WOM Reviews – Restless Spirit / Pachiderma / Antabus / Slog
Restless Spirit – “Blood of the Old Gods”
2021 – Lifesblood
Com um pé no sludge, outro no doom, outro no stoner e outro no progressivo, só podemos chegar à conclusão de que os Restless Spirit têm quatro patas. Quatro patas que não os diminuem em nada em relação a todos os outros. A sua música, que tem um cariz algo tradicional, faz com que todos os estilos atrás mencionados, todos eles bem definidos nas suas características base, assumam nova vida quando em conjunto. Vejamos (ou ouçamos) por exemplo o primeiro tema (a sério, sem contar com a intro “The Betrayer”) “Judgement And Exile” e a forma como o lick de guitarra se torna viral cá dentro e faz com que se fique apaixonado por todo o álbum naquele momento. Tudo o resto que vêm (e muita coisa boa vem) é bónus. Excelente álbum e um dos grandes de 2021 do sludge/doom, definitivamente!
9/10
Fernando Ferreira
Pachiderma – “Il Diavolo, La Peste, La Morte“
2021 – Argonauta
Vocês já sabem que damos muita importância à capa dos discos. Por muito que se viva na era digital e mais que nunca, a música é imaterial, a apresentação gráfica continua a ser um elemento ao qual considero de enorme importância. Continua a ser o veículo de identidade onde poderá estar contida não só o resumo do trabalho assim como uma identificação da banda. O que dizer então desta capa? Que o melhor é mesmo passar à música que por acaso até é reflexo da arte gráfica mas em bom. Isto é, temos uma atitude “quesafoda”, som orgânico, meio podre e totalmente esquisito, como a capa. No entanto, se a capa nos causa uma impressão negativa, os mesmos elementos causam um impacto duradouro principalmente para quem quer sludge doomíco e apocalítptico. Os samples (em italiano), a atmosfera e a música que resulta dela fazem com que no final este seja mesmo álbum ao qual nunca julgaríamos gostar tanto. É verdade o que dizem, nunca se deve julgar um livro pela sua capa. Ou álbum.
8.5/10
Fernando Ferreira
Antabus – “Season Ender”
2021 – Fono Music Distribution
Estão a ver o psicadelismo da capa? É isso mesmo que nos sugere a música. Aquela viagem pachorrenta de quem não tem pressa de chegar ao destino ainda para mais porque não sabe qual este é. E isso torna-se especialmente evidente ao longo destes trinta e três minutos de música. Há uma calma que estes riffs transmitem, o ritmo meio apático e relaxado com a bateria e o baixo a groova, e com os teclados e as guitarras a mostrar pormenores interessantes que compõem o quadro de forma a nos deixar bem instalados e prontos a seguir caminho. Poderão acusar “Season Ender” de faltar-lhe nervo e garra associada ao rock como um todo, mas o que lhe falta nisso temos em feeling psicadélico. Uma viagem pelo passado, para o futuro em direcção ao nenhures. Porque não é o destino que interessa e sim a viagem.
8/10
Fernando Ferreira
Slog – “Graves”
2021 – Transylvanian Tapes/Morbid And Miserable
Um trabalho de estreia que nos remete para o lado mais primitivo e cru da música extrema. Demos a cavernância do death metal, temos o lado mais lo-fi do black metal e a sua ambiência e temos os ritmos mais compassados do doom metal, que em conjugação com os elementos death metal fazem uma parelha imbatível. Não sendo um trabalho único – remete-nos imenso para aquilo que se fazia no underground na transição de décadas entre os anos oitenta e os anos noventa – consegue cativar-nos pela força com que o seu ambiente nos bate em cima. Mais do que músicas específicas ou até mesmo riffs específicos, é esse ambiente que nos marca e que tem um maior impacto. Sendo para um nicho reduzido do underground, os fãs do lado mais primitivo vão ficar satisfeitos.
7/10
Fernando Ferreira
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