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WOM Tops – Top 20 Sludge Albums 2020

WOM Tops – Top 20 Sludge Albums 2020

Outro forte aliado do Doom Metal, a par do Stoner, é o Sludge, sempre uma fonte de enormes descargas pestilentas de distorção pesada. 2020, no meio de todos os seus grandes defeitos, trouxe-nos uma vasta oferta do género, do qual destacamos estas vinte propostas que podem conferir abaixo.

20 – Zolfo – “Delusion of Negation”

Edição de Autor

Zolfo, uma banda italiana, é uma “nova” banda na cena, pelo menos de certa forma. Formados em 2016, começaram a lançar música em 2019 com uma cassete contendo dois singles “Phosphene” e “Floaters” que abriram caminho para o seu álbum de estreia, “Delusion of Negation”, que foi lançado em Janeiro último. O género desta banda é difícil de identificar exactamente, no entanto, pode-se dizer que está algures no espectro do doom metal, sendo “Delusion of Negation” caracterizado principalmente por um claro investimento num som conciso com tempos variáveis e com alguns aspectos técnicos que não se ouvem normalmente neste género. A desgraça, o lodo e todos os estilos associados podem facilmente cair numa categoria de som que pode ser rotulada como “soando tudo na mesma”, mas mesmo que isso já seja uma falácia certificada entre a comunidade, “Ilusão de Negação” serve como mais um exemplo de quão falsa é a afirmação anterior. Na minha relativamente curta experiência com estes estilos, descobri que as bandas normalmente (mas nem sempre) escolhem entre a “abordagem das drogas” ou a “abordagem da adoração do diabo” quando estilizam o seu próprio som de condenação/sludge/stoner; quando se trata desta banda, parecem não escolher nenhuma das duas e optam por esculpir o seu próprio caminho, o que, como já disse, não consigo realmente identificar a raiz principal (apesar do seu próprio nome insinuar o Satanismo). Seja como for, esta é uma recomendação óbvia, não só devido ao seu som geral, que é óptimo e não muito difícil de digerir se não se for fã do género, mas também devido a alguns segmentos que realmente realçaram este álbum para mim (exemplo: o trabalho da bateria na faixa “Existential Prolapse” que, apesar de soar simples, é uma das principais memórias que retive desde a primeira vez que ouvi este álbum) e também devido ao quão claro tudo soa sem que qualquer instrumento seja arrastado para fora e cada um deles seja facilmente ouvido/folhado. Esteja atento a estes tipos no futuro!

Matias Melim

19 – Ovtrenoir – “Fields Of Fire”

Consouling Sounds

O que começou em 2013 por ser um projecto acústico foi-se lentamente transformando numa assertiva e sólida proposta de Post-Metal, falo dos Franceses Ovtrenoir que passados sete anos vêm finalmente lançado o seu álbum de estreia ‘Fields Of Fire’. Tal como os suecos Gloson ou os Norte-Americanos Morne também os Ovtrenoir têm um conceito musical assente num moderno Post-Metal com indutivas e consequentes influências de Sludge Metal. ‘Fields Of Fire’ é indiscutivelmente uma das excelentes supressas de 2020, o álbum carrega um árido e dissonante ambiente claramente inspirado pelos emblemáticos Neurosis por entre riffs crus, corpulentos e imponentes acompanhados por um compassado ritmo de bateria e uma emotiva e desesperante vocalização. Destaco não só a magnificência de ‘Echoes’, um massivo e inviolável muro de Sludge suturado com um contante e dinâmico eco de Post-Metal como também os indícios de um emocional e intenso Doom nas faixas ‘Those Scares Are Landmarks’ e ‘I Made My Heart A Field Of Fire’ talvez as duas melhores faixas do álbum. Ovtrenoir apresentam neste seu álbum de estreia argumentos mais que suficientes para projectarem uma distinta e consistente carreira.

Jorge Pereira

18 – Primitive Man – “Immersion”

Relapse Records

Já tinha saudades da Relapse mandar cá para foram os bujardas bem javardas como esta dos Primitive Man. O seu terceiro álbum é tudo aquilo que antecipámos: uma mistura deliciosa entre o sludge, o doom e o noise – onde o feedback é um membro da banda com tanto relevo como qualquer outro. Já se sabe, não é para fracos e para aqueles que são sensíveis dos ouvidos. Isso e para quem não goste de ambientes olhe possa (e irá de certeza) faltar o ar. Por vezes é mesmo o que precisamos para sermos um bocado mais felizes.

