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WOM Tops – Top 20 Black/Death Metal Albums 2020

WOM Tops – Top 20 Black/Death Metal Albums 2020

A junção entre os dois estilos principais da música extrema. Como todas as outras junções, não tem de haver propriamente um equilíbrio igual entre as duas metades. Nesta lista procuramos conciliar as propostas que juntam estes dois elementos e, claro, resultaram em álbuns que queremos reter pelos próximos milénios. Mais uma luta titânica para encontrar estes vinte álbuns, mas valeu bem a pena.

20 – Purnama – “Flame Of Rebellion”

Slovak Metal Army

Formados em 2011 e num país sem grandes tradições neste espectro musical os Checos Purnama são uma das boas supressas de 2020 até ao momento com o seu segundo álbum de originais ‘Flame of Rebellion’. Sair fácil de cair no erro de caracterizar a sonoridade dos Purnama simplesmente como Blackened Death Metal, no entanto muito mais à dizer sobre a musicalidade da banda. ‘Flame of Rebellion’ pode-se definir como um álbum com uma forte componente de vil, sólido e implacável Death Metal na mesma linha dos Lock Up ou dos Blood Red Throne mas com interessantes e criativas nuances em praticamente todas as faixas, desde a influência do Doom em ‘Light In The Void’, o Black Metal em ‘Dark Flames’, o Symphonic em ‘Rebellion’ ou o Thrash em ‘Phoenix’. ‘Flame of Rebellion’ tem também um interessante e inusitado ambiente de filme de terror que assenta na perfeição no álbum. Destaco em particular a excelente qualidade técnica dos Purnama deixando uma ligeira sensação de Old School bastante invulgar numa banda com apenas dois álbuns. ‘Flame of Rebellion’ é uma excelente proposta no mega povoado universo do Death Metal contrastando em toda a linha com o ultra saturado Gothenburg Metal e seus derivados.

Jorge Pereira

19 – (0) – “Skamhan”

Napalm Records

Já tinha visto muita coisa esquisita, mas uma banda chamada (0) é a primeira. E este não é o primeiro álbum, apenas o primeiro lançado pela poderosa Napalm Records. Algo complicado de definir, “Skamhan” é um daqueles trabalhos que consegue conquistar desde o início, mesmo que se revele como um enigma. Provavelmente é mesmo esse um dos principais factores pela forma como se entranha. Enquanto estamos a tentar perceber o que raio estamos a ouvir, coisas como “Red Glorie” acabam por se infiltrar no inconsciente. Mal se dá conta e não pensamos noutra coisa. Confesso que ainda não há muitas palavras para tentar perceber o que raio se passa aqui mas de algo temos a certeza: entre o black, o death, o progressivo e o pós-metal podemos encontrar os (0).

Fernando Ferreira

18 – Zimogroz – “Old Mystic Lore”

Geenger Records

A estreia discográfica dos croatas Zimogroz é bem mais interessante do que se poderia esperar de um rótulo como death/black metal melódico. Não que os géneros em si não sejam interessantes (muito pelo contrário), apenas já não são garantia de termos algo novo e/ou refrescante. Não é o caso dos Zimogroz revolucionarem o género por complete mas a realidade é que mantendo uma sonoridade agreste (mais apoiada no black), a melodia que acrescentam não retira, em momento algo, poder que seja. E em alguns momentos até funciona para que se tenha coisas fantásticas como “We, The Winds Of Winter”. Croácia poderá não ser uma super-potência da música extrema, mas os Zimogroz apresentam-se em forma para se tornarem uma referência.

Fernando Ferreira

17 – Odraza – “Rzeczom”

Godz Ov War Productions

Black metal com groove? Blasfémia! Bem, até se calhar é um bocado porque há mais do que black metal neste segundo trabalho dos polacos Odraza. Há por aqui também algum death metal que só serve para caracterizar e tornar o som da banda único. Dentro dos limites daquilo que encaramos como único nos dias de hoje. Independentemente da originalidade, aquilo que é inegável é que “Rzeczom” entusiasma e empolga. Traz-nos entusiasmo mesmo quando já estamos cansados de música extrema – não que isso aconteça verdadeiramente mas ainda somos humanos, apesar de não parecer. Prazer metálico, não há muito mais que possamos pedir ou querer. Sendo o nosso primeiro contacto com o trabalho do duo, podemos dizer que ficámos fãs.

