WOM Reviews – Deathspell Omega / Aegrus / Funeral Mist / Black Whispers
Deathspell Omega – “The Long Defeat”
2022 – NoEvDia
Intensionalmente envoltos numa espécie de aura de ocultismo e mistério foram eles que deram o derradeiro impulso na prolífica torrente de Black Metal Francês, falo como é obvio dos incomparáveis Deathspell Omega. Autores de verdadeiros manifestos do mais arrojado e impoluto Black Metal como a sublime trilogia ‘Si Monumentum Requires, Circumspice’, ‘Fas – Ite, Maledicti, In Ignem Aeternum’ e ‘Paracletus’ ou os míticos EP’s ‘Kénôse’ e ‘Drought’ o hermético trio Gaulês chega a 2022 com uma nova proposta na bagagem, o seu oitavo trabalho de originais intitulado ‘The Long Defeat’. Com uma singular capacidade de composição os Deathspell Omega têm-se distinguido entre as demais bandas de Black Metal não só pela sua ímpar perspectiva do benefício que o Avant-Garde pode incutir na criatividade deste infame subgénero mas também pela sua obsessão por uma tendência que explora de forma bastante transcendente tudo o que é profano, blasfemo, herege ou demoníaco. ‘The Long Defeat’ mais uma vez nos transporta numa viagem dantesca, lancinante e tenebrosa onde a parte ambiental é verdadeiramente avassaladora e envolvente. Um particular destaque para a sensacional ‘Our Life Is Your Death’, um final apropriado para mais uma “masterpiece” desta excepcional banda.
9/10
Jorge Pereira
Aegrus – “The Carnal Temples”
2022 – Osmose Productions
A Finlândia é sobejamente conhecida – e reconhecida – pelo que tem aportado ao Black Metal desde os primóridos da 2.ª vaga. Uma melodia característica, tal como uma agressividade que não se vê minimizada ao lado de outros mastodontes do género. Será, quiçá, esta melodia tão reminiscente das paisagens naturais do país, que fazem com do Black Metal Finlandês aquilo que é. Aegrus é um perfeito exemplo das capacidades criativos dos habitantes destas terras geladas. Formados em 2005, desde então têm criado música com uma consistência bastante elevada, seja em qualidade, seja em periodicidade. A referida união entre o Melódico e o Agressivo, sem que este último tome as rédeas da música, permitindo um crescendo de intensidade, é a mais-valia deste deste trabalho, e deste quarteto. “In Death Rapture” e a sua quebra, as passagens melódicas, o desacelerar o passo da música, tornam-na ainda mais possante, ainda mais “agressiva”. Aquela quase cavalgada, tão presente no Black Metal finlandês, e mesmo sueco, remete-me para muitas das bandas que me introduziram ao género. Nem sempre a agressividade, e a velocidade desmesurada, conseguem passar as emoções certas. Aqui, o quarteto aposta em abrandar, em seguir caminhos ainda melódicos, e vitória. Podiamos referir o riff inicial de “Moonlit Coffinspirit” como soberbo! E vamos, óbvio. Aegrus é Black Metal Melódico, ponto; mas não é Black Metal Melódico, fraco. Tem força, tem alma. Quase palpável é o sentimento. Pessoalmente, e sendo conhecedor de alguma da história criativa da banda, vejo este EP como um passo evolutivo. Wait… não se inventa a roda, mas não é esse o desejo presente, e a banda sabe-o, I guess. Anyway, Aegrus poderá ser vista, pelos experts, como uma banda de “segunda linha” do Black Metal finlandês atrás de nomes como Behexen ou Horna (ou Beherit), mas são mais que válidos, e mais que relevantes hoje, Séc. XXI. A escutar com atenção.
8/10
Daniel Pinheiro
Funeral Mist – “Deiform”
2021 – NoEvDia
Como já tem vindo a ser uma tradição não oficializada dentro do black metal satânico, Deiform inicia-se com tons monásticos e cânticos clericais que passam a ser acompanhados por uma bateria indiferente e um vocal demoníaco. A partir daí entramos no mundo infernal de Arioch, o músico responsável pelo projeto/banda Funeral Mist. No geral, o álbum abandona o já referido ambiente religioso a partir da segunda faixa optando por um som mais habitual do black metal (não cru), tornando-se um trabalho mais familiar, mas preservando sempre a qualidade obscura. Positivamente, o álbum não se prende à vertente mais demolidora do género, alternando entre uma explosividade do black metal e a excentricidade de estilos mais virtuosos, sendo a segunda metade da quarta faixa o exemplo mais óbvio e positivo disso. Resumidamente, música do diabo tradicional, mas sem fartar o gosto.
7.5/10
Matias Melim
Black Whispers – “Dusk”
2021 – GrimmDistribution
Ninguém diria que os Black Whispers são da Costa Rica ao ouvir este “Dusk”. Isto porque tem uma aura tão negra e tão tradicionalmente (ou melhor dizendo, “escandinavamente”) grim e necro que nos parece mesmo saída da Noruega. Claro que estas primeiras impressões já não querem dizer nada e o local de origem nem é indicador de qualidade nem tão pouco daquilo que se faz. E para clarificar, apesar de ser black metal como manda a lei da segunda vaga, há uma enorme componente melancólica – ou não estivessemos também numa proposta de black metal depressivo – que ajuda a atingir alguns pontos de originalidade em relação à ideia inicial. Sólido e sem entrar em exageros dramáticos, “Dusk” pontua sobretudo pela sua sobriedade.
7.5/10
Fernando Ferreira
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