Fernando Ferreira

17 – Cross Bringer – “The Signs Of Spiritual Delusion”

Consouling Sounds

A mistura do black metal com o hardcore e o sludge não é nova mas parece que estamos condenados a encontrar novos níveis máximos de intensidade, como aqueles que nos surgem aqui nas mãos da estreia dos Cross Bringer. Um álbum que tendo sido registado durante o período convulso de pandemia, retrata mesmo isso, emocionalmente, essa violência nem sempre contida, nem sempre exposta, latente, que visa espalhar-se como uma doença terminal. Divago. É um trabalho que tem como conceito a confusão interna provocada pela fé ou pela mudança de paradigma que deixa um ser humano sem ter onde se agarrar, com as estruturas da sua personalidade destruídas. É essa negritude, é essa escuridão e confusão dos sentidos que perdura ao longo deste trabalho que não tendo mais de meia hora, tem um impacto que perdura horas. Estreia impressionante.

Fernando Ferreira

16 – Ils – “Curse”

Pogo Records

Visceral e abrasivo como cada vez mais nos sentimos ultimamente, principalmente para quem tem, por razões laborais, de andar pelas redes sociais. O ar cada vez mais podre e irrespirável que se sente por lá só faz como que álbuns como este “Curse” nos soe cada vez mais pujantes. Noise-rock com a abrasividade do sludge (e muitos mais rótulos poderíamos encaixar por aqui se tivessemos vontade) fazem com que esta seja uma estreia fantástica e que nos leva para o lado mais reaccionário (a nível de impacto e porque não, até mesmo em sentido lírico) sem que tenhamos qualquer tipo de problema com isso. Faz falta coisas assim.

Fernando Ferreira

15 – Desert Storm – “Omens”

APF Records

Esta mistura que os Desert Storm têm vindo a fazer desde o início da sua carreira entre o stoner e o doom é vencedora, mas tenho em crença que será “Omens” que os fará dar o salta definitive em termos das atenções generalizadas da imprensa e do público. A banda inglesa têm neste seu quinto álbum uma colecção de canções das quais não nos cansamos. Em alguns momentos até parecem entrar pelos meandros do sludge, mas esta é a razão do seu sucesso. Conseguem cativar-nos sem propriamente preencherem os requisitos de forma perfeita deste ou daquele género musical. O que, por si só, não é fácil nos dias em que correm. Peso tal como gostamos.

Fernando Ferreira

14 – Vous Autres – “Sel De Pierre”

[Addicted Label]

Quando temos uma banda de stoner que leva tão longe o seu amor ao estilo que o seu nome significa literalmente “stones” em russo, é porque sabemos que a coisa vai ser boa. E é. Um stoner que vai buscar o peso do doom e a exuberância do rock psicadélico, esta é uma viagem para fora do corpo. Hibernar sem dar por ela e sentir a mente a expandir-se para lá deste universo (des)conhecido que habitamos. É preciso arte para conseguir ter este impacto, e arte há por aqui aos pontapés.

Fernando Ferreira

13 – The Ditch And The Delta – “The Ditch And The Delta”

Prosthetic Records

Oriundos de Salt Lake City (Utah) os The Ditch And The Delta acabam de lançar o seu segundo álbum de originais com o titulo homónimo ‘The Ditch And The Delta’. O Sludge Metal aparenta proliferar naturalmente nos Estados Unidos, mas enquanto outras bandas similares vão apostando essencialmente em híbridos de Sludge com outros subgéneros os The Ditch And The Delta congeminam composições musicais numa vertente mais autêntica do Sludge, não descurando ainda assim o experimentalismo e as ténues e circunscritas manifestações de Noise. ‘The Ditch And The Delta’ pode-se caracterizar pelos riffs austeros e ruidosos, o permanente groove do baixo e as imprevisíveis mudanças de agressividade, tudo envolto num ambiente inóspito, sóbrio e implacável, são também notórias as influências de bandas como os emblemáticos Neurosis ou os virtuosos Mastodon no Sludge habitual da banda. A sua incontornável qualidade “obriga-me” as destacar as faixas ‘Maimed’, ‘Mud’ e ‘Bleed The Sun’ como pontos bem altos deste interessante, criativo e intenso álbum.