Fernando Ferreira

16 – Ljosazabojstwa – “Głoryja śmierci”

Godz Ov War Productions

Depois de três demos na primeira década do milénio, os Fastian Pact apresentam um álbum que parece que até é mais antigo, vindo da década de noventa. Aquele black metal ligeiramente melódico ainda que algo cru. Tem um encanto muito próprio. Encanto do passado mas que é válido tanto agora como o seria na altura. Talvez este seja um trabalho que está voltado para o passado, não existem dúvidas em relação a isso… no entanto, não deixa de ser inegavelmente cativante e eficaz. Uma boa surpresa a provar que por vezes as expectativas crescem e são correspondidas.

Fernando Ferreira

15 – Bythos – “The Womb Of Zero”

Edição de Autor

Vocês sabem, não escondo, comecei por interessar-me ligeiramente pelo metalcore, para ficar enjoado do mesmo para depois começar a ficar interessado com a forma como algumas bandas (infelizmente uma minoria) conseguem refrescar as coisas e apresentar algo novo, tal como os Next Time Mr. Fox o fazem. Talvez abusem um pouco dos mesmos truques ao longo destes quarenta minutos mas a coisa sem dúvida que resulta. Itália a dominar o que se vai fazendo dentro do metal moderno.

Fernando Ferreira

14 – Law Of Contagion – “Woeful Litanies From The Nether Realms”

Moribund Records

É sempre bom quando temos mais uma nova banda ou até mesmo projecto, neste caso, uma one-man band a surgir nos escaparates. Law Of Contagion apresenta-se pertante o público e logo com um álbum de estreia. A figura central aqui é Ishkur, multi-instrumentista que já é conhecido do underground nacional de bandas como Sonneillon BM e Nefret e que já passou por bandas como Acceptus Noctifer e Revage entre muito outros. Apesar de não deixar para trás por completo as sonoridades negras, o seu foco está agora também no death metal, uma mistura equilibrada que nos traz algo de refrescante embora não seja propriamente nada de novo. Imaginem um “Soulside Journey” misturado com uns Mayhem do antigamente, havendo muitas mais referências que se possam fazer. Mesmo para quem não acha piada à mistura destes dois reinos, garante-se que vai crescer ao ponto de não se querer outra coisa.

Fernando Ferreira

13 – Theotoxin – “Fragment : Erhabenheit”

AOP Records

Caminho impressionante que os Theotoxin têm andado a percorrer. O terceiro álbum intensifica ainda mais esse factor, com um conjunto de temas que vai buscar todas as aprendizagens e pontos altos da banda nos trabalhos anteriores. Vou ter que ser sincero, apesar de alguma melodia no tremolo picking, a violência deste álbum poderá fazer com se possa acusar o toque de alguma falta de dinâmica. Pelo menos a nível de atmosfera que é densa e opressiva como tudo. Em termos musicas já não é tão unidimensional assim, mas anda lá perto, muito perto. Poderoso ao ponto de mandar a casa abaixo com o poder de erosão das trevas.

Fernando Ferreira

12 – Oath Of Damnation – “Fury And Malevolence”

Gore House Productions

Os australianos Oath Of Damnation conseguiram um feito agradavelmente interessante com este seu segundo álbum. Fazer-nos recordar com carinho dois géneros diferentes. O black metal melódico e a brutalidade do death metal, numa altura em que os dois géneros estavam, de formas diferentes, a conhecer níveis de popularidade assinaláveis no underground. Não se trata de valorizar “Fury And Malevolence” apenas pelo seu lado nostálgico (ou pela nostalgia que pode potencialmente despertar), é pela forma como consegue juntar elementos que à partida não nos causariam surpresa ou impacto postivio e com isso dar-nos músicas de elevada carga e qualidade metálica. É um disco relativamente simples mas eficaz a tudo o que se propõe.

Fernando Ferreira

11 – Omega Infinity – “Solar Spectre”

Season Of Mist

Será que há espaço para mais um projecto de metal extremo? Pergunta parva, não é? Principalmente quando se trata de uma bomba de black/death metal. Este duo composto por Tentakel Parkinson (baterista de bandas como Enmerkar e Todtgelichter mas que aqui desempenha todas as funções instrumentais) e Xenoyr (também conhecido como Marc Campbell dos Ne Obliviscaris) é responsável por um trabalho ao qual temos facilidade em definir mas que também temos dificuldade em ficar satisfeitos com essa definição. Black/death metal encaixa como perfeição, mas há aqui toda uma ambiência e misticismo cósmico que não deixa que arrumemos este trabalho na prateleira das coisas que facilmente consumimos e deitamos fora. Apesar de alguma unidimensionalidade, há por aqui bem mais do que aparenta. Algo que se apreende conforme vamos ouvindo e ficando rendidos ao seu poder.

