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WOM Reviews – Monster Magnet / Bongzilla / Corvus / Boulder / Bleeth / Ethbaal / Anatomia / Red Fang

WOM Reviews – Monster Magnet / Bongzilla / Corvus / Boulder / Bleeth / Ethbaal / Anatomia / Red Fang

Monster Magnet – “A Better Dystopia”

2020 – Argento Records

É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.

8.5/10
Fernando Ferreira

Bongzilla – “Weedsconsin”

2021 – Heavy Psych Sounds

Já se sente o cheirinho no ar não sente? O cheirinho a erva queimada que na minha inocência, numa outra vida confundi com frango assado. Não é frango assado mas é quase tão bom, o regresso dos mestres do stoner/sludge/doom metal. Um regresso aos álbuns, com o último a datar já de 2005. Longa distância que normalmente faz disparar as expectativas para níveis irreais. Expectativas que nunca seriam cumpridas. Convenhamos, os Bongzilla sempre foram mestres do seu estilo de som e não era este tempo todo sem lançar álbuns que iria trazer alguma coisa diferente. Até parece que traz uma certa regressão, mais focados nas suas raízes sabbathianas mas também mais dispostos à bela da jam sem receios de irem para paragens psicadélicas. Iguais a eles próprios, sem surpreender, mas sempre com grande classe. Smok’em if you got’em.

8.5/10
Fernando Ferreira

Corvus – “Adust/Tears Of The World”

2021 – Sanctus Propaganda

Faz todo o sentido que Pete Nash, ex-membro de bandas como Doom, Extreme Noise Terror e Filthkick, referências do crust e punk, tenha tido os Corvus, uma banda bem doom metal tradicional e do bom. Aqui temos numa colecção todos os temas compostos e gravados entre 2009 e 2012, totalizam mais de uma hora de música e da melhor forma. Cru mas bastante “lá”, é fácil nos perdermos perante o groove hipnótico sabbathiano que transpira destas nove malhas. Vício! Até mete pena pensar que isto estava encostado a um canto esquecido e de que não haverá seguimento. Masterizado por Bri Doom (sim, dos Doom), este é obrigatório para os fãs do doom. O género.

9/10
Fernando Ferreira

Boulder – “Boulder”

2020 – Gruesome Records

Mais uma boa banda nacional a iniciar agora carreira, num estilo que até nem temos em abundância: stoner/doom metal que vai para além das paragens mais óbvias e expectáveis do género. Conseguem trazer riffs interessantes, o feeling de jam, sem ter a tentação de andar a encher chouriços. Um trabalho que revela tanto amor pelos clássicos como também propriedades próprias bastante válidas para trazer algo de novo, inclusive a apetência progressiva para desenvolver os seus temas de “A” a “B” – o que vai um pouco para além do óbvio. Não deixa de saber a pouco, infelizmente mas nada que algumas rodagens seguidas não curem. Também tem a capacidade para permitir repetições sem enjoar.

8/10
Fernando Ferreira

Bleeth – “Harbinger”

2021 – Seeing Red Records

Apesar de estar orgulhoso da minha evolução pessoal, com a devida humildade, certas coisas ainda me fazem encalhar. Coisas que nem sequer sabia que tinham esse poder. Como chamar a “Harbinger” o segundo álbum dos Bleeth, quando não chega nem aos vinte minutos. O meu cérebro disse muitas vezes “mas… mas… mas…” que traduzido do nandês para inglês quer dizer “can not compute”. É parvo eu sei, ter algo assim a motivar um entrave na minha análise, mas eu tenho os meus limites humanos e quando os consegui contornar… já tinha acabado o álbum. Não sei se será mesmo para levar a sério a classificação do Metal Archives (corroborada pela ausência de informação a esse respeito na promo) mas esta preocupação é justificada porque há a tendência para olhar para o formato do EP como algo menor e a música aqui contida não merece estar presa a esse estatuto. Tenho que dizer que para o pouco tempo disponível o álbum… o EP… o lançamento é bastante dinâmico mas fica-se com tanta fome de mais que até deve haver uma lei contra isto. O ambiente próprio decadente do noise rock une-se ao sludge e pós-metal para algo muito especial mesmo. Seja que tipo de lançamento se trata, é excelente, é pena é que saiba tanto a pouco.

8/10
Fernando Ferreira

Ethbaal – “Wailing Of The Fuzzslaves”

2019 – Edição de Autor

Ora aqui está um bom nome do doom polaco para quem se estava a interrogar se haveriam muitos. Não é dos géneros que populem mais pelas terras polacas mas definitivamente será, para referência futura, um daqueles que vale a pena memorizar. E isso acontece sem problemas, pelo menos para quem passar por este seu álbum de estreia “Wailing Of The Fuzzslaves” é, como o próprio nome poderá deixar antever, um festim de fuzz “doomístico” e pesadão mas com muita dinâmica, principalmente na segunda metade do álbum. Não há muita informação acerca deles, mas tendo em conta a qualidade da sua música, nem é necessária. Basta relaxar e “doomar” à vontade. Doom on!

8/10 
Fernando Ferreira

Anatomia – “Corporeal Torment”

2021 – Me Saco Un Ojo / Dark Descent

Originários da Terra do Sol Nascente, os Anatomia são uma banda de metal extremo (death/doom misturados com pólvora) que decide lançar o seu segundo álbum este ano. Este último, intitulado de “Corporeal Torment”, é o que se pode esperar de qualquer banda de metal mais extremado. Sai apenas em vinyl, é composto por quatro faixas (três de um lado, e uma do outro) e são todas longas, principalmente a última das quatro que tem uma duração de 21 minutos. Este é sempre um tipo de trabalho de criticar, no sentido em que se prende, mais que nos restantes casos, a questão dos gostos próprios. Passo a descrever: o vocal é do estilo grunhido lento e alongado, a parte instrumental é caótica e parece gravada através de um gravador do outro lado da rua de onde o álbum estava a ser gravado e é tudo bastante gloomy. Mas apesar de isto tudo, é um trabalho interessante de se ouvir, mesmo apesar de ter tudo para que pessoalmente o detestasse. Gostos não se discutem, creio.

7/10
Fernando Ferreira

Red Fang – “Arrows”

2021 – Relapse

Os Red Fang são uma daquelas bandas simples. Rock/metal, cerveja, boa imaginação e boa disposição. E isso permite-lhes muita coisa. Como ter uma capa que tem a capacidade para nos fazer vazar a vista. Ou pelo menos querer vazar a vista. Até mesmo a intro “Take It Back” faz pensar que se calhar a cerveja estava com um grau ou outro a mais. Até a sonoridade mais suje e crua nos apanha desprevenidos mas conforme se sente o amargo sabor da desilusão, vai-se sendo bombardeado por todas aquelas melodias e ganchos que só os Red Fang sabem fazer. Não deixa de ser o álbum mais estranho da banda e menos imediato o que não deixa de ser irónico pela forma como uma banda supostamente simples consegue trocar-nos as voltas. De forma simples. Fica a sensação de desilusão ao início, confesso, sensação que custa a largar por não termos pelo menos um tema que marque e tenha impacto. Há matéria aqui para adubar e fazer crescer o lado positivo da nossa apreciação mas ainda assim esperava-se mais, muito mais.

6/10
Fernando Ferreira

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