Jorge Pereira

12 – Kiss The Goat – “Insalubrious”

Edição de Autor

Uma boa maneira de provar que o inglês safa muita coisa é repararmos nos nomes de bandas oude álbuns. “Beija a Cabra” ou “Beija o Bode” é bem caricato. E estas são as preocupações que surgem antes de analisarmos o quer que seja, o que se pode ver por aqui como a mente é mesmo deviante. E nem sempre pára. Se a música for desinteressante. Se a músicca tiver a qualidade de “Insalubrious”, o foco muda por completo. Doom metal com pitadas de sludge que nos deixa bem satisfeitos por termos finalmente uma banda sonora à altura dos dias complicados em que vivemos. Não será algo nos colocará num estado de disposição diferente, mas ficaremos anestesiados para melhor suportarmos este. Desespero reconfortante. “Dying Light” é especialmente eficaz neste aspecto.

Jorge Pereira

11 – Vile Creature – “Glory, Glory! Apathy Took Helm!”

Prosthetic Records

A capa impressiona pelo asco que poderá colocar. Percebemos que essa forma é a introdução perfeita para apresentar o que se pode ouvir aqui já que o som dos Vile Creature é tudo menos amigável ao ouvido. Pelo menos aos ouvidos mais sensíveis. Já aqueles que gostam de sludge/doom arrastado e bem javardo, ficará definitivamente extasiado com este álbum. Mesmo para estes não será fácil, de certeza, mas quanto mais difícil é, mais interessante se torna a luta. Este duo mostra que o minimalismo só é minimalista com a falta de ideias porque há por aqui uma fartura de ideias (bem concretizadas) de como o silêncio deve ser preenchido. É tão bem bem preenchido que a sua ausência é quase insuportável. Visceral como poucos, mas também com constrastes (sobretudo nos dois últimos temas, com destaque para a assombrosa e angelical “Glory Glory!”) dignos de grande álbum!

Fernando Ferreira

10 – Walk Through Fire – “Vår Avgrund”

Wolves And Vibrancy Records

Este é um álbum difícil de absorver. Nada de novo no universo dos Walk Through Fire, portanto. Apesar da ausência de seis anos, não houve grandes mudanças. A banda (e/ou os seus membros) parece que continuam tão miseráveis como antes. Essa é a sensação que nos passam, pelo menos. Pesado como poucos e claustrofóbicos como outros tantos, novos níveis de desconforto são explorados aqui onde a repetição é como se tratasse uma tortura. Agora poderão estar a pensar, “mas porque raio é que quero ouvir algo assim?” É uma boa questão, mais que válida, para a qual, ironicamente, não disponho de resposta. E ainda assim, é impossível não destacar a sua genialidade, porque a capacidade de fazer algo assim e ainda conseguir ter energia para as funções básicas (como respirar) não deixa de ser impressionante. Não será um álbum para ouvir quando se está alegre e será melhor não ouvir quando se está triste… mas ainda assim deverá ouvir-se sempre que se possa.

Fernando Ferreira

9 – Barishi – “Old Smoke”

Season Of Mist

Inesperadamente, para alguns talvez, os Barishi rebentam com tudo com “Old Smoke”. Literalmente. No entanto, não quer isto dizer que é um trabalho que nos apaixone à primeira audição. Não, longe disso. É exigente e até um bocado caprichoso. Embra nos traga, na maior parte da duração, uma agressão própria de metal extremo, tem ao mesmo tempo alguns pontos em comum com as estruturas mais desafiantes do metal progressivo. Até nas suas faixas mais curtas. E nada vem ao acaso. Quer o alinhamento, quer a diferença abismal entre a duração de algumas faixas. Tudo faz sentido neste contexto. Chamar “Old Smoke” de progressivo não me faz sentido, já que o sludge, na minha opinião está aqui tão presente em lugar medida. Sludge progressivo? Porque não? Seja o que for, é um disco ao qual DEVEM dedicar umas boas audições antes de se decidirem pela sua avaliação. E não se esqueçam, o que custa é sempre a primeira audição.

