WOM Reviews – Jonas Lindberg And The Other Side / Cró / Mythopoeic Mind / Blinded By Hope
Jonas Lindberg And The Other Side – “Miles From Nowhere”
2022 – InsideOut Music
Não é uma one-man band mas é quase. Não é rock progressivo da década de setenta mas quase que parece. “Miles From Nowhere” é daqueles álbuns que parecem fáceis de definir e depois vai-se a ver e não é bem aquilo que parece. Só há algo que não engana, a qualidade. O feeling clássico que temos por aqui não impede de ter uma tonalidade moderna. Não é retro mas também não abusa dos lugares comuns que a música moderna sofre (incluindo a progressiva). Se inicialmente poderá não nos chamar a atenção, a classe de temas como “Summer Queen” ou a sequência de temas que dá título ao álbum é tão boa que no final nem se quer saber se é moderno ou retro porque música desta está acima dessas classificações. Está agora como estará daqui a muito tempo.
9/10
Fernando Ferreira
Cró – “Buah!”
2022 – Spinda
Os Cró são um dos bons nomes da cena psicadélica espanhola e para isso nem era preciso vir este disco a comprovar o que já é um facto. Ainda assim, sabe muito bem ouvir estes temas e a levar com a abordagem refrescante da banda que tem uma identidade muito própria e que passa ao lado dos lugares comuns do psych rock e até space rock. O facto de ser cantado em espanhol também joga a seu favor. Os temas surgem como tapeçarias autênticas que acabam por nos prender tal como uma mosca numa teia de aranha. A diferença é que nesta situação o final é muito feliz – podemos sempre voltar a colocar de início. O trabalho poderá ser substancialmente diferente, como já disse, daquilo que seria esperado de uma banda de psych rock mas é essa uma das suas principais armas. “Buah!” impõe-se como um disco a descobrir e redescobrir a cada audição.
8.5/10
Fernando Ferreira
Mythopoeic Mind – “Hatchling”
2022 – Apollon Records Prog
“Hatchling” é o culminar do pensamento sonhador de Steinar Børve, o membro fundador da banda de rock progressiva norueguesa. O grupo apresenta-se de forma inovadora e lúcida numa viagem quase poética e narrativa, que contém momentos muito interessantes e ideias polivalentes. Apesar de apresentarem um rock progressivo muito melódico e instrumental, o receio é que possam ser confundidos com outras bandas icónicas e históricas, tais como Yes ou Ayreon, denotando-se um esquema orquestral e instrumental muito semelhantes a estas duas bandas, bem como a outras. O estilo não é novo, mas é inspirador ouvi-lo de forma tão eficaz em pleno 2022, apesar do lançamento em Agosto de 2021. Não é um álbum fantástico, pois não é original, sentindo-se também alguma criatividade excessiva a amontoar-se em muitos momentos, no entanto, é um disco melódico, interessante e com belos momentos sