WOM Reviews – V/Haze Miasma / Ryte / Gorilla / The Nest / The Black Legacy / Muscipula / Lord Vigo / Yesterday I Lived
WOM Reviews – V/Haze Miasma / Ryte / Gorilla / The Nest / The Black Legacy / Muscipula / Lord Vigo / Yesterday I Lived
V/Haze Miasma – “Agenda: Endure”
2020 – Edição de Autor
Dá-me ideia que hoje em dia vale tudo na hora de baptizar uma banda. Pior, que por vezes o desafio é até arranjar forma de ser o mais difícil possível a memorizar. Sem ter bem a certeza como se diz o nome, lá avancei e até poderia dizer que depois de ouvir a música, as dificuldades em saber dizer o nome deixaram de pesar (é sempre fácil no mundo digital, mas nem sempre vivemos fora das quatro linhas limitadoras do nosso ecrã, certo?). Foi o contrário porque o impacto foi tão bom que torna-se difícil querer dizer a alguém sem começar como “são os coiso). Musicalmente entre o doom, pós-metal e o black, “Agenda: Endure” é um trabalho com inúmeras nuances e com vitalidade suficiente para nos deixar em modo repeat. Ad aeternum.
9/10
Fernando Ferreira
Ryte – “Ryte”
2020 – Heavy Psych Sounds
Estreia fantástica dos Ryte para quem gosta da mistura entre o stoner/proto-doom rock e as sonoridades mais psicadélicas e progressivas – e por progressivo fiquem pela capacidade de nos meterem a viajar na maionese graças ao espírito de longas jams que temos por aqui. Apesar de ser composto apenas por longas músicas, não é um trabalho aborrecido. Muito pelo contrário. A forma como nos faz perder, até faz sentir que os estamos a ver ao vivo (de olhos fechados, claro, porque neste momento de olhos abertos só vemos as quatro paredes à nossa volta). E ao vivo esta sensação até deve ser multiplicada por mil. Apesar de não ser, tecnicamente, um álbum instrumental, é sentido assim porque a voz quando surge, é mesmo para dar um bocado de toque extra à restante instrumentação. Que vício.
9/10
Fernando Ferreira
Gorilla – “Rock Our Souls”
2007/2020 – Go Down Records
Como já disse (e já foi dito por muitos outros), certas coisas não envelhecem, apenas ficam melhores com a idade. É o caso deste “Rock Our Souls”, que nos traz um grande groove que podemos encaixar dentro do stoner e com uma abordagem mais crua, em alguns momentos a lembrar até Motörhead. Tem um encanto muito especial pela forma descomprometida com que se apresenta, sendo uma reedição mais que recomenda para quem rockar sem grandes complicações – até que para o efeito, não é preciso mais mesmo. Se o som dos álbuns é por vezes motivo para que encontremos penalizações na nossa apreciação, aqui esse factor primitivo até ajuda a que seja tão valorizado.
8.5/10
Fernando Ferreira
The Nest – “Ad Astra”
2020 – Inverse Records
Ninguém diria que os Ad Astra são finladeses, com um som que stoner destes. E daí. Este stoner surge com uma classe e um requinte tão evidenciados que só poderiam ser finlandeses. A grande arma é mesmo a voz de Sally Armbrecht que tem um tom envolvente e quente que faz com que a qualidade deste trabalho se eleve para um nível completamente novo. Por ser novo, custa a entrar, confesso, mas nada que algumas audições e alguma insistência não ajude.
8/10
Fernando Ferreira
The Black Legacy – “Black Flower”
2020 – Argonauta Records
“Rock on, com alma”, é a mensagem que os italianos The Black Legacy querem passar e conseguem-no fazer com excelência. Groove à bela maneira stoner mas mais próximo do hard rock ou southern rock musculado do que propriamente do doom, faz com que se tenha aqui a banda sonora ideal para o Verão, quando o calor apertar – já sabemos que isto ultimamente nem o Verão é certo. “Black Flower” faz com que todos os detalhes (os mencionados e os que ficaram por mencionar) nos passem ao lado. Para um álbum de estreia, é bem sólido e forte. Excelente forma de iniciar a carreira.
8/10
Fernando Ferreira
Muscipula – “Little Chasm Of Horrors”
2020 – Caligari Records
Mesmo sem ser sludge, esta demo de estreia dos Muscipula merecia o rótulo, só pela forma suja e javarda com que se apresenta aqui. Tem tanta lama esta produção que durante a audição que lhe dediquei tive que ir buscar equipamento de motocross, com tanta lama que levei na fronha. Três temas, do mais cavernoso possível e com algumas notas interessantes em termos de riffs, deixando a curiosidade em aberto para próximos lançamentos. Se se mantiver com este nível, poderemos ter aqui qualqer coisa.
7.5/10
Fernando Ferreira
Lord Vigo – “Danse De Noir”
2020 – High Roller Records
Quebrando o ritmo de um álbum por ano (estiveram em branco no ano passado), os alemães Lord Vigo regressam com o terceiro e dentro do estilo que já era expectável: o bom e velho doom metal a recuperar aquele feeling da década de oitenta, quando o imaginário heavy metal era uma grande parte do componente do produto final. E são os fãs destes o seu principal alvo, com um fraquinho por filmes de terror, onde se insere o imaginário da banda. Esse carinho por tempos idos acaba por se sobrepor a tudo o resto, fazendo-nos esquecer algumas imperfeições (produção sobretudo) que encontraríamos se estivessemos a ser picuinhas. Quando há feeling, tudo o resto é relativo.
7/10
Fernando Ferreira
Yesterday I Lived – “Yesterday I Lived”
2020 – Edição de Autor
Estreias. São sempre misteriosas as estreias. Expectativas zero, não sabemos o que se vai esperar (a não ser que tenhamos nomes conhecidos, aí podemos ter expectativas e normalmente são erradas). Esta estreia auto-intitulada adiciona ao mistério o facto de não sabermos nada sobre ti. Se é uma one-man band (o que desconfio) se é uma banda, com quantos membros, etc. Assim sendo, só resta a música. Teria muitos pontos onde poderia implicar. Produção algo tosca e caseira, bateria programada (assim parece), andamento letárgico (o perigo do doom é que de vez em quando poderá acabar com as insónias) e temas longos. Curiosamente, estas coisas todas más até resultam de forma positiva, porque o potencial está tudo cá, com uma outra forma e outras condições, o impacto seria muito superior. Fico com curiosidade para ver os próximos capítulos.
6.5/10
Fernando Ferreira