Fernando Ferreira

8 – False Gods – “No Symmetry… Only Disillusion”

Pure Noise Records

Sasscore. É o que eles dizem que tocam. Mesmo sem saber o que raio é Sasscore, a nossa ideia é que será algo estranho. E até não é. Mais ou menos. Para quem nunca ouviu os espasmos de uns The Dillinger Escape Plan ou de uns Melt Banana, numa altura em que o hardcore estava a espalhar-se como um virus por vários ramos da música pesada, então está aqui a viagem da sua vida. Para todos os outros que têm andado atentos ao que se vai fazendo na música pesada nos últimos tempos, o que temos aqui não constitui propriamente uma novidade, mas isso só faz com que se goste mais, porque a forma como está feito não deixa de impressionar. Alucinado, bruto (muito bruto) mas com sentido, onde todo o caos tem uma ordem pré-definida (mesmo que ela pareça muito escondida) este trabalho poderá não chegar aos vinte minutos mas acaba por se tornar um vício adorável.

Fernando Ferreira

7 – Merlock – “That Which Speaks”

Edição de Autor

Interessante álbum de estreia. Interessante mesmo. O rótulo sludge transporta-nos para algumas paisagens e de todas essas que já tínhamos pré-concebidas em mete, não esperávamos que alguma fosse como esta. Uma espécie de mistura entre sludge, doome e rock psicadélico que é refrescante de uma forma surpreendente. Composto por quatro temas de duração acima da média (a rondar os sete minutos) no final fica um misto de emoções. Por um lado a sensação de que poderíamos muito bem ouvir mais quatro dentro dos mesmos moldes. Por outro de barriga cheia perante a excelência crua da música que se pode ouvir aqui.

Fernando Ferreira

6 – Lesser Glow – “Nullity”

Pelagic Records

Já estão comigo e connosco há tempos suficiente para saber que quando digo “Fim do mundo” ou algo igualmente apocalíptico, que a coisa é séria. Em termos sonoros isto é. E no caso do segundo álbum dos Lesser Glow, é um apocalipse a nível interior, ou seja, dos mais potentes e devastadores que há. Ambientes lúgubres, desespero crónico e a sensação de estar a atravessar um inferno de milénios concentrados em menos de quarenta minutos. Quarenta minutos de sludge / doom paquidérmico, tão sujo quanto inóspito. A haver algum defeito, há a forma como acaba, deixando tudo em suspenso como se depois de aprendermos a respirar esta sujidade durante quarenta minutos, o ar nos fosse retirado de repente.

Fernando Ferreira

5 – Hymn – “Breach Us”

Fysisk Format

O duo que compõe os Hymn é uma eferência no panorama norueguês. Ole Ulvik Rokseth e Markus Stole já trabalharam juntos (e com outros músicos) em muitos projectos mas a nós ficou-nos o álbum de estreia lançado em 2017, de seu título “Perish”. E dentro desse espírito, recebemos com agrado “Breach Us” que eleva o sludge/doom a um novo patamar de excelência. Não é imediato, não é bonito (é até algo feio, de uma forma bela – sendo que a beleza está sempre nos olhos de quem a aprecia) mas é bastante forte e sólido pelos mantras sonoros que nos vai deixando ao longo de quase quareneta minutos de música. Mantras que perduram para além deste período de tempo.

Fernando Ferreira

4 – Stonebirds – “Collapse And Fail”

Ripple Music

“Collapse And Fail” é um daqueles discos que nos coloca a olhar para o nosso próprio abismo. De uma forma violenta mas que é necessário para nos despertar do estado avançado de catatonia em que nos confinámos. Pesadão como é o esperado de todo o disco de sludge mas com muito mais do que apenas abrasividade do que se antecipava. Dinâmico ao ponto de nos querer fazer headbang mas também com aquele groove apocaliptico que o pós-metal (ou senhores como os Neurosis, sem querer fazer uma comparação directa) já nos habituaram. Começando em “Only God” com poder, a visceralidade poderá até ter flutuações – daí o uso da palavra dinâmica – onde faixas como “Down” têm maior impacto pelo contrasto, esta viagem não se prevê fácil, mas ainda assim absolutamente necessária.

