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WOM Reviews – Delving / Mercic / Modern Men Feat. Stéphane Miollan / The Checkered Hearts / Austin Stambaugh / Midnight Betrothed / Murphy

WOM Reviews – Delving / Mercic / Modern Men Feat. Stéphane Miollan / The Checkered Hearts / Austin Stambaugh / Midnight Betrothed / Murphy

Delving – “ Hirschbrunnen”

2021 – Stickman Records

Muito interessante álbum de estreia deste projecto de Nick DiSalvio que, reza a lenda, começou a reunir ideias musicais desde muito cedo e que agora com este álbum, deita-as cá para fora (de certeza que ainda ficaram algumas de reserva). Um álbum instrumental onde o rock progressivo e o ambiente se fundem de forma fantástica tornando esta experiência uma autêntica viagem onde é permitido (e é natural que isso aconteça) abstraír-nos um pouco desta realidade. Esse é um dos pontos de atracção. O elemento ambient faz com que seja um mood bem relaxado que acompanha ao longo destes seis (longos) temas, o que também permite que não existe qualquer tipo de aborrecimento que se instale. Uma estreia promissora.

9/10
Fernando Ferreira

Mercic – “8”

2021 – UNP Music

Tal como disse na review de “7”, “8” foi lançado ao mesmo tempo e conseguiu-me surpreender. Segundo o que seria esperado e mais comum encontrar, quando tempos dois álbuns lançados em simultâneo, um explora mais uma faceta enquanto outro explora outra. E isso não acontece aqui. Se “7” tinha todo um conceito e/ou uma fluidez nos temas, sustentada pela voz narrada enquanto a sua música era mais suave que o normal, “8” é instrumental e mesmo sem ser tão visceral quanto o que seria previsível, consegue ser bastante distinto do seu trabalho irmão. Há um peso opressivo, uma frieza (própria do industrial) que é fácil de associarmos filmes de ficção científica. Aliás, o espectro de banda sonora é algo que lhe acenta muito bem. Mais abrangente em termos musicais, apesar de unidimensional na atmosfera, e com um momento mais intenso de peso (a homenagem a Johnny Coroa com “The Crown Belongs To Johnny”), esta foi definitivamente uma excelente surpresa. Fica a curiosidade para ver qual será o próximo passo do projecto que surge desta forma revitalizado.

8.5/10
Fernando Ferreira

Modern Men Feat. Stéphane Miollan – “La Rivière de Plomb”

2021 – Soza

Não é a primeira vez que temos uma banda sonora para filmes imaginários. Nem será a segunda, mas pela qualidade que estes projectos normalmente reuném, até que é uma tendência que não cansa. Os Modern Men juntaram-se ao guitarrista Stephane Miollan e o resultado é tanto assombroso como marcante. Musicalmente podemos enquadrar esta joint venture no campo do ambient experimental, hipnótico mesmo no ponto de gerar alguma inquietação. Alguns mopmentos de visceralidade surgem – como na “Tour De Garde” – mas a presença de uma viagem às custas da manipulação das ondas alfa está sempre presente. Poderá a música ambient ser relaxante e opresseiva ao mesmo tempo? A resposta está mesmo à vossa frente.

8/10
Fernando Ferreira

Mercic – “7”

2021 – UNP Music

Este é um álbum diferente para Mercic, o projecto industrial português levado a cabo por Carlos Maldito. Se a faceta mais corrosiva sempre esteve presente na sonoridade dos Mercic este sétimo trabalho (que foi lançado simultaneamente com o oitavo), aqui é explorada uma faceta mais cool que muitas vezes roça o chill out e o trip hop. É valorosa a vontade de trazer algo de diferente e que resulta em manter o interesse renovado em relação ao projecto. As narrações em português também trazem valor acrescentado em termos poéticos. Uma experiência bem sucedida.

7.5/10
Fernando Ferreira

The Checkered Hearts – “Joystick”

2021 – Chicanery Chick

Quando o calor começa a apertar, ainda que timidamente é som de trabalhos como este “Joystick” que dá especial prazer, principalmente se for para servir de banda sonora a momentos cerrados de apatia – por temos momentos da existência em que é suposto não se fazer nada e não nos preocuparmos com isso. Momentos que é preciso aproveitar da melhor forma. É como o duo norte-americano composto por Hillary Burton e Lisa Mychols nos mostra com seis temas leves que vão do rock pop ao indie com enorme facilidade e desenvoltura. Descartável? Um bocado. Como o próprio tempo que passa por nós sem que nos apercebemos mas isso também não lhe retirar valor. Descontrair é preciso.

7/10
Fernando Ferreira

Austin Stambaugh – “The Magnolia Sessions”

2021 – Anti-Corporate Music

Não me canso dizer como sou fã destas “Magnolia Sessions” e como as mesmas têm apresentado nomes bastante interessantes dentro do folk/Americana que nos chega dos E.U.A.. Austin Sambaugh é um deles embora não me tenha sido tão imediato como os outros que já foram lançados. Isto porque a sua fórmula vai beber ao blues mais cru que nos remete para as primeiras gravações que existem. Uma guitarra, uma voz sofrida e muita alma. A questão é que o timbre de Austin acaba por usar quase sempre a mesma entoação (ou tipo de entoação) o que faz com que a sua prestação acabe por cansar mais que o devido. Para os fãs dos primórdios dos cantautores, uma proposta interessante.

6.5/10 
Fernando Ferreira

Midnight Betrothed – “Dreamless”

2021 – Northern Silence Productions

Pessoal do dungeon-synth e/ou fã de bandas como Summoning, está aqui uma proposta que vos é capaz de motivar. Sem grandes informações sobre este projecto, a única coisa que sabemos é que os Midnight Betrothed são uma one-man band australiana que apresenta o seu álbum de estreia que é bem mais baseado em teclados do que noutro instrumento qualquer – apesar das vocalizações grim que sugerem outra coisa. As melodias nos teclados são bonitas e a apelar aos que gostam da faceta melódica/gótica que se foi insurgindo no estilo na segunda metade da década de noventa. Apesar de serem boas, esta produção é terrível e é algo que nos tira o entusiasmo principalmente na distorção digital manhosa que vamos tendo. Potencial para fazer melhor mas com estas condições é difícil.

4/10
Fernando Ferreira

Murphy – “Murphy”

2021 – M & O Music

Capa bem construída que puxa o interesse do habitual fã de metal. Já a música – que é aquilo que interessa – é capaz de ter o efeito contrário. Apesar do ambiente synth opressivo da primeira faixa “First Blood” e das vocalizações agressivas, o que se tem de uma forma geral é electro a puxar à música de dança (daquela que nos fez todo sofrer décadas atrás quando tínhamos que, por um motivo o outro, socializar em ambientes nocturnos). Alguns ambientes, confesso, são bem conseguidos mas já vimos coisas bem mais sujas e abrasivas por aí e o aspecto synth retro não favorece neste contexto.

3/10
Fernando Ferreira

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