WOM Reviews – Therion / Sculptor / Mitochondrial Sun / Snow White Blood / Ramchat / Aeternitas / Stormkeep / Blood And Thunder
WOM Reviews – Therion / Sculptor / Mitochondrial Sun / Snow White Blood / Ramchat / Aeternitas / Stormkeep / Blood And Thunder
Therion – “Leviathan”
2021 – Nuclear Blast
Grandes expectativas que tinha para “Leviathan”. Afinal é o regresso aos originais dos Therion após mais de dez anos– e daí excluir-se “Beloved Antichrist” já que este foi um projecto que Christofer Johnsson queria há muito completar e sempre o classificou como não sendo um álbum normal da banda. A primeira impressão é de estranheza confesso. E não terá sido por acaso que o primeiro tema “The Leaf On The Oak Of Far” e os seus primeiros temas trazem o seu lado mais power metal onde só depois de trinta segundos é surgem os elementos sinfónicos e operáticos. E não deixa de ser irónico que quando hoje em dia tudo é sinfónico, que seja um dos principais percursores do estilo a fugir, ainda que ligeiramente, a ele. Sim, muito ligeiramente porque a ausência não se encontra mais ao longo deste álbum. Há uma forte impressão que não consigo sacudir, a cada vez que ouço este álbum… é que o mesmo não é imediato. Já aconteceu antes, com álbuns como “Deggial” por exemplo, mas aqui acaba por trazer um sabor agridoce ao regresso. A insistência faz-nos descobrir novos fulgores em “Eye of Algol” (um dos grandes temas deste disco) e na surpreendentemente curta “Great Marquis Of Hell”. Apesar de toda a pompa e circunstância que um álbum dos Therion obriga, este vai demorar a convencer quem esteve à espera. A persistência ditará o seu sucesso. Comigo foi assim.
8/10
Fernando Ferreira
Sculptor – “Untold Secrets”
2020 – Frontiers Music
Os brasileiros Sculptor, são compostos por Rick Eraser na voz, Vinne na voz e guitarra, Fabricio Reis na guitarra, Caco Ramos no baixo e Mateus Schran na bateria e fazem a sua estreia de forma brilhante. “Untold Secrets”, navega por águas death metal melódico, e é um álbum cheio de pujança, com uma forte influência do som escandinavo.
A música que a banda apresenta é uma variação das complexidades do metal progressivo, pesada, por vezes tocada de forma subtil e reveladora de para além de serem excelentes compositores, também são músicos de qualidade ímpar. As vocalizações soam típicos do género, mas sem serem brutais ou arrastados, por vezes liderando cada tema para algo profundo e sombrio à exceção daquele que é para mim um dos melhores temas do álbum, “Abrace Yourself” onde tudo soa muito clean, mostrando a dinâmica e versatilidade sonora ao alcance da banda, algo a explorar mais no futuro…fica a dica!
9/10
Fernando Ferreira
Mitochondrial Sun – “Sju Pulsarer”
2020 – Edição de Autor
O projecto a solo dos Niklas Sundin, entrou em 2020 a todo gás, sendo também este o ano em que o guitarrista saiu dos Dark Tranquillity. Entrou a todo o gás, porque este é já o segundo álbum sendo que a estreia aconteceu em Fevereiro – apesar de ser lançado de forma digital agora, em Fevereiro de 2021 será lançado em CD pela Argonauta Records. Apesar de ser um álbum curto e instrumental, tem uma coesão impressionante, tão coeso que se torna difícil distinguir um dos outros. E isto aqui é um elogio, embora noutros casos não seja o caso. É um trabalho que deve ser para ouvir por inteiro e de seguida. Componente atmosférica muito forte e com piscadelas ao black e ao death metal, que faz com que seja muito fácil voltarmos a dar mais uma volta (ou duas) com gosto.