Fernando Ferreira

3 – Throwing Bricks – “What Will Be Lost”

Tartarus Records

Bomba. Sludge/doom/pós-metal/apocalypse-now/órever! A urgência com que estas oito bombas nos castigam o cabedal é impressionante. Sendo (apenas) quase quarenta minutos, não deixamos de ter a sensação de que fomos fustigados por um furacão de requintes sádicos durante quinzes. Perdão, sado-masoquistas porque esta dor está bastante próxima do prazer. Que não se fique com a ideia, no entanto, de que é quarenta minutos a martelar no desgraçado porque há aqui umas melodias inesperadas que surgem apenas para dar aquela falsa sensação de esperança – até porque o resultado é aumentar a angústia. Tudo no bom sentido, claro. Para quem gosta de ver o mundo acabar várias vezes ao dia, recomendamos “What Will Be Lost”. Não se pere nada. Nada mesmo.

Fernando Ferreira

2 – Huntsmen – “Mandala Of Fear”

Prosthetic Records

Fiquei logo hipnotizado pelo primeiro tema  “Ride Out”. Não foi pelo instrumental (excelente) e pelas ambiências (muito próprias) e sim pelos coros. É como se estivessemos de volta aos anos setenta e estivessemos perante os coros de bandas como Genesis, Camel ou Yes, e a música na direcção de um sludge poderoso. Quase que parece um numa direcção e outro noutra, não é? “Quase“ e “parece” são as palavras chave. A ambiência é fantástica e este é um trabalho que me deu um gozo enorme interiorizar (não custou nada, foi o logo à primeira) e analisar. A cada audição novas sensações e é daqueles trabalhos para os quais é difícil de separarmos os temas individualmente. Sem dúvida que é um dos álbuns sludge do ano!

Fernando Ferreira

1 – Deliverance – “Holocaust 26:1-46”

Deadlight Records

Das profundezas da França sobe a faixa de black metal, Deliverance. Formado em 2012, este quinteto tem até agora lançado duas peças: o debut-EP “Doomsday, Please” e o álbum “CHRST”. Contudo, esta crítica não diz respeito a estes dois… Apenas diz respeito ao seu próximo lançamento “Holocausto 26:1-46”, um fantástico álbum de uma espécie de black metal composto por 6 faixas poderosas. A razão pela qual lhe chamo “espécie de black metal” é que, por si só, o seu som é muito singular e tem mais algumas influências como lama, por exemplo. Poderia tentar adivinhar as ideias circundantes neste álbum mas, para começar, não há letras disponíveis e também penso que deveria ser a banda a explicar o seu próprio processo e ideias por detrás de um álbum (quando a ideia completa não é clara para um “crítico”). Passando à experiência mais directa, este álbum é definitivamente algo a estar atento – vou já estragar esta crítica e dizer que lhe dei uma partitura completa. A pesada e iminente sensação de desgraça são os dois principais aspectos que melhor caracterizam este álbum. Com as vozes mais baseadas no black metal mas relativamente moderados, o resto dos instrumentos tendem a seguir um caminho mais variado para a grandeza, passando pelo lodo, como já disse anteriormente, mas também aventurando-se em partes mais lentas com elementos que se poderia imaginar como sendo pesados, morte ou mesmo outros. O álbum também não permanece congelado no tempo, através das diferentes faixas é-lhe oferecida uma experiência muito variada, por exemplo: a primeira faixa é moderada, a segunda sai toda e a terceira começa com uma distinta guitarra “triste e solitária”. No entanto, através da maior parte do álbum, a banda opta por um impacto profundo, mas não por uma “explosividade” aleatória. Por outras palavras, a banda cria a sua própria aura de destruição sem tanto caos – mais uma vez, é sempre bom ouvir uma banda de black metal que valoriza o lado ambiental das coisas. Para encerrar as coisas, sim, este álbum pode não ser ao gosto de pessoas que não habitam frequentemente neste lado do “espectro do metal”, no entanto, é altamente aconselhável que o experimente por si próprio. Para mim foi uma grande experiência, e não sou assim tão fã quando se trata destes estilos.

Fernando Ferreira

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