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WOM Reviews – Helioss / Hinayana / Sinistral King / Anamnesi / Greybeard / The Big Jazz Duo / The Lightbringer / Bishop Of Hexen

WOM Reviews – Helioss / Hinayana / Sinistral King / Anamnesi / Greybeard / The Big Jazz Duo / The Lightbringer / Bishop Of Hexen

Helioss – “Devenir Le Soleil”

2020 – Satanath Records

Os franceses Helioss eram-me desconhecidos (e como eles tantos outros), o que é bom, porque desta forma e perante este vasto mundo do metal, estou a ser constante surpreendido. Pela positva. Dizer que eles tocam um black/death metal melódico e sinfónico talvez os coloque num pobnto em que se pense “então, isso não é surpresa nenhuma”. E não, o estilo em si, não é surpresa e a forma como apresentam também não é propriamente original. Há, contudo, algo que fica normalmente esquecido destas contas – identidade. Exactamente, a banda apresenta uma identidade própria (onde não se exclui as suas influências mas isso já é outra questão) que nos consegue cativar sem grandes dificuldades. E não há nada melhor que temos uma banda que não conhecemos de lado nenhum e conquista-nos à primera. Para quem gosta de melodia sinfónica a par de brutalidade metálica, recomendado.

9/10
Fernando Ferreira

Hinayana – “Death Of The Cosmic”

2020 – Napalm Records

Mistura bombástica entre o death e o doom metal melódico que nos trazem resultados mesmo memoráveis. A banda estreia-se pela Napalm Records com este EP. Poderá não ser a forma de apresentação mais bombástica mas definitivamente que serve para apresentar a banda ao seu público assim como também atrair uma série de novos fãs. Equilíbrio sóbrio entre a brutalidade e a melodia – a fazer lembrar (e por fazer lembrar, entenda-se que não temos riffs ou passagens semelhantes, apenas atmosferas e ambiências do mesmo estilo) Agalloch e Godgory. Para rodar constantemente.

9/10
Fernando Ferreira

Sinistral King – “Serpent Uncoiling”

2020 – Vendetta Records

Pouca informação há sobre este trio para lá do facto de ser um banda que conta com membros da Suiça, da Noruega e da Alemanha. Os mesmos “ocupam vagas” em Triumph of Death – aquilo que o Tom G. Warrior criou para tocar os hinos de Hellhammer – Unlight e Vredehammer. Não são, portanto, músicos sem noção daquilo que fazem, ou limitados a A ou B. O som de Sinistral King é bastante cheio e pomposo – tão pomposo quanto o Black Metal “permite” que seja. Coros operáticos, um som de bateria imenso, enorme, limpo. Este “Serpent Uncoling” segue a linha dos grandes álbuns de Black Metal dos anos recentes a nível de produção essencialmente. Rotting Christ vem-me, assim de repente, à ideia. Aquele som que podemos, também, associar a Septic Flesh. Não vive de ritmos exageradamente acelerados ou agressivos, mas sim de composições densas e… pomposas. Um ritmo mid-pace na generalidade, dando-lhe um balanço muito forte. Mostra que velocidade não traz, obrigatoriamente, musicalidade. 5 malhas bastante longa, passando todas a casa dos 5 minutos. “Nahemoth” e a sua “pausa” para o momento mais calmo e solene, para logo de seguida arrancar com um riff Black Metal que, por sua vez, segue para um solo, que encaixa na perfeição no momento, seguido de um outro solo, quase Heavy Metal Tradicional. Há aqui muita atenção ao detalhe e aos pequenos pormenores musicais que vão preencher vazios. Se bem que não há vazios, não há aquela ideia de que “falta aqui A ou B”! Não. A banda consegue criar uma teia que torna as malhas em pequenos épicos! Mas a mesma não esquece as raizes que deram origem àquilo que a banda é: Black Metal. “Isheth Zenunim”, com o seu início claramente assente num Black Metal agressivo e áspero, que contrabalança muito bem com as mudanças de ritmo e dinâmica que apresenta. A banda joga muito bem com estes dois estados,s e assim os posso descrever: a aspereza do Black Metal mais furioso, e os momentos em que toda uma calma e melodia tomam as rédeas. Há um recurso a solos, algo pouco usual no Black Metal – que eu escuto – pelo que kudos por tal. O recurso a coros com o forma de tornar o som ainda mais cheio e pomposo, resulta muito bem, dando uma aura imensa à composição. O encerro do álbum e as orquestrações – quase – operáticas assumem o poder e controlo da composição. A bateria, meus senhores, está mais uma vez imensa. Que trabalho de pés, que ritmo, de balanço e que groove – pesado, claro – que o mesmo impõe. Mais coros operáticos eheheh não soubesse as nacionalidades dos músicos, apontaria a agulha para a Grécia, sem dúvida alguma. No geral, um trabalho de Black Metal que agradará a todos aqueles que gostam de temas épicos, assentes em orquestrações imensas, com músicos que não receiam demonstrar as suas capacidades técnicas. P.s.: o último tema, “Where Nothingness Precedes Cosmos”, é a perfeita representação do som que estes Sinistral King fazem.

