WOM Reviews – Rikard Sjöblom’s Gungfly / Derek Sherinian / Obsidian Kingdom / Arcadian Child / Hey Colossus / Black Fate / Blackberries
WOM Reviews – Rikard Sjöblom’s Gungfly / Derek Sherinian / Obsidian Kingdom / Arcadian Child / Hey Colossus / Black Fate / Blackberries
Rikard Sjöblom’s Gungfly – “Alone Together”
2020 – InsideOut Music
Rikard Sjöblom é um nome de excelência dentro do rock progressivo, conhecido pela participação nos Beardfish e nos Big Big Train mas também por este seu projecto pessoal (onde tem a colaboração de Petter e Rasmus Diamant, na bateria e baixo, respectivamente), Gungfly, que aqui embarca num som mesmo old school, a piscar o olho directamente ao rock progressivo da década de setenta, onde o rock clássico também é misturado aqui pelo meio. È esse o melhor termo que nos ocorre para descrever, clássico. Mas a parte surpreendente é embora as suas influências sejam bastante reconhecíveis e bastante claras, elas ajudam a criar algo completamente novo. Algo que poderia chamar de música déjà vú, aquela que ouvimos pela primeira vez com gosto e satisfação como se fosse o reencontrar de algo marcante da nossa vivência. Muito mais desafiante do que à partida se espera, “Alone Together” é, tal como o título, uma ironia fabulosa, pela forma como conseguimos ligar-nos a algo novo que poderia ter sido feito à quarenta anos e teria o mesmo poder. Poder imenso, acrescente-se.
9/10
Fernando Ferreira
Derek Sherinian – “The Phoenix”
2020 – InsideOut Music
O mestre das teclas está de volta. Apesar dos álbuns de teclistas não ser propriamente algo que um fã das guitarras possa apreciar, no caso de Sherinian, isso não está em causa. Não só o seu estilo evidencia também influências de guitarristas como ele gosta de andar muito bem acompanhado nesse departamento. “The Phoenix” não é excepção e temos aqui a participação de nomes como Bumblefoot, Steve Vai, Kiko Loureiro (que participa na faixa “Pesadelo”, uma das melhores), Zakk Wylde e Joe Bonamassa. Também temos baixistas de renome como Billy Sheehan a dar a perninha. O bracinho. Bastante diverso e não se furtando a ter voz quando é necessário (“Them Changes”), é um daqueles álbuns que qualquer amante de bom e virtuoso rock não ficará indiferente. Luxo.
9/10
Fernando Ferreira
Obsidian Kingdom – “Meat Machine”
2020 – Season Of Mist
Devo confessar que apesar da crítica favorável a “A Year With No Summer”, a orientação dos Obsidian Kingdom nesse álbum não foi nem a esperada nem a desejada. Como não somos mimados nem esperamos que as bandas nos entreguem sempre aquilo que queremos, o espírito mantém-se aberto mas há certas coisas que não se conseguem forçar. Neste caso o entusiasmo para este “Meat Machine”. E por vezes é melhor que assim seja, é quando nos permitimos a deixar surpreendidos. Ou enganados pela falta de expectasativas. É preciso desde já esclarecer que o que temos aqui não é a regresso a paragens já trilhadas de “Mantis”, mas é tanto mais que “A Year With No Summer”. A vertente progressiva continua presente, mais que nunca mas mais do que esta ou aquela vertente, são as canções que falam mais alto. Falam connosco directamente. Não sendo uma conversa imediata que se estabelece, é uma conversa que se vai insistindo, tema após tema. Não vão voltar a “Mantiis”, é certo mais que nunca, mas poderemos muito bem vir a ter algo igualmente especial. Ou até mais ainda.