Fernando Ferreira

10 – Drouth – “Excerpts From A Dread Liturgy”

Translation Loss Records

Temos a percepção que no metal também a sensação de imedietez da música tem o seu peso. Temos a noção de que um álbum como este “Excerpts From A Dread Liturgy” será complicado de agradar aos que procuram por emoções fortes e imediatas – emoções fortes temos, imediatas é que poderá ser algo que não seja geral para todos os que se aventurem. Temas longos, black e death metal misturados (com a tabela a pender na estética e no ambiente mais para o lado do black metal) num ser que acaba por ser único, denso, belo e também mortífero. Um álbum de qualidade fantástica, mais que recomendado.

Fernando Ferreira

9 – God Dethroned – “Illuminati”

Metal Blade

Regresso. Quando começamos assim, quer sempre dizer que é aguardado, por nós ou por alguém. Ou por ambos. Acreditamos que seja por ambos. Os God Dethroned conseguiram ao longo da sua carreira ter vários crescendos apesar da instabilidade na formação e até na manutenção da banda. Na sua terceira vida, eles mostram que estão mais fortes que nunca, sendo que “Illuminati” é já o segundo álbum desta fase e podemos dizer que é mais melódico que “The World Ablaze” e traz-nos uma maior dinâmica. Acaba por ser uma boa surpresa, embora possamos compreender aqueles que digam que é demasiado. Na nossa opinião é uma aposta ganha, algo que acrescenta valor e variedade à carreira da banda. Sem dúvida que este é um trabalho que não irá gerar tantos consensos, mas ainda assim, ou talvez por isso mesmo, é mais que recomendado da nossa parte.

Fernando Ferreira

8 – Haissem – “Kuhaghan Tyyn”

Satanath Records

Este é um projecto que temos vindo a seguir com muita atenção e que nos tem surpreendido em todos os álbuns. Para relembrar para quem perdeu os episódios anteriores, Haissem é uma one-man band que tem o seu centro em Andrey Tollock e aquilo que traz é black/death metal melódico de grande qualidade. Em relação a “Demonotone”, há uma grande evolução onde os temas, todos longos e acima dos nove minutos, têm todos uma grande eficácia. Não é fácil termos um álbum com quatro temas longos e todos nos soarem logo bem à primeira. Este é sem dúvida um dos grandes vícios que vamos ter durante este ano de 2020.

Fernando Ferreira

7 – Svart Crown – Wolves Among the Ashes

Century Media Records

Após a oportunidade de os ouvir ao vivo em 2018, admito que tenho esperado pela oportunidade de comentar um dos trabalhos dos Svart Crown. Ora, as estrelas alinharam-se e agora posso admirar a obra que é Wolves Among the Ashes, o último projeto da banda que foi lançado em Fevereiro. Para aqueles que não os conhecem, o quarteto é de nacionalidade francesa e situa-se algures entre o death e o black metal, aproveitando, já agora, para expressar que este país tem uma forte tendência na criação de bandas de metal extremo bastante aliciantes. Em relação a Wolves Among the Ashes, este é um álbum que não se fica por meias medidas e que não aceita qualquer tipo de audição que não seja no máximo volume. É destacado por cadências oscilatórias bastante viciantes e por uma criação de ambiente de teor relativamente depressivo/opressivo que equivalem às bases onde assentam posteriormente os ingredientes deste grande trabalho. O trabalho de guitarra não é particularmente vistoso (positivamente) e opta antes pela colaboração com os restantes instrumentos numa modalidade de som bastante compacta que depois aprecia algumas variações através de outras mudanças ocasionais e relevantes na tonalidade vocal. Em comparação à maioria das faixas que conheço da banda, é sentido o crescimento da banda através da diversidade demonstrada em cada faixa e a uma sensação de existência de sentido profundo em cada uma delas. Para alguns, como para mim, será um dos álbuns de referência deste ano.

Matias Melim

6 – Yaldabaoth – “That Which Whets The Saccharine Palate”

Aesthetic Death / Lycaeb Triune

Black metal espásmico. Provavelmente não é uma “cena” mas é o que nos soa mais correcto. Apesar de esteticamente ser algo puramente black metal, temos aqui bastantes trejeitos de death metal técnico (de uma forma extremamente irregular), com bastantes dissonâncias. E isto até é algo que me chateia bastante, mas aqui, o ambiente sufocante acaba por ser o elemento decisivo, o que acaba por ser beneficiado pelas tais dissonâncias. É um álbum para encher a cabeça e que se torna bastante exigente. Isso não lhe retira mérito.

