Report

WOM Report – Atilla, Veil Of Maya, Sylar, HoChiMinh @ RCA Club, Lisboa – 16.12.20

Para muitos fãs de “metalcore” a premissa era excelente. Pela primeira vez em Portugal 3 grandes bandas norte-americanas, os Attila, acompanhados de Veil of Maya e Sylar. Colocaram-se à estrada para apresentação mundial dos seus últimos álbuns. Aos concertos de Lisboa e Porto também se juntou a banda portuguesa HochiminH. A World of Metal esteve presente para o concerto de 16 de Dezembro no RCA em Lisboa.

A primeira banda a entrar em palco foram os alentejanos HoChiMinH, que avisaram que seria curto o concerto, mas que estavam todos convidados a pular e a moshar, como de costume. A banda, mesmo tendo estado no Porto na noite anterior, e dado um concerto também cheio de adrenalina e entusiasmo, tanto por parte da banda como do público, não baixou o nível e, mais uma vez provam porque são verdadeiramente máquinas demolidoras em palco, entrando em modo de rolo compressor e descarregado com grande carga adrenalínica o seu último trabalho, o EP “Ashes”, para gáudio do presentes. Pelo meio muito mosh e stage diving e, parecendo que se está a tornar habitual, lá foi carregado em mãos pelo meio do público o vocalista Skatro. Tempo para umas palavras com o pessoal, ou não fosse esta a atitude normal do vocalista da banda, deixando algumas pérolas de sabedoria que suspeitamos ser lá dos Algarves, não repetíveis aqui, dado serem um pouco literais e verniculares e foi dando ainda umas piadas para descontrair a malta.

No meio desta prestação deram um mimo aos presentes, tocando a canção “Scars”, que pertence ao álbum que está na calha para sair, o “This Is Hell”, conforme informado pela banda. De dizer que esta prestação foi tocada com muita alma por parte dos HochiminH e com berros de estremecer por parte do vocalista, cada vez mais apurados e sentindo-se que estão desejosos  e ansiosos por trazer aos palcos este novo trabalho. Também nós! Ainda tempo para um pequeno percalço técnico no tema de encerramento da prestação o “Alive”, rapidamente resolvido com muito humor à alentejano e para alegria do público, que ainda ganhou mais uns minutos com eles em palco. Despediram-se com um “até breve”, pediram um pouco mais de paciência pelo álbum que há-de vir e deixaram a dica para recebermos bem os americanos que iriam entrar a seguir.

Os senhores que se seguiram foram os Sylar, banda que faz parte do movimento Hardcore de Nova York, nos E.U.A. e que está na estrada para apresentar o seu último trabalho, o álbum “Seasons”. na noite anterior e dado que estive presente houve muita animação logo de início, dado que a maior parte do público conhecia a banda. O começo em Lisboa foi um tanto morno, dado que a maior parte não estava familiarizada com a banda, mas o vocalista Jayden Panesso depressa tratou de animar as hostes e falando com o público, lá foi perguntando quem conhecia a banda e se alguém já os tinha visto ao vivo.

A malta depressa aqueceu com os incitamentos da banda e, após o gelo quebrado, houve muita animação no pit. Panesso a cada tema desafiava o pessoal e incitava ao mosh e a malta respondia com mais umas voltas malucas  e subidas ao palco. Certamente alguns do público não se fizeram rogados e a banda visitou temas de álbuns anteriores, tanto de “To Whom It May Concern” como de “Help!”.  Ainda conseguiram na meia hora de que dispunham (mais ou menos) passar por temas do novo álbum “Seasons”. Certo que não terá sido um concerto com situações que se possam assinalar ou destacar, mas a animação foi geral e a banda despediu-se com uma vontade enorme de regressar ao nosso país.

E eis que chegam “os senhores que se seguem”: Veil Of Maya, banda muitíssimo esperada pelo público, arriscando-me a dizer que seriam os mais ansiados da noite, e ultrapassando mesmo os Attila, dado que a maior parte das conversas antes do concerto eram sobre eles. Ovação enorme quando entraram, tendo o seu vocalista Lukas se dirigido ao publico, falando do concerto do dia anterior e se seria superado em Lisboa. Com o desafio lançado, o que se passou a seguir foi um show de circle pit, stage dive e mosh e da parte da banda uma entrega total em fazer daquela noite, a última da digressão, uma noite memorável para eles e para todos os que se encontravam ali.

Tecnicamente fortes, com o guitarrista Okubi, que não deu descanso aos dedos e incitava a malta, passando por Hauser, que tanta vez largava as mãos do seu potente baixo e pedia com as mãos que pulassem e assediava o público, colocando várias vezes a língua de fora e ainda teve tempo para dar show de contorcionismo. Lukas misturava-se quase com o público, e muitas vezes ia apontando o seu microfone para que a malta desse uns valentes berros, para euforia de todos. Às tantas o microfone nem deu, mas a situação foi controlada.

