WOM Reviews – Hellryder / The Chris Rolling Squad / Eisenhand / Celtic Hills / Black Bomber / Karpenter / Stormwind / On Atlas’ Shoulders
WOM Reviews – Hellryder / The Chris Rolling Squad / Eisenhand / Celtic Hills / Black Bomber / Karpenter / Stormwind / On Atlas’ Shoulders
Hellryder – “The Devil Is A Gambler”
2021 – ROAR – Rock Of Angels Records
Uma das melhores coisas de fazer este trabalho é de podermos ser surpreendidos. E para isso é necessário também colocar-nos a jeito para tal. Como aconteceu comigo ao pegar neste trabalho de estreia dos Hellryder. Para mim era apenas mais uma nova banda, assim que os comecei a ouvir. Uma nova banda com um vocalista que até parecia ser uma versão melhoradada Chris Boltendahl dos Grave Digger. Como se tivesse tido umas aulas de sobriedade com o Lemmy. Claro que tudo fez mais sentido quando me apercebi que era o próprio Boltendahl o vocalista e que ele surge aqui ao lado Axel Ritt (também ele nos Grave Digger). O resto da banda é completada por Steven Wussow (dos Orden Ogan) no baixo e Timmi Breideband (dos Gregorian) na bateria. Claro que aquilo que poderão estar a pensar é que… isto soa a Grave Digger e de certa forma têm razão. Até o lettering do título dá essa indicação. Mas por outro lado os Hellryder permitem-se a ser aquilo que os Grave Digger não conseguem. Livres da carga conceptual e de toda a teatralidade, o que acaba por nos conquistar é mesmo o heavy metal mais próximo de uns Motörhead vitaminados (a referência a Lemmy não foi por acaso) caso estes fossem alemães do que até propriamente o projecto principal. Aliás, até temos um riff gamado da “Civil War” dos Motörhead na “Chainsaw Lilly” (que curiosamente pelo meio tem um lick à Brian May dos Queen). Estão a perceber o esquema? Vale tudo e o resultado disso é muito bom. It’s only rock’n’roll baby.
8.5/10
Fernando Ferreira
The Chris Rolling Squad – “Cannonbal Holocaust”
2021 – Edição De Autor
Esta banda é fantástica. É daquelas propostas que me fazem agradecer (ou sentir agradecido) por poder fazer o que faço. “Spitfire”, o álbum anterior da banda, foi uma das grandes surpresas de 2019, pelo menos para mim que não os conhecia. Agora essa surpresa fez com que houvesse uma enorme expectativa que foi cumprida. “Cannonball Holocaust” é uma bujarda de heavy metal apunkalhado e muito speedado que nos mete logo bem dispostos seja como for que estejamos mentalmente. Há aqui temas que são imediatos como “Trapped Inside” e “Straight Down To Hell” pela sua fúria mas também temas mais melódicos – quer dizer até nos momentos mais pesados e rápidos, a melodia está sempre presente e é essa a sua grande arma – o que faz com que seja uma montanha russa do início ao fim, a qual não nos fartamos. Um daqueles álbuns em que ouvimos duas e três vezes sem se dar conta. Obrigatório!
9/10
Fernando Ferreira
Eisenhand – “Fires Within”
2021 – Dying Victims Productions
É impressionante a forma como a Dying Victims Producitons consegue desencantar bandas que soam tão vintage que o primeiro pensamento que se tem ao ouvi-las é pensar que estamos perante uma reedição. “Fires Within” é o álbum de estreia dos austríacos Eisenhand que é puro heavy metal, podre como tudo, que mais parece registado na sala de ensaios mas com um feeling e uma pureza impressionantes. Temas que surgem de forma imperfeita mas que por isso mesmo são perfeitos. Pronto, sei que isto é o entusiasmo de estar a ouvir este álbum de forma non-stop e de alguém que acha que um dos melhores discos de Iron Maiden é a estreia que tem um som mais podre que tudo. Mas também sou alguém que gosta de boa sonoridade, boa produção e poderosa. O equilíbrio entre os dois mundos não é fácil mas por vezes temos a magia que se encontra aqui e que é rara. Algo que se pode sentir ao longo destes sete temas. Fantástico!
