WOM Cartas de Vinil – O Ano Novo ou a vida ao som da música
Por Rosa Soares
E eis que chegamos a um novo ano, que é também uma nova década. Fazem-se balanços do que foi e planos para o que há-de vir, promessas para o futuro… Eu não gosto de balanços nem de planos. Fazer balanços significa (para mim) terminar algo, fechar ciclos. Elaborar planos é criar expectativas e com elas, ansiedade… Não gosto de fazer balanços – a vida não é um processo contabilístico, onde se inventaria o que entrou e o que saiu. Planos… como diz Robert Plant “Sometimes you don’t run your own life, it runs itself”.
A vida é como a música: com ensaios, gravações em estúdio, actuações ao vivo, mudanças de elementos, aquisição de instrumentos novos, gravação de um novo álbum, reedição de outros e alguns com edição limitada, afinações e desafinações.
A vida é como os discos de vinil que tocam nas nossas casas: uns tocam mais do que outros consoante o nosso gosto ou disposição, todos têm um lado A e um lado B e às vezes é no lado B que está o tema preferido, às vezes têm riscos que se têm de limpar senão a agulha fica ali e não sai do sítio, têm de ser tratados com cuidado para durarem “uma vida”, uns, gostamos de ouvir sozinhos, mas há outros que gostamos de partilhar, todos têm uma capa, que em alguns casos é tão bonita que preferíamos ter ficado pela sua visão e não ter ouvido a música que contém, mas que em todos os casos serve para proteger o conteúdo, que pode ser um tesouro, uma bela surpresa ou uma desilusão.
E é por isso que não faço balanços nem planos. Porque a vida gira de um lado e de outro, ao som dos instrumentos tocados pelos músicos que a compõem. Limpamos os riscos que aparecem e o pó da agulha, e esperamos que o som não tenha sofrido muitas alterações. E ao fim de cada audição, arrumamos cada disco na sua capa e colocamos, com cuidado, na prateleira, até o voltarmos a retirar, para voltarmos a limpar e a ouvir. Ao fim de cada ensaio, arrumamos os instrumentos até ao próximo encontro onde vamos reafinar, criar novas melodias, corrigir tempos e contratempos.
Ao fim de um novo álbum, festejamos (ou não) e pensamos, sempre, no próximo, naquele que vai ser diferente, onde vamos experimentar coisas novas.
E é assim, entre os dois lados de um vinil, ouvidos entre ensaios, que vamos gravando os álbuns da nossa vida e sentindo emoções.
Muito e Bom Rock e Metal para todos, que é como eu digo Bom Ano Novo!
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