8/10
Daniel Pinheiro

Anamnesi – “Caurus”

2020 – Dusktone

A one-man band Anamnesi está de volta para o nosso tipo favorito de black (death) metal melódico. Aquele onde se consegue resistir à tentação de se deixar ir no uso dos teclados e foca-se mais na força bruta, sem esquecer obviamente a melodia. A sobriedade está bem presente e ao quinto álbum, Anamnesi (o músico) demonstra que apesar de ter umas duzentas bandas/projectos, isso não faz com que a criatividade esteja em falta. Pelo menos aqui, que é o trabalho que estamos a analisar. Recomendado.

8/10
Fernando Ferreira

Greybeard – “Oracle”

2020 – Edição de Autor

Impressionante estreia dos canadianos Greybeard. A sua sonoridade é um bocado old school, a fazer lembrar as propostas mais aventureiras de death metal e que hoje facilmente classificariamos como death metal melódico numa altura em que o termo não era propriamente popular. A vertente progressiva também não pode ser esquecida, assim como também a sua sobriedade. Acaba por ser essa sobriedade o principal problema. Ao percorrermos “Oracle” diversas vezes, não conseguimos encontrar propriamente um ponto de destaque embora não fiquemos em algum momento a pensar que se está perante um mau álbum. Após uma série de Eps, este trabalho de estreia acaba por ser a conclusão natural, mas deve ser visto apenas como o início da materialização do seu talento, que é evidente.

7.5/10
Fernando Ferreira

The Big Jazz Duo – “Samael”

2020 – Edição de Autor

The Big Jazz Duo traz-nos… não, não é jazz, mas death metal moderno cheio de contornos sinfónicos e orquestrais. Este EP é um luxo pela forma como que junta a violência metálica e a extravaganza sinfónica. Nada que não tenhamos ouvido antes – aliás, há por aqui momentos que nos fazem lembrar Septicflesh – mas que soa bem, ainda que por vezes se sinta um exagerado número de breakdowns. Ainda assim, bem agradável de se ouvir.

7/10 
Fernando Ferreira

The Lightbringer – “From The Void To Existence”

2020 – Edição de Autor

Este EP é estranho. Não em termos de som (black metal melódico e bastante assente na sonoridade gótica) mas em termos de apresentação, mas não sei se a mesma está confinada à minha cópia promocional. Temos dez faixas, a maior parte delas curtas que acaba em fade out e na faixa seguinte, começa com um fade in, com segundos antes da anterior. Como experiência de ouvir a obra como um todo – porque há quem ainda faça isso e eu sou uma dessas pessoas – é como se estivessemos sempre a ser interrompidos e depois voltássemos um pouco atrás para termos a certeza que não perdemos nada. Isto só se passa nas primeiras oito faixas (que poderia muito bem ter sido apresentada como uma só faixa) enquanto as duas finais (uma delas, uma cover instrumental, de Kitaro) já se apresentam de outra forma. Esta decisão é estranha e que se revela infeliz já que torna mais difícil apreciar grande parte deste EP. É pena porque é uma obra que merece ser apreciada do início ao fim.

5/10
Fernando Ferreira

Bishop Of Hexen – “The Death Masquerade”

2020 – Dusktone

Com a passagem do tempo é normal nós romantizarmos o que ficou para trás. No caso da música, aquilo que nos enjoou no passado pode voltar a parecer apetecível num futuro mais ou menos próximo. Caso concreto, o black metal sinfónico/melódico. O grande problema era a forma genérica como as músicas e as bandas se copiavam umas às outras. Até mesmo as referências que foram descambando ou começaram a deixar de nos impressionar. Os isrealitas Bishop Of Hexen não chegaram a ser uma dessas referências e o seu ritmo editorial também não chegou a ser daqueles que tentava a todo o custo mamar na teta da moda (estreia em 1997 e segundo álbum em 2006), mas este terceiro álbum, que surge já quando o estilo (como atractivo comercial) está completamente moribundo, mostra exactamente o porquê deste estado de coisas. Sem ter propriamente uma má música, também não tem nenhuma que se sobressaia. Seja naquilo que já fizeram, seja naquilo que toda a gente já fez, seja no próprio álbum. É tudo uniformizado e demasiado genérico. Os temas longos também não ajudam e um certo aborrecimento se instala mais cedo do que se desejaria conforme vamos ouvindo. Recomendado unicamente para os fãs do black metal melódico e sinfónico.

6/10
Fernando Ferreira

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