8.5/10
Fernando Ferreira
Celtic Hills – “Mystai Keltoy”
2021 – Elevate Records
Muitas coisas aqui deixaram-me com o pé atrás. Do logo com pouca imaginação, à capa algo confuso e sem qualquer sentido até à bateria com um som digital que se pode ouvir logo desde o início. Mas por vezes o melhor é mesmo largar as defesas e simplesmente deixar a música falar mais alto. E ela fala mesmo mais alto. A questão da bateria poderá acompanhar durante algum tempo mas depressa se absorve o som da mesma como parte das propriedades da música dos Celtic Hills. Heavy power metal intenso e desconcertante, que parece que pega nas regras – desde dos logos às capas – e manda-as pastar. As regras são deles e se o mundo gosta ou não… já não é coisa que os preocupe. O que só faz com que ainda sejam melhores.
8.5/10
Fernando Ferreira
Black Bomber – “Vol. 1”
2020 – Gato Encerrado Records / Violence In The Veins / Hombre Montaña / NoiozeLand Records / Odio Sonoro / El Beasto Recordings
Já se sabe que perante uma mistura de rock com metal e punk, que se pensa logo em Motörhead e os Black Bomber não são excepção. Soa a déjà vú? Um bocado. Isso é mau? Nem por isso, queremos é rockar e este primeiro volume permite que se faça isso sem grandes problemas nem complicações. Descomplicação é mesmo o termo mais apropriado. Mesmo sem grandes expectativas, mesmo sem grande variedade, este é um álbum que nos traz um impacto fantástico e levanta o espírito para cima. Tal como é suposto acontecer com um disco de rock’n’roll sujo. Tal como o Lemmy sempre quis.
8/10
Fernando Ferreira
Karpenter – “Sleepless”
2021 – Rockshots Records
O nome faz pensar no mítico realizador e compositor norte-americano (que trocou definitivamente o cinema pela música nos últimos tempos) e tal não é por acaso. A banda inspirou-se em John Carpenter como homenagem mas também como inspiração, algo que é bastante óbvio nos primeiros momentos deste álbum com a intro/tema-título a recuperar muitos dos ambientes das suas bandas sonoras minimalistas. No entanto, apesar de algum apoio de sintetizadores, o som da banda tem mais a ver com hard’n’heavy musculado e bem moderno – algo ajudado pela voz que dá sentido à comparação a Volbeat. Estreia bastante interessante e valorosa.
8/10
Fernando Ferreira
Stormwind – “Rising Symphony”
2003/2021 – Massacre Records
Reedição do último álbum de originais dos suecos Stormwind que não esconde nada a era em que foi registado. Ao ouvir por meros segundos fica-se logo com a ideia de que se trata de um álbum de power metal sinfónico editado no final da década de noventa, inícios do novo milénio. E tal como a própria vaga parecia estar a esmorecer de energia no presente século, este trabalho também evidencia uns Stormwind não tão esclarecidos como o que se esperava, com algumas escorregadelas marcantes – como a aborrecida “River Of Love”. Por outro lado depois têm momentos fantásticos como “Eyes Of Change” ou até mesmo a cover de Queen, “White Man”. A situação da banda ainda está um bocado indefenida – se acabaram ou não – mas apesar de não ser tão marcante, não deixa de ser uma despedida digna em termos de álbuns.
7/10
Fernando Ferreira
On Atlas’ Shoulders – “Invictus”
2020 – Edição de Autor
A estreia dos alemães On Atlas’ Shoulders têm vários pontos que me deixam intrigado. Intrigado talvez não seja o melhor termo… indeciso. Instrumentalmente trata-se de um heavy metal inspirado com algumas tendências para o progressivo (mais ainda do que supostamente para o lado mais épico do heavy metal tradicional) mas a voz de Marius é bem mais melódica do que aquilo que é suposto. Mais do que ser melódica, falta-lhe carisma para que consiga capturar a atenção de qualquer fã do estilo. Numa proposta mais progressiva ou até mais moderna dentro das sonoridades mais acessíveis seria o indicado. Ainda assim, para quem não sentir a estranheza que senti com a voz, é recomendado.
6/10
Fernando Ferreira