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WOM Reviews – Garmarna / Gaia Guarda / Ulver / Duocone / Lueur Verte / Megalophobe / Polyphozia / The Magik Way

WOM Reviews – Garmarna / Gaia Guarda / Ulver / Duocone / Lueur Verte / Megalophobe / Polyphozia / The Magik Way

Garmarna – “Förbundet”

2020 – Season Of Mist

É engraçada a forma como diferentes línguas nos fazem sentir sensações diferentes – línguas que não dominamos. O folk escandinavo, e o seu impacto em mim, deve muito à forma como a(s) língua(s), como a(s) sua(s) fonética(s), desperta um transe profundo. Isso aliado à forma como os Garmarna, uma banda com já trinta anos de carreira, usa sonoridades mais modernas e as funde com melodias folk ancestrais (ou pelo menos que se sentem como tal). O resultado é apaixonante para não dizer memorável. Para quem gosta de folk escandinavo, daquela mística e não se importa de ter alguns elementos electrónicos à mistura que até dá um feeling próprio do trip hop, este é sem dúvida um álbum recomendadíssimo.

9/10
Fernando Ferreira

Gaia Guarda – “Anatomy Of Fear”

2020 – Pentapus Records

Este é um álbum atípico para nós. As comparações a Ulver e Portishead foram sem dúvida um chamariz bem sucedido. Gaia Guarda é o nome de uma pianista, harpista e vocalista canadiana e também quem tem aqui a sua estreia discográfica a solo. Por incrível que pareça a sonoridade deste seu trabalho não passa por algo mais clássico e tradicional. Pelo menos não tanto como se esperaria. Temos uma abordagem trip hop, uma abordagem de classe que integra os elementos electrónicos de um forma muito natural, criando um mundo à parte, um mundo melancólico ainda que bastante negro e desesperançado. Os fãs dos nomes citados atrás vão certamente encontrar aqui algo que procuravam sem saber.

8/10
Fernando Ferreira

Ulver – “Flowers Of Evil”

2020 – House Of Mythology

Ulver sempre foi uma banda aparte no reino da música pesada. Desde os já longínquos tempos do black metal lo-fi até à passagem abrupta para os reinos da música electrónica. A experimentação tem sido uma constante e talvez nesses parâmetros, “Flowers Of Evil” não seja tão revolucionário. Pega no que já tinha feito em “Tha Assassination Of Julius Caesar” e vai um pouco mais a fundo. Não é, contudo, uma desilusão, já que mostra que há um claro desenvolvimento/apefeiçoamente da arte de fazer grandes canções. Aos que ainda têm a esperança de que a banda tenha apresentado algum tipo de som abrasivo, podem já desistir. A música electrónica é prevalecente aqui apesar de se mostrar versátil, muito mais do que se pensaria inicialmente. A cada lançamento, as atenções voltam-se para aquilo que  Kristoffer Rygg e seus pares apresentam.

8/10
Fernando Ferreira

Duocone – “Sudditi”

2020 – Edição de Autor

Janadice da boa. Os Duocone, tal como o próprio nome revela, são um duo italiano que junta um espírito experimental ao alternativo. O baixo é o principal elemento sonoro que em conjunto com a bateria consegue criar uma base cheia de groove. Bem mais interessante do que à patida esta premissa poderia prever. Este EP dos Duocone foi escrito através do Whatsapp durante o confinamento e é um testemunho á criatividade, mesmo que a banda apele para que os vejam a tocar já que a componente visual é tão importante para eles como a sonora. Mesmo sem os ver, posso dizer que gostei bastante da forma como este “Sudditi” soa e como consegue explorar o minimalismo destes dois instrumentos com imaginação. A forma com as cordas se conjugam na “Buon Comleanno Sudo” é impressionante, um dos melhores momentos do disco.

8/10
Fernando Ferreira

Megalophobe – “Music For Resistance Fantasies”

2020 – Edição de Autor

Ora aqui está um daqueles álbuns que sabemos que não é para ouvir todos dias, que sabemos que é desconfortável mas que mesmo assim, não deixamos de ficar rendidos ao seu poder. Um trabalho que une o ambient (vertente fantasmagórica) a algum drone e que causa um desconforto capaz de nos engolir e colocar num ambiente hostil onde a todo o momento se espera um ataque por parte de algo sobrenatural. Não é fácil de ouvir mas é fácil de afectar, seja pela positiva e pela negativa. Para quem gosta de viagens, esta é uma memorável.

8/10
Fernando Ferreira

Lueur Verte – “Crystalica”

2013 / 2021 – Darkhan Music / Apollon Records

Originalmente editado apenas de forma digital em 2013 é a hora deste trabalho ser recuperado e editado agora no formato físico. E para quem possa pensar que o desfasamento temporal é apenas de oito anos, é um erro que pode acontecer aos melhores. Basta ouvir uns segundos para nos apercebemos que o que temos é um festim de revivalismo electrónico da década de oitenta. Tal até poderá parecer pouco excitante, mas para quem cresceu com o cinema e televisão dessa época, há sempre uma parte que fica susceptível a ser sensibilizada por este imaginário. Synth rock, mas sem o synth mas com muita qualidade.

8/10 
Fernando Ferreira

Polyphozia – “Suitcase Of Voices”

2020 – Nefarious Industries

É engraçado que nem tinha dado relevância aos caracteres na capa antes de saber que a banda que se estreia com este “Suitcase Of Voices” é chinesa. Algo invulgar. Tal como o seu som. A China, apesar de todo o seu tamanho e população não tem por hábito deixar transpirar cá para fora bandas pelo que a curiosidade é enorme. O espírito rock indie está forte por aqui, com uma estética que até relembra o pós-rock – pelo menos na carrada de reverb que tem em cima. Uma toada que não é descabida de comparações com os Sigur Ros ou Radiohead, com as devidas (e muito consideráveis) distâncias entre esses nomes e os Poliphozia. Isso não impede que se sinta por aqui esse potencial comercial que se calhar seria mais emergente umas duas décadas atrás do que propriamente agora. Interessante estreia.

7/10
Fernando Ferreira

The Magik Way – “Il Rinato”

2020 – My Kingdom Music

Terceiro álbum dos italianos The Magik Way, que têm uma sonoridade muito particular e algo difícil de rotular. O folk (e/ou neo-folk) e o gótico são dois estilos que se destacam sem dúvida do que podemos ouvir aqui, onde uma aura negra é lançada. A voz de Nequam tem um estilo de crooner das trevas, uma espécie de cancioneiro diabólico que só canta em italiano o que reforça o aspecto peculiar deste lançamento. Apesar de ser bem conseguido – nalguns momentos, como “Il Sacro Dolore”, muito bem conseguido – não é um trabalho que puxe para sucessivas e repetidas audições. A não ser que o vosso gosto passe por este tipo de sonoridade – nada contra isso – e que gostem deste sentimento constante de trevas em cima.

6.5/10
Fernando Ferreira

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