8.5/10
Fernando Ferreira
Snow White Blood – “Hope Strings Eternal”
2020 – 7Hard
Por vezes um chavão faz tudo. Dispensa qualquer acrescento. Para o bem e para o mal. O chavão que surgiu associado a este álbum de estreia dos Snow White Blood é “symphonic metal meets fairytales”. Certo? Não há mais nada a dizer depois disto! E não é publicidade enganosa – porque é isso mesmo que temos, metal sinfónico, bombástico a puxar ao gótico e com uma voz poderosa (ou poderosas nos temas que têm participações especiais) que mostra um tom melódico e o operático. Sim, é clichê, absolutamente clichê tal como o tal chavão sugere, mas é também tão bom. A diferença em usar lugares comuns bem e mal, é que quando mesmo depois de usá-los, não nos importamos que eles estejam lá. Sei que não é uma opinião que será generalizada – hoje em dia, o que é? – mas deu um tremendo gozo ouvir estes temas, foi como se tivessemos recuado mais de duas décadas atrás, quando este tipo de coisa era novidade. E o conceito de conto de fadas – literalmente – também está bem conseguido. Tudo corre bem e a fasquia fica bem elevada.
9/10
Fernando Ferreira
Ramchat – “Znelo Lesom”
2020 – Slovak Metal Army
Curiosidade para ouvir o terceiro álbum dos Ramchat. Para quem não sabe, esta banda eslovaca foi criada por Pavel “Hirax” Baričák, após este ter saído dos Lunatic Dogs e aquilo que apresentam é algo diferente, mais focado no pagan black metal embora faça recurso a grandes dinâmicas que tornam os temas bastante interessantes, ainda que o foco esteja sempre, em cada música, numa melodia base. As guitarras soam cortantes mas sempre no ponto certo, com uma produção sólida. Há por aqui muitos temas que são clássicos instantâneos – “Ľadová Pláň” é um deles – e que nem o facto de cantarem na sua língua natal é impedimento para que fiquemos agarrados. Há por aqui alguns repentes (muito fugazes) de Rotting Christ, talvez também pela entrega vocal, mas no geral é um álbum que nos surge com uma identidade própria, algo que também é essencial ao terceiro álbum.
8/10
Fernando Ferreira
Aeternitas – “Haunted Minds”
2020 – WormHoleDeath
Regresso dos Aeternitas, agora numa casa diferente. O primeiro lançamento pela WormHoleDeath traz-nos a banda com uma garra renovada. Confesso que já houve álbuns da banda que falharam em impressionar-me de forma mais duradoura, mas aqui surgem com um conjunto forte de músicas que fazem a diferença para quem já possa estar enjoado da fórmula. Um pormenor que surge que não resulta de forma tão boa é alguns dos arranjos mais modernos e electrónicos que sinto que poderiam ter ficado de parte – exemplo maiores, os dois primeiros temas “Destiny” e “Fountain Of Youth”. Um pequeno, ínfimo, detalhe num álbum que consegue puxar o ouvinte e mantê-lo interessado.
8/10
Fernando Ferreira
Stormkeep – “Galdrum”
2020 – Ván Records
O facto de ser uma one-man band de Issac Faulk dos Blood Incantation e Wayfarer é logo algo digno de chamar a atenção. E se por vezes isso não serve de nada, neste caso foi algo que trouxe muita satisfação porque este projecto segue aquela mística do black metal melódico da década de noventa e até lhe acrescenta alguns dos elementos dos quais até nem temos saudades, como as outros movidas a teclados. Esse tema instrumental com que acaba este EP é mesmo o ponto mais fraco porque de resto, excelente projecto e EP.
8/10
Fernando Ferreira
Blood And Thunder – “The Necromancer’s Cantos”
2018 – Edição de Autor
Tenho de confessar que com esta capa não esperava grande coisa. A banda sendo estranha ao conhecimento, a capa tem aquele poder decisivo de chamar ou não a atenção. Até chamou mas pela negativa. No entanto, como nós não fazemos reviews pela capa, foi uma boa surpresa. A intro sugeria algo a puxar ao viking mas o que temos é um death metal melódico a fazer lembrar uns Children Of Bodom vitaminados, mais sóbrios e muito mais pesados, sem deixar de embararem em momentos de excelentes melodias. Este EP puxou por mim para ir descobrir mais sobre os Blood And Thunder.
8/10
Fernando Ferreira