Fernando Ferreira

5 – Perdition Temple – “Sacraments Of Descension”

Hells Headbangers Records

Brutalidade. A boa e velha brutalidade blasfema. Os norte-americanos Perdition Temple continuam com o seu ritmo de lançar álbuns de cinco em cinco anos e continuam com o bom hábito de lançar bojardonas de todo o tamanho. É impressionante a velocidade destes temas, de como conseguem passar esta sensação de andar a mais de um milhão de quilómetros por hora e ainda assim serem dinâmicos – porque essa sensação não passa disso mesmo, já que existe por aqui muita variedade, mas do que aquela esperada até. Podemos dizer que esta é uma proposta à antiga mas que soa fresca como se estivessem a derrubar as barreiras que já foram derrubados há bastante tempo.

Fernando Ferreira

4 – Kira “Peccatum et Blasphemia”

Ossuary Records

Algo que já disse algumas vezes mas volto a dizer as vezes necessárias sempre que tiver razões para isso: o melhor disto que faço é mesmo sermos surpreendidos por algo que até poderia ser considerado banal. “Peccatum Et Blasphemia” é um black/death metal violento que tem algos níveis de porrada sonora para inflingir ao mundo. Uma espécie de Marduk com assomos melódicos (e menos thrash) de uns The Crown por exemplo. Não é novo, nem precisa de ser porque sabe exactamente os botões que tem de carregar e neste caso esses botões até são mais imprevisíveis do que se possa pensar. Começar o álbum (sem contar com a intro) com uma “Lucifer’s Herald” que é o mesmo que abrir as portas do inferno, para depois termos uma épicamente melódica e até melancólica “One Gram Of Your Soul” é inesperado mas muito bem recebido. Dinâmico é dizer pouco, este é um grande álbum.

Fernando Ferreira

3 – Night Crowned – Impius Viam”

Noble Demon

Os Night Crowned são uma banda sueca que se estreia este ano com o lançamento do álbum Impius Viam. Formados em 2016, estes suecos decidiram-se estrear com uma magnifica peça de um estilo de híbrido que funde black e death metal através de um melódico bastante atrativo e refrescante neste recanto musical. O álbum inicia-se com uma sonoridade draconiana ao estilo de Therion que se acaba desenvolvendo Dimmu Borgir (em termos sinfónicos) e do nada transforma-se na identidade única desta banda. Num todo, a sonoridade desta banda pode ser caracterizada como bruta e agressiva com alguns requintes melódicos que aligeiram a “extremeza” de toda a experiência, contudo surgem aqui e acolá momento bem mais suaves correspondentes à vertente verdadeiramente melódica. O ponto mais alto do álbum é o ambiente que cria com auxílio dos géneros donde bebe a sua inspiração: desespero maligno e gélido.

Matias Melim

2 – Necrophobic – “Dawn Of The Damned”

Century Media Records

Expectativas altas para este “Dawn Of The Damned” que não desilide. Apesar desta ser uma banda não falhar habitualmente, já houve momentos no passado em que o equilíbrio entre as suas principais facetas (o black e o death metal) não se deu da forma mais graciosa. E apesar de actualmente estar longe do death metal sueco enegrecido do início de carreira (sendo mais black metal deathficado do que outra coisa), o resultado deste álbum é sem dúvida fantástico. As melodias são daquelas que colam à primeira, usando como veículo temas que, independentemente da sua duração, são verdadeiramente épicos. É um trabalho que não permite esgotar-se, assim que acaba pede uma nova audição, algo que, sinceramente, já não acontecia a algum tempo. Podemos ter vários momentos preferidos da carreira dos Necrophobic – até porque é uma carreira variada o suficiente para satisfazer vários gostos – mas arrisco sem medo a dizer que sólidos assim, nunca estiveram.

Fernando Ferreira

1 – Gaerea – “Limbo”

Season Of Mist

Este é um dos discos mais aguardados deste ano, um ano marcado com muitas incertezas para as quais não se vislumbra um momento em que as mesmas não são desfeitas. O tempo não pára, a vida continua, tem de continuar. Os Gaerea são testemunho disso. Na sua estreia pela Season Of Mist trazem um segundo álbum que consegue tanto mostrar evolução em relação aos dois lançamentos da banda assim como demonstra (possíveis) caminhos para expansão evolutiva. Tenho alguma resistência em considerar o som da banda como black metal, na minha concepção não se prendem a rótulos e isso é uma das coisas que caracteriza a sua genialidade – apesar de alguns pontos em comuns com géneros estanques como o black metal – não que haja algo de errado com isso. A densidade que sempre caracterizou a banda continua mais presente que nunca e ao vivo prevê-se que a intensidade da sua música conheça novos máximos de expressão. Estamos a assistir ao erguer (ou à confirmação) de mais uma lenda do metal lusitano. A aclamação não é por acaso, é merecida.

Fernando Ferreira

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