Um concerto de arromba, digno de figurar no registo dos Veil of Maya como uma noite apoteótica e caótica, mas que soube mesmo a pouco, dado que nos trinta e tal minutos que tocaram visitaram os álbuns “Matriarch” e “False Idol”, mas, o que levou a malta ao delírio, foi mesmo o single lançado ainda neste ano de 2019, “Members Only”, cantado em uníssono pelo pessoal, eu incluída e que fará parte do álbum que está na calha para sair. A banda terminou a sua prestação também com a promessa de um regresso, neste caso já com o futuro álbum e agradeceram imenso a hospitalidade portuguesa, da qual não se esquecerão.

E assim chegando a vez dos “peso pesados” dos Attila, que vinham de um concerto estrondoso no Porto, na noite anterior, e que mal entraram em palco, Chris, seu vocalista, colocou logo todos à vontade, indicando que nos seus concertos as regras que existiam era: “não há regras”. Convidou desde logo as subidas ao palco, pediu que todos se respeitassem e que se vissem alguém a subir e a atirarem-se que os segurassem. Colocou o desafio para que esta fosse a melhor noite da digressão e que era connosco que iria fazer a festa de encerramento. Daí, atiraram com “Proving Grounds” logo de início, para gáudio dos presentes.  Muito stage dive por parte do pessoal, que esteve incansável, para delírio do vocalista, que, satisfeito com toda esta prestação, teve sempre tempo de humor com o público. Dedicou também o tema “Queen” às mulheres presentes, às quais pediu que se fizessem ouvir.

Tocaram temas mais antigos, que se cantavam com a banda, mas, entretanto foi tempo de passar à apresentação do novo álbum o “Villain”, tocando logo de início o tema-título seguido de outros retirados do mesmo trabalho. Muita conversa com o público, falando que era a primeira vez no país, que gostou da gastronomia e ainda teve tempo para que um grupo de pessoal cantasse a lenga lenga  “óh zé trás o vinho” e o Chris ria-se e dizia “come on sing it, motherf*ckers, sing it”, provando assim que é um tipo à maneira e sempre disposto à diversão. O momento da noite para mim foi o tocar com grande sentimento o tema “SubHuman”. Houve ainda tempo para todos colocarem os seus telemóveis para fora e iluminarem o espaço, à maneira de velas falsas, dando um ar encantador à sala, quase digno de filme, com aquele ambiente a meia luz.

Revelou que era o concerto de encerramento da digressão, que era o último da década e que era danado para “Party’s”, questionou o público se estavam dispostos a partir a casa toda com ele, tendo por reposta um uníssono “YES” e foi o mote para “Party With the Devil” e até Chris foi engolido pelo pessoal, que depressa o carregou nas mãos para um belo crowdsurf, vendo-se a alegria estampada no rosto dele e que, quando voltou ao palco, vinha de energia renovada e até questionou o que queríamos que ele nos cantasse e acabou por escolher o tema “Payback”.  Mais uma vez dirigindo-se ao público falou das relações complicadas que existem nas nossas vidas e acabou por despachar o tema “Toxic” em jeito de rebeldia e após esta prestação a banda saiu de palco.

Muitos gritos de chamada para regressarem e assim que regressam, Chris pergunta o que era aquilo que andava pelo chão.. Ora… durante o concerto apareceu uma mala térmica, que a malta deduziu logo que continha pizzas e claro, eram mesmo pizzas. Mais uma vez, como tradição, o vocalista falou mal do ananás nas pizzas e, com grande gesto teatral jogou a pizza para o ar e para o público, dando azo a que tocassem o tema ansiado por todos, o “Pizza”, terminado a festa de uma forma apoteótica e catártica, deixando na boca do público um gostinho amargo porque já não havia mais, mas nós também já só sonhamos com o próximo.

Tempo para parar e falar connosco uma última vez. Agradeceu efusivamente a recepção, dizendo que realmente nós sabíamos como fazer festa e fez algo que não fez em toda a digressão. Em jeito de agradecimento jogou-se palhetas e baquetes da banda para o público, mas a surpresa estava reservada para o casaco que Chris envergava, que prontamente despiu e, dizendo que como estava tão agradado com a noite, o iria oferecer ao fã que o apanhasse e assim foi, atirou-o ao ar e assim que chegou perto do chão foi prontamente agarrado por um fã, que ficou com ele e que certamente estará neste momento muito feliz por usar algo que o vocalista da banda usou. A banda prometeu regressar num futuro próximo e assim foi dada por terminada a noite.

Texto e fotos por Sabena Costa
Agradecimentos Head Up! Shows


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