto) tenham sido intensas e claras, direccionadas da parte de traz do palco em direcção ao público, banhando os elementos da banda em luz. Neste tema ficou bem visível a reacção dos fãs a este trabalho com o publico a começar a cantar com Solberg logo desde o inicio da música, com o coro a subir de intensidade no refrão. O primeiro tema fazia logo antever uma excelente noite que continuou com “I Lose Hope” e uma primeira passagem pelo catálogo anterior da banda com “Stuck” e “Third Law”. O regresso a “Pitfalls” fez-se com a belíssima “Observe the Train”, um dos momentos da noite, e com “Alleviate”.
A prestação de toda a banda foi fantástica, com o destaque a ir para Einar Solberg que esteve simplesmente perfeito toda a noite. Logo de inicio o vocalista começou por confessar que estava a tentar ser mais verdadeiro a si mesmo ao falar com o publico e largar um pouco a fachada confiante e mais rock and roll que os frontmen costumam ter, referindo também que isso o fazia sentir meio estranho porque passava as músicas preocupado em saber sobre o que iria falar na próxima pausa entre temas. Acabaria a noite a pedir desculpa por não ter falado mais com o público, mas estava totalmente desculpado, a actuação brilhante que teve valia por todas as palavras que pudesse ter dito.
Depois de recuperar a bela “Mb. Indifferentia” chegou uma das surpresas mais agradáveis da noite, uma cover de “Angel” dos Massive Attack. “The Price” e “Distant Bells” encerraram o set principal antes de um excelente encore com “The Flood”, “From the Flame”, um dos grandes momentos da noite, e a também aguardada “The Sky Is Red”. Há que ser feita referência a adição de Raphael Weinroth-Browne no violoncelo, que funcionou na perfeição quer nos temas de “Pitfalls”, quer nos trabalhos mais antigos. Foi um concerto particularmente inspirado este que os Leprous deram no Lisboa ao Vivo onde talvez o que surpreendeu mais foi a vitalidade e força que os temas de “Pitfalls” ganharam quando tocados ao vivo.
Texto por Filipe Ferreira
Fotos por Filipa Nunes
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