WOM Reviews – Mercic / Vaisseau / Juice Oh Yeah / Folian / Lemurian Folk Songs / Project: Nada / Slow Soak / Luna13
WOM Reviews – Mercic / Vaisseau / Juice Oh Yeah / Folian / Lemurian Folk Songs / Project: Nada / Slow Soak / Luna13
Mercic – “Mercic_6_2020”
2020 – Edição de Autor
Mercic é um nome que continua a lutar pelo seu espaço na cena nacional. A genialidade do seu mentor está mais uma vez presente em “Mercic 6 2020”. Uma seleção de samples exemplar e adequada, vai abrindo as portas para riffs fortes, criando um ambiente, com todos os ingredientes sonoros do género, tudo com peso, conta e medida, fazendo deste disco mais um passo à frente na carreira de Mercic, a precisar que definitivamente os holofotes se virem para aquilo que é o trabalho de Carlos Maldito.
A abordagem aos tempos atuais é feita sem qualquer subterfúgio. “Fear Takes Control” e “They Cover Your Ears”, são um excelente exemplo disso mesmo.
Falta a Mercic uma produção que lhe dê outra força, e que consiga fazer brilhar ainda mais as ideias de composição existentes. É nacional e é mais um produto cheio de qualidade!
10/10
Miguel Correia
Vaisseau – “Horrors Waiting In Line”
2020 – Totem Cat Records
Vintage stuff. Mas não, não é rock psicadélico, embora ainda tenha o seu quê de psicadelismo. Vamos apontar baterias para a década de setenta e oitenta (no seu início) e pensar em filmes de terror onde a banda sonora era composta por peças de sintetizador às quais era impossível de ficar indiferente. É esse mesmo o cenário perfeito para enquadrar “Horrors Waiting In Line”. Claro que podemos sempre nos queixar de não ter guitarras – que até que ficariam a matar nalguns destes temas – mas a verdade é que assim mesmo, sem mais nada a não ser sintetizadores, a coisa resulta de forma perfeita. Vício inesperado.
8.5/10
Fernando Ferreira
Juice Oh Yeah – “Juice Oh Yeah”
2020 – [addicted label]
A coisa fantástica de termos segundos álbuns que nos parecem ser os primeiros (seja pela banda ter ficado demasiado tempo inactiva ou simplesmente por não termos apanhado a estreia) é o sentir uma lufadada de ar fresco quando cada vez é mais difícil isso acontecer. Claro que independentemente do número de álbuns, a parte mesmo importante é a música ser algo diferente. Neste caso, uma espécie de rock psicadélico, algo progressiva e até com requintes de world music. Ora se estão fartos de estar sempre parados no mesmo sítio, porque não viajar até outro mundo completamente diferente? Os russos Juice Oh Yeah não vão desiludir neste objectivo.
8.5/10
Fernando Ferreira
Folian – “Blue Mirror”
2020 – Anima Recordings
Sempre tive a sensação de que a música, uma das poucas linguagens universais, é a solução para qualquer tipo de problema. “Blue Mirror” vem dar razão a este ponto de vista. Primeiro, é capaz de retirar qualquer tipo de tensão do corpo e, em casos mais extremos, até acabar com as insónias. Esta one-man band por parte de David Fulstra estreia-se com uma obra que nos dá uma mistura entre o ambient e o chill out e o rock. Mas sem muito rock. Haverá dificuldade para conseguir apreciar isto para quem gosta da metalada pura e dura mas o facto é que numa altura em que o stress parece ser incomportável e nos encontramos cada vez mais divididos, é bastante tentador deixar-nos ir nesta corrente. Nunca esta paz foi assim tão tentadora.
8.5/10
Fernando Ferreira
Lemurian Folk Songs – “Logos”
2020 – Tonzonen Records
Quando o mundo está prestes a arder, quando não aguentamos com estarmos em casa, com os comentários idiotas do Facebook e Twitter ou até com o calor, nada como pegar neste trabalho dos Lemurian Folk Songs e deixar-nos ir. Olhos fechados e mente aberta e disponível para irmos para outro mundo. “Logos” vai facilitar isso, com uma mistura entre pós-punk e o som mais chilled do indie ou até mesmo do stoner. Isto porque os temas longos acabam por ser jams que nos fazem abstrair. Nos dias que correm, o que precisamos é mesmo de abstracção.
7.5/10
Fernando Ferreira
Project: Nada – “After Us…”
2020 – Edição de Autor
Finalmente a estreia do álbum dos Project: Nada, que surge quatro anos após o EP de estreia. A banda surge como talvez desconhecida por muitos sendo que a sua sonoridade não é propriamente explosiva. Para quem gosta de rock mais cerebral e, porque não dizer, experimental. A sonoridade é um bocado crua mas não deixa de ser eficaz para marcar pela diferença. No fundo não é um som bonito e simpático para ser absorvido pela multidão – mesmo que fosse não era garantido que surtisse efeito, afinal estamos em Portugal onde tudo é cultura menos música. É desafiador e um regresso a um espírito inconformista da década de noventa – isto dentro do rock, claro – ora cantado em português, ora cantado em inglês. Recomenda-se para quem gostar de sair fora da caixa. Destaque para a cover meio punk da “O Que Faz Falta”, de Zeca Afonso.
7/10
Fernando Ferreira
Slow Soak – “Mostly Fine”
2020 – Waterfall Of Colours
Suave. É uma descrição manhosa. E preguiçosa mas é real. Es EP dos Slow Soak soa mesmo bem quando se está mergulhado num estado de inércia devido ao calor e a se ter comido que nem um alarve ao almoço. O que neste caso concreto dificultou imenso escrever esta review porque é uma altura em que tudo o que se tinha pensado em dizer desaparece. Estar a ouvir “Mostly Fine” mais uma vez também não ajuda ao esclarecimento. O rock indie da banda é mesmo boa onda. Talvez falhe em fazer ferver o sangue. O que é bom, porque nesta altura até estaria em risco de se me parar a digestão. Não será para todos nem para qualquer momento mas se querem relaxar quando não vos apetece fazer nada, excelente banda sonora.
6.5/10
Fernando Ferreira
Luna13 – “Wicked Gods”
2020 – Edição de Autor
Com que então, “Black Bass Metal”, não é? E com esta dá vontade de fechar a loja e dizer, “é oficial, já vi tudo, posso reformar-me”. Bem, na prática o que isto representa é uma espécie de metal industrial experimental com algumas passagens mais abrasivas mas fortemente apoiado em elementos electrónicos em conjugação de uma batida (parece programada) e um baixo distorcido. Gostando de ser surpreendido por coisas experimentais, há por aqui coisas interessantes mas no geral acaba por chatear, infelizmente, e tornando-se até algo datado na sua abordagem ao industrial, fazendo lembrar algumas das coisas feitas algures no início do século, onde os recursos eram bem inferiores aos actuais.
5/10
Fernando Ferreira