WOM Report – Revolution Within, Destroyers Of All, Soul Of Anubis @ Metalpoint, Porto – 20.11.21
Todos os concertos que tinha visto este ano tinham sido festas de apresentação de álbuns que a pandemia tinha “empatado”; soube bem ir a um evento organizado só porque sim, só pela vontade das bandas de subir a um palco e tocar para nós – como “nos velhos tempos”, que na verdade foi há menos de dois anos atrás mas parece ter sido numa outra vida.
Também teve um gostinho especial recordar a força catalisadora que o sludge tem – ia preparada para o mosh em Destroyers Of All e Revolution Within, mas tive de activar essa preparação logo por volta da segunda música dos Soul Of Anubis. Claro que a garra destes contagia; já os vi algumas vezes ao vivo e em todas elas descarregaram uma energia a que ninguém fica indiferente. Mas mesmo sabendo disso, confesso que não contava com este feedback e foi uma surpresa muito agradável, pois é merecido. Tocaram quase todo o seu último trabalho, “The Last Journey”, deixando apenas “Purge The World” e “The King” de fora, que substituiram por “Ba’al” e “The Monster Among Us” do álbum de estreia com o mesmo nome desta última. Entre os agradecimentos às outras bandas do cartaz e ao Hugo do Metalpoint, Hugo Ferrão incluiu o público, por estarmos ali “no sludge com eles”.
O concerto dos Destroyers Of All começou com um pequeno desentendimento entre o baterista Filipe Gomes e o guitarrista Guilherme Busato relativamente à intro. João Mateus preencheu o curto tempo que levou a resolver o malentendido com o relato de uma troca (fictícia, adianto já) de acusações de culpa entre os colegas como se fosse um combate de boxe. Já mais à frente, ao agradecer ao Hugo (“sempre humilde”), referiu-se ao Metalpoint como uma casa “com mais anos que ele”… Piadas à parte, a banda de Coimbra fez jus ao seu nome e desde a primeira “False Idols” à última “Break The Chains”, lá tive eu de ter o tal cuidado para não ser levada pela euforia de quem estava do lado de cá do palco (ainda que a partilhasse), que igualou a que vinha de quem estava em cima deste.
Os Revolution Within estiveram a um passo de cancelar o seu concerto devido a doença do vocalista Raça (não, não foi Covid – continuam a existir muitos mais virus e bactérias a forçarem-nos a ficar de cama) mas se o próprio não o tivesse dito, nem eu nem ninguém teria suspeitado – a berrar e a mexer-se daquela maneira? Creio que ele encontrou uma boa parte da força para recuperar nesta incerteza que a nova variante está a causar e que, perdendo esta oportunidae, não sabia quando poderia ter uma outra, aconselhando “aproveitem bem todos os concertos, antes que isto volte tudo a fechar”. Aqui, já estavam a fazê-lo, receando o futuro ou não.
Raimundo Oliveira (Tales For The Unspoken e Terror Empire) já tinha tido a sua estreia como novo baixista dos Revolution Within no Mosher Fest, uma semana antes, na Figueira da Foz, mas esta foi a sua apresentação ao “pessoal do Norte” – com Raça a pedir uma ovação reforçada por a banda ser de Santa Maria da Feira e Raimundo de Arganil. São já quatro álbuns na sua discografia e ficou tanto por tocar, mas terminou com os clássicos obrigatórios “Pure Hate” (a wall of death da praxe incluída) e “Silence”, e em “Days Of Anger” Lucas Bishop dos Downfall Of Mankind deu uma ajudinha na voz – e no incentivo ao mosh. Não acredito que “volte tudo a fechar”, mas algumas restrições hão-de diminuir o número de eventos; estou sinceramente contente por ter marcado presença num deste calibre antes de isso acontecer.
Texto e fotos Renata Lino
Agradecimentos Revolution Within
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