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WOM Reviews – Leviathan / Boreal / Odiosior / Ordinance / Mezereum / Infernal Angels / Ritual Suicide / Ordo Sanguinis Noctis

WOM Reviews – Leviathan / Boreal / Odiosior / Ordinance / Mezereum / Infernal Angels / Ritual Suicide / Ordo Sanguinis Noctis

Leviathan – “Förmörkelse”

2020 – Nebular Carcoma / Bile Noire

O regresso de Leviathan é inesperado mas muito agardado. Depois de um excelente “Far Beyond The Light” lançado dezoito anos atrás (18!), nunca mais se ouviu desta one-man constituída por Phycon, que também não tem andado propriamente parado. Aqui está o segundo álbum de originais que faz parecer que não passou tempo nenhum já que o que nos traz é exactamente um trabalho sequela que é precisamente o que queremos ouvir. Black metal dinâmico com melodias inesperadas mas sempre a manter a aura ameaçadora. É sobretudo de auras e ambientes que o black metal, na minha opinião, vive e neste caso é como se um velho amigo tivesse voltado à vida, sem que nada o fizesse prever (sim algumas resurreições são esperadas). Seja como for, é vício, daqueles que vamos andar a ouvir pelos próximos dezoito anos. No mínimo.

9/10
Fernando Ferreira

Boreal – “The Battle of VOSAD”

2020 – Nebulae Artifacta / King of the Monsters

Quando temos uma banda/projecto/entidade, que demora algum tempo a editar um álbum, a curiosidade desperta sempre. No caso dos norte-americanos Boreal, essa curiosidade é ampliada pela qualidade que este álbum manifesta. Inicialmente, e sem recolher informações prévias, a sensação que fica é que estamos perante algo na onda do dungeon synth ou de uns Summoning, ou seja um black metal mais em espírito ou mais efectivo mas em que os teclados têm um papel preponderante. Nem um nem outro apesar dos teclados terem efectivamente um papel importante nestes temas. E isso causa uma surpresa, já que é das poucas vezes em que sentimos que há algo de refrescante para além do que já conhecemos. Não é original, não se trata disso, mas é interessante o suficiente para que se dê o crédito à sua criatividade. Tenho a certeza que é um álbum que vai crescer com consequentes audições.

8.5/10
Fernando Ferreira

Odiosior – “Syvyyksistä”

2020 – Purity Through Fire

Ao contrário de muitos lançamentos recentes, este “Syvyyksistä” inicia-se de forma “violenta”. Sem dar ao ouvinte a possibilidade de se preparar, A.Vexd (Kangeheet e To Conceal the Horns) arrasta o incauto para uma tempestade de agressividade e fúria controlada. Vindo da escola finlandesa de Black Metal, Odiosior – one man band – tem aqui o seu primeiro álbum, no seguimento do EP de 2019 – “Odiosior”. Que podemos encontrar nestes 7 temas? Black Metal e Melodia e algum groove… de referir que o mentor deste projecto fez parte, anteriormente, de Ghost Brigade (Melodic Death/Doom Metal, Depressive Rock, Post-Metal), o que poderá justificar alguns dos momentos menos Black Metal, por assim dizer, com que somos presenteados. Há bastante atenção ao trabalho de guitarra, também reminiscente do Black Metal finlandês, em que a melodia do instrumento é, na maior parte das vezes, donos e senhor da música. A nível de bateria, o cenário é fortíssimo: consistente e com uma produção que nos permite escutar tudo. No fundo, o som aqui presente não foge muito da fórmula com que temos sido brindados de há anos para cá pelos músicos do país dos Mil Lagos: Peso VS Melodia. Debaixo de um manto de poderio, há uma linha melódica que se une ao anteriormente referido, criando uma teia que se equilibra e complementa. O som é catalogado como Black Metal Experimental… não ia tão longe na sua rotulação, mas considero que o facto do música se ter apartado, um pouco, da linha já traçada, vem aportar frescura e diversidade. Um pouco de Satanic Warmaster, aqui e ali, um pouco mais de algo diferente… acaba por criar umas miscelânea interessante.

7/10
Daniel Pinheiro

Ordinance – “In Purge There is No Remission”

2020 – The Sinister Flame

Finlândia, país ao qual nunca me fartarei de dar alvíssaras pelo Black Metal de imensa qualidade que de lá sai… ou rasteja, tal é o nível de “degredo” que o compõe. Mas, como ocorre quando um grupo de músicos se vê inspirado – em larga medida – por outros músicos que o rodeiam, o som destes acaba por ser bastante similar. Apesar disto não ser totalmente verdadeiro – ou correcto, já agora – não deixa de fazer algum sentido. Não necessito de nomear, a esta altura, músicos / bandas saídos desta gélida nação para que tenham uma ideia da sonoridade a que me refiro. Mas, de vez enquanto, lá surge um grupo de músicos que cria algo, enraizado num contexto, mas que vai para lá deste, assumindo outras formas e sonoridades, ainda que mantenha um “pé na raiz”. Ordinance – projecto que me era desconhecido até este momento – formado por Lauri Laaksonen e Arttu Ratilainen, que desde… desde o início do milénio, se decidiram a espalhar pelo Mundo a sua Arte. “In Purge There is No Remission” é o segundo álbum em 6 anos. Uma peça de Black Metal dissonante, claustrofóbico, cheio e denso; um turbilhão de emoções e sensações, projectadas de encontro ao transeunte. “Gesticulation of Death” e o seu início quase anómalo – para standards Black Metal (?) – mas não de estranhar vindo do caldeirão que é a Finlândia. Bem, não será só o início que poderemos considerar anómalo, mas sim grande parte da estrutura da mesma. De “passada” a meio tempo, a melodia é transversal ao mesmo, com vocalizações profundas e possantes, um trabalho de guitarra fortíssimo e rico em detalhes e intricados pormenores, solos vívidos e opulentos em devaneios! “Obstructed Paths”, que de rompante nos abalroa, sem condescendências. Ainda assim, e no meio de tamanha “violência”, os já referidos detalhes de guitarra sobressaem, actuando como a calma depois da tempestade. 7 temas, todos eles acima da marca dos 5 minutos. Em alguns casos o esforço por parte do ouvinte tende a ser maior, mas na sua essência é um álbum com bastante dinamismo e diversidade. Sempre intenso e melódico, explosivo e delicado. Dicotomias sempre presentes…

7/10
Daniel Pinheiro

Mezereum – “Mezereum”

2020 – Edição de Autor

Da Lituânia temos o primeiro álbum de originais, auto-intitulado, dos Mezereum. Muitas ideias que vão desde o black metal ao death metal melódico (não aquele tradicional, sueco mas o que se fazia por cá em Portugal na década de noventa), até algum doom. Se este tipo de misturas nem sempre resulta em algo conciso e coeso, aqui até que conseguimos retirar uma identidade musical minimamente formada, ainda que embrionária. Esse sentimento de estarmos perante algo embrionário é uma sensação que é dificíl de sacudir e perante a qual temos certeza de que este talento poderá manifestar-se de forma bastante superior num futuro que se espera ser próximo.

6/10
Fernando Ferreira

Infernal Angels – “Devourer of God from the Void”

2020 – My Kingdom Music

Nascidos das cinzas de Hell Burn, os Infernal Angels chegam-nos de Itália e tocam um Melodic Black Metal. Formados em 2002, este “Devourer…” é o 5.º álbum do trio, agora residente em Ancona, Marche. Como anteriormente referido, a banda aposta num Black Metal melódico, sem grandes dinamismos ou “momentos de impacto”. E no que consiste, afinal de contas, a realidade musical da banda? Quando “catalogo” bandas com a label “Black Metal Moderno”, sei que estou a ser mal entendido. Production-wise, sound-wise… o som é limpíssimo, permitindo ouvir todo e cada detalhe da estrutura de cada música, mas soa-me sempre sem alma, oco, morto… arrogante, prepotente e um sem fim de “adjectivos amorosos” para me catalogarem a mim ahahah acaba por ser daqueles trabalhos que, a todos os fãs de Black Metal mais mainstream (não ao nível de uns Dimmu Borgir, Immortal ou uns Behemoth), aquele Black Metal que prima, essencialmente, pela melodia, limpinha e certinha. Não há aqui desafio algum, não há um arriscar! Calma, não posso exigir isso de todos os trabalhos que avalio, isso sería absurdo, eu sei, mas queria algo mais. Não há momentos que vos façam dizer “Wow” ou que exigam uma segunda ou mesmo uma terceira e quarta audição! Very plain, I guess. Ou então os meus standards actuais estão muito longe daqueles do panorama actual. Mas o álbum não é mau, de modo algum, simplesmente não se apresenta como um desafio, e quero desafios!

6/10 
Daniel Pinheiro

Ritual Suicide – “Nocturnal Haematolagnia”

2020 – Esfinge de la Calavera

Black metal Lo-Fi é algo que tem sempre o seu público, tendo picos de “popularidade”. Quanto a mim, aquilo que é mais importante é sempre o ambiente criado. Quem conseguir um ambiente especial, tudo o resto é permitido, som de guitarra que parece produzido num ninho de vespas, baixo e bateria enterrados numa mistura que terá sido feita com falta de condições ou por alguém inexperiente. Os já finados Ritual Suicide (a banda cessou actividade no ano passado) têm neste seu terceiro e álbum final tudo isto, excepto pelo tal ambiente que refiro. Pelo menos não a cem por cento. A ambição revela-se um bocado acima das suas capacidades, principalmente no que diz respeito à duração elevada de grande parte dos temas. Havendo um público específico para isto, esse ficará satisfeito. Outros poderão ficar com dor de cabeça. Edição em cassete.

6/10
Fernando Ferreira

Ordo Sanguinis Noctis – “Chtonic Blood Mysteries”

2019/2020 – Eternal Death

Edição de forma digital do segundo álbum dos polacos Ordo Sanguinis Noctis. Black metal ritualista, primitivo e cru é o traz este duo com um conjunto de temas que apostam mais na criação de ambientes do que propriamente em riffs, ritmos certinhos ou outra qualquer coisa que sugira vontade em querer evoluir no instrumento que se dedicam. Não é uma crítica, é apenas uma constatação de que o objectivo primordial desta entidade prende-se sobretudo com o deitar cá para fora algo mais do que apenas “músicas”. Algo que não está ao alcance de todos, e é assim que deve ser. De certa forma, também não está ao meu alcance porque embora aprecie e defenda a liberdade artística, não consigo valorizar, por vezes, aquilo que ela produz. Como o presente caso.

4/10
Frenando Ferreira

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