Review

WOM Reviews – Velka / Castle Of The Winds / Ouija / Carathis / Sulfure

WOM Reviews – Velka / Castle Of The Winds / Ouija / Carathis / Sulfure

Velka – “Purgatori Ignis Iudicium”

2021 – Base Record Production / Necromance

Primeiro álbum desta banda anónima espanhola e que nos serve black metal bem brutal e com grandes dinâmicas. Isto de ser bruto e dinâmico não é para todos principalmente no black metal mas os Velka fazem-no com mestria. Este trabalho vai buscar força tanto às inspirações mais escandinavas (no tipo de riffs) como também as dotam por vezes com uma aura mais death metal, seja principalmente pelas diferentes vocalizações que usam frequentemente assim como na produção in-your-face. A voz é mesmo o ponto mais eficaz na dinâmica com diversas trocas e conjugações de diferentes tipos de abordagem, incluindo as vezes em que vão alternando os canais – ora no lado direito, ora no direito, ora ao centro. Um trabalho lançado na reta final de 2021 mas que acreditamos que vá ganhar especial destaque entre os apreciadores do género.

8.5/10
Fernando Ferreira

Castle Of The Winds – “Until Segontium Burns”

2021 – Edição De Autor

A nostalgia é uma grande parte do negócio. Seja ele qual for, mas sobretudo na arte. E há que saber aproveitar isso porque nem sempre o que é nostálgico é bom. Por exemplo, quantas vezes não vamos ver aquele filme ou série que não víamos há décadas e logo nos primeiros segundos ficamos com sensação de que devíamos estar embriagados para ficar de tal forma impactados com tal coisa? O mesmo pode acontecer na música. Se falarmos numa das muitas modas do metal extremo, como a explosão de tudo o que era black metal na década de noventa, temos a perfeita noção de que grande parte da (muita) oferta existente não tinha propriamente o nível qualitativo que se apregoa. Isto tudo para dizer o quê? Que uma banda ou projecto como os Castle Of The Winds sabe aproveitar esse impacto nostálgico não indo buscar propriamente o que se fazia na altura, mas capturando aquilo que nós achamos que se fazia na altura. Temas épicos, na maior parte das vezes uptempo onde o tremolo picking é rei e a imaginação ajuda a criar e a entrar em mundos fantásticos, tudo coisas que até que nem acontecem tanto assim hoje em dia, pelo menos não da forma como acontecia antes. Um álbum de estreia bem interessante para quem gosta do seu black metal épico e meio melódico mas de forma a que não nos envergonhemos daqui a duas décadas.

8.5/10
Fernando Ferreira

Ouija – “Selenophile Impia”

2021 – Negra Nit Distro

Após uma longa ausência das edições (oito anos), nuestros hermaños Ouija regressam com um EP que contém três temas de black metal forte e muito construído. A base das composições nas guitarras é uma vantagem que faz que a banda sem grandes gimicks e apenas com o poder de excelentes e agressivos riffs consigam causar uma excelente impressão. Aliás, basta o primeiro tema, que também é o tema-título, para causar um grande impacto. Bom regresso.

8/10
Fernando Ferreira

Carathis / Sulfure – “Split”

2021 – Personal Records

O Black Metal e as suas milhentas abordagens / roupagens / o que quer que seja: Áustria e Canadá; Carathis e Sulfure. Qualquer um dos nomes era-me totalmente desconhecido, o que não me espanta se tivermos em conta a quantidade de bandas / projectos que por aí andam. Verdade seja dita, já muito poucos me chamam a atenção… anda tudo a fazer cópia a B&W do vizinho do lado. Boring. Que temos aqui? Ora bem, do lado austríaco temos um Black Metal com bastante melodia, e com algum daquele kick do Punk (mas nada primitivo ou visceral), ocasionalmente, e um groove pouco usual neste género. Este pessoal (o senhor por trás de Ancient Mastery, Epic Black Metal bastante aconselhável) mete o pé no acelerador, mas quando tem que reduzir, fá-lo de uma forma bastante fluída e consistente. Dizer que é Black Metal moderno, seria um erro; dizer que é uma abordagem ao género, com uns “aromas” pouco usuais (os grooves já mencionados), será uma boa forma de o pôr. Prestação bem positiva. Seguimos para o Québec, onde a oferenda se mostra distinta da primeira. Os Sulfure, à semelhança dos parceiros, são bastante recentes, e apresentam-se de uma forma muitíssimo mais visceral e caótica! Enquanto que Carathis vive numa esfera mais melódica (quiçá seja a influência de Ancient Mastery), os canadianos são mais… “brutos”. Muito mais directos e pesados que Carathis, Sulfure tem uma sonoridade mais áspera e pungente. De imediato nos agarram pelo pescoço, lançando-nos de encontro a uma parede, prosseguindo a pontapear-nos sem condescendência. Guturais, e uma bem presente secção rítmica, marcam o passo ao qual se move esta máquina vinda de terras geladas. Possuidores de um som que é, na sua essência, melódico, a sua proposta é muito mais cortante e acutilante. Duas faces da mesma moeda, talvez.

7/10
Daniel Pinheiro

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