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WOM Report – Insomnium, Omnium Gatherum @ Exclusive Live Stream – 10.04.20

Tal como aconteceu a muitas outras bandas, o cancelamento da tour Norte Americana que juntava dois dos maiores nomes do Death Metal Melódico finlandês, Omnium Gatherum e Insomnium, colocou ambas as bandas em dificuldades financeiras. Uma alternativa que as duas bandas encontraram foi juntarem-se para um género de último concerto da tour numa sala de espetáculos sem público e transmitir em stream para todos que comprassem um bilhete. Devido a dificuldades técnicas não foi possível fazer o stream em directo dos dois concertos no dia 10 de Abril como estava planeado, mas as bandas seguiram a mesma em frente e as gravações foram colocadas online no dia seguinte.

Num espectáculo de duas horas, cada banda ficou com um set de uma hora. Tirando a estranheza de não existir público, tudo o resto estava no lugar como um concerto normal, a sala, as luzes e acima de tudo a atitude das bandas. Os Omnium Gatherum iniciaram as hostilidades com a intro “The Burning”, que deu espaço à entrada em palco do vocalista Jukka Pelkonen com o tema “Gods Go First”. Por esta altura já era notória a entrega da banda ao espetáculo, entrando com energia. O som também ia ajudando com os teclados, e cada guitarra a estarem bastante perceptíveis.  O foco da set como seria de esperar era o trabalho mais recente “The Burning Cold” de onde além dos dois temas que abriram o concerto, saíram músicas como “Be the Sky”, “Over the Battlefield”, e, “Refining Fire”. A banda foi também passando por outros momentos da carreira com a excelente sequência de  “New Dynamic”, “Frontiers” e “Soul Journeys”. Houve depois espaço para uma boa surpresa com uma cover da excelente “Crystal Mountain” dos Death, diga-se muito bem executada. O tema mais antigo que a banda tocou acabou por ser “Nail” de “The Redshift”, terminando a actuação com “The Unknowing”. Ficaram a faltar os aplausos no fim, fruto da situação bizarra que o mundo vive actualmente, mas tudo o resto esteve lá. A banda nunca entrou em piloto automático e Jukka ia-se metendo com os vários elementos da banda nos momentos instrumentais, chegando a saltar para o local onde estaria o público em “Refining Fire”. O vocalista também nunca deixou de ir comunicando entre músicas.

Os Insomnium lançaram o ano passado “Heart like a Grave”, e foi com “Valediction” e “Pale Morning Star” dois temas do novo álbum que iniciaram a sua actuação. A fome de tocar com que se apresentaram foi a mesma dos seus compatriotas (nota para que o guitarrista Markus Vanhala faz parte das duas bandas), como diria a certa altura o vocalista e baixista Niilo Sevänen, a banda queria mesmo poder continuar a tocar e não desiste facilmente. A setlist deste concerto foi construída com base numa votação dos fãs da banda finlandesa, consistindo dos 10 temas mais votados. O resultado foi uma viagem por um pouco de toda a carreira dos Insomnium, desde temas como a grande “The Killjoy” e a menos tocada “In the Groves of Death”. Pelo meio houve ainda espaço para “Down With the Sun”, “One for Sorrow” e “Ephemeral”. O som continuava bom e perceptível, com os elementos da banda a manterem uma actuação dinâmica, quer na interacção entre eles como com o “público” ou as cameras neste caso, Niilo Sevänen ia gritando o típico “hey, hey”, e depois de “Ephemeral” afirmou que conseguia sentir o entusiasmo de quem estava a assistir, o que levou a ouvirem-se alguns risos dos técnicos presentes. Para o fim ficou “While We Sleep” a música de longe mais votada pelos fãs, e um dos grandes momentos do concerto. Quando pude ver os Insomnium no VOA 2017, esta foi de longe a música mais bem acolhida pelo público, com gente a saltar e a cantar com a banda, e era fácil imaginar que o mesmo poderia estar a acontecer nesta situação. A despedida ficou a cargo do tema título do novo álbum “Heart Like a Grave”.

Muitas têm sido as discussões sobre os impactos temporários ou permanentes que a situação actual vai ter no mundo da música e especialmente na forma como se ouvem concertos. Uma questão muito ouvida é se isto será um novo normal ou o futuro, em que o destaque passa para streaming em vez de ter uma sala cheia de gente. O que posso dizer é que a experiência foi interessante e as bandas fizeram esta noite diferente funcionar, mas o facto é que não houve um único momento em que eu não preferisse estar presente na sala de espectáculos com a banda. Sim pode ser muito confortável estar no sofá, mas existe algo de especial em ter os músicos das bandas que apreciamos fisicamente a nossa frente, sentir no peito a vibração de sai das colunas, e partilhar aqueles momentos com algumas dezenas, centenas ou milhares de pessoas dependendo da dimensão do concerto. Não me parece que isso desapareça, mas para o momento que vivemos e as alternativas que temos esta foi uma óptima forma de duas bandas não desistirem de tocar, e obviamente dos fãs as poderem apoiar num período difícil, e no fim das contas valeu bem o preço do bilhete.

Texto por Filipe Ferreira


 

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