Review

WOM Reviews – Jirm / Burial / Gutterfire / Serpent Cobra

Jirm – “The Tunnel, The Well, Holy Bedlam”

2022 – Ripple Music

De Estocolmo, uma dose generosa de rock psicadélico e psicadélico com laivos de stoner/doom. Uma dose generosa em quantidade (quase uma hora de música) como em qualidade. Como toda a boa música psicadélica, a capacidade de nos abstrairmos (tendo o som como guia e apego a algo concreto) é fantástica. Apenas precisamos de nos encostarmos e deixar o mundo rodar. Ele vai rodar de qualquer forma, não é verdade? Assumir apenas a posição de contemplação, sem questionar, apenas observar. E depois começamos a questionar aquilo que supostamente seria normal, à medida que assume formas cada vez mais estranho. Obriga a enraizar-nos, nem que seja enraiazamento na maionese, mas a forma como joga com todas as percepções não deixa de ser viciante. O lado trippy é a sua melhor e mais eficaz característica, é essa que nos faz querer perder nele – “Deeper Dwell” resume bem este ponto, com uma certa toada mais jazzística. Uma trip que queremos repetir cada vez que pudermos.

9/10
Fernando Ferreira


Burial – “Inner Gateways To The Slumbering Equilibrium At The Center Of Cosmos”

2021 – Everlasting Spew

A podridão alastra, já cantavam os Peste & Sida, mas aqui alastra de uma forma perfeitamente adorável. Após já alguns anos de carreira e alguns lançamentos menores, temos finalmente o álbum de estreia dos Burial que evocam a podridão (lá está) do death metal sueco e lhe juntam um saudável sentimento de doom metal que torna a música ainda mais sufocante. Death/doom clássico e de grande impacto claustrofóbico. Não é a música para celebrar um belo dia de sol, aliás, o seu poder é mesmo de conjurar as mais negras nuvens propícias a uma bela tempestade de Inverno. Algo que o último tema, um épico de treze minutos tão bem demonstra.

8.5/10
Fernando Ferreira


Gutterfire – “Chill”

2022 – WormHoleDeath 

Ao ver esta capa, não sei porquê pensei logo em punk – talvez fosse da crista do galo – e foi uma surpresa agradável ver a toada meio doom com que começa e com a voz Photon Jon a lembrar o recentemente desaparecido Eric Wagner, ex-Trouble. Lá mais para a frente as coisas começam a ficar mais claras, onde a costela punk começa a torna-se mais evidente assim como um espírito hard rock. As coisas não ficam claras o suficiente para que seja facilmente decifrável aquilo que fazem mas fazem com que “Chill” seja um trabalho que nos consegue puxar e entreter em pouco mais de quarenta e seis minutos tudo graças a uma mistura de vários géneros musicais e influências que resultam muito juntas e trazem algo minimamente original.

8/10
Fernando Ferreira


Serpent Cobra – “Beware”

 2021 – Helter Skelter Productions / Regain Records

Como não só de Black Metal vive o Homem, testemos as águas com estes Serpent Cobra, originários da Argentina, e cujo som vive ali nos pântanos do Sludge e do Stoner, com uma queda para aquele Doom Clássico (posso dizer clássico?) na onda de Pentagram. Adoro que a produção seja podre, quente, “velha”! Assim quero o meu Doom, sem dúvida. Sem motivos para espantos sexistas, temos uma vocalista, com uma voz bastante suave e melódica, nada de cavernícula bruta! Como acima referido, há um groove muito anos 70, muito movido a drogas e ritualismos sexuais (o que quer que isto seja). Não são originais, mas cheguei a um ponto em que há nichos onde não conto encontrar originalidade, mas sim bom desempenho. A 2.ª malha é um instrumental, e muito porreiro: lento, delicado, um bom trabalho de guitarra (aqui entra a veia sul-americano e o tango). Interessante. Quand penso neste Sludge / Stoner reminiscente de sons antigos, tendo a virar a bússola para Electric Wizard. Assumo que não sou grande conhecedor de Sludge / Stoner, mas os britânicos são a bítola pela qual me guio são só 3 malhas, malhas essas onde se ouve o baixo, o que cria aquelas cadências tão… Slugdy. A última malha volta a um groove pesado e bastante dançável, quase que me levando para Seattle nos anos 90 (Sludge e Grunge foram paridos pela mesma meretriz, deal with it). Continuamos a ter um belíssimo trabalho de guitarra e uma consistência baixo / bateria, fortíssimos. Há aqui estrutura sólida, há sim senhor.

6/10
Daniel Pinheiro


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