8.5/10
Fernando Ferreira
Arcadian Child – “Protopsycho”
2020 – Ripple Music / Kozmik Artifactz
Os filhos favoritos do Chipre psicadélico chegam com o seu terceiro álbum, onde as suas sensibilidades prog estão mais apuradas que nunca. Sem entrar em grandes deambulações no que às faixas de longa duração respeita, os temas aqui são consisos e conseguem ainda assim transmitir-nos aquela sensação única de estarmos numa viagem alucinogénica. Consta que ao vivo a banda embarca em jams. Essa é uma característica que não se nota aqui mas perante estas músicas, não temos dúvida que há por aqui muita matéria prima para esse efeito. Um álbum a descobrir.
8/10
Fernando Ferreira
Hey Colossus – “Dances/Curses”
2020 – Wrong Speed Records / Learning Curve
Décimo terceiro álbum dos britânicos surge exactamente como esperávamos que surgisse, uma mistura caótica e psicadélica entre melodia e a nostalgia. Ainda por cima duplo, testemunho da inspiração que assaltou a banda. Terei de referir obrigatoriamente o épico de mais de dezasseis minutos, “A Trembling Rose” como um dos momentos incontornáveis do mesmo ou ainda “The Mirror” com a participação de Mark Lanegan, que consta ser fã assumido da banda. Não será um trabalho ao qual vamos absorver de imediato, mas tal como as coisas boas da vida, é uma daquelas obras em que é para irmos apreciando aos poucos. E com proveitos positivos.
8/10
Fernando Ferreira
Black Fate – “Ithaca”
2020 – Rockshots Records
Regresso dos gregos Black Fate que nos trazem mais do seu power metal com tiques progressivos. O ritmo editorial da banda é bastante baixo (este é o quarto em três décadas de carreira) mas isso não tem influencia na qualidade. Pelo menos aparentemente. Digo isto porquê? Porque “Ithaca”, apesar de tocar nos botões certos do power metal progressivo e ligeiramente neo-clássico (ali algures entre os Symphony X e uns Threshold, mas com personalidade própria) parece-me que esta fórmula já foi mais eficaz do que é actualmente, uma fórmula que resulta em cheio com músicas memoráveis. Elas estão presentes, é certo e com consecutivas audições, mais convencido se fica, mas fica sempre com a sensação desconfortável de que falta algo. Bom regresso, é preciso é mais.
7/10
Fernando Ferreira
Blackberries – “Disturbia”
2019-Unique Records
Suavidade. Suavidade vintage, quase de sonho – e por sonho, entenda-se aquela sensação de que se está a sonhar, ou melhor, preso num sonho realizado pelo David Lynch. Esse psicadelismo suave, que parece saído de uma nostalgia aguda pela década de sessenta apresenta-se de forma sensual e até especial. Não há nada de metálico aqui mas se depois de uma noite de copos se encontram a ceder ao excesso de álcool, esta música será a ideal para facilitar o processo de fermentação. Quando acordarem não se livram da ressaca, mas pelo menos estiveram uns bons momentos no céu dos alcóolicos.
6.5/10
Fernando Ferreira
Distant Brother – “Die This Way”
2019 – One Voice Productions
Terceiro álbum dos Distant Brother, que já passaram pelas nossas páginas anteriormente. Tal como o nome indica, o tema deste trabalho é a morte, algo que não deixa de ser irónico já que a razão para o nome da banda vem mesmo da homenagem ao irmão mais novo de Joe e Jon Lange, pedras basilares deste projecto. No entanto aqui o foco é mesmo a morte de um dos membros fundamentais dos Distant Brother, John Veneziano, que faleceu dois anos antes do lançamento deste álbum. Musicalmente este é um trabalho bastante variado, aproximando-se da vertente pop rock em muitas vezes, com melodias a serem muito bem trabalhadas e escolhidas. O progressivo está presente nos arranjos e nas melodias vocais sobretudo mas é algo que poderá passar um bocado despercebido para quem entendo o género como sinónimo de longos temas e de passagens complexas. Este progressivo está mais próximo do que se fazia na década de oitenta do que na de setenta. Classe e sensibilidade que temas como “Must Have Been” exibem. Nem sempre o nível está neste patamar, mas no geral é um trabalho agradável.
6.5/10
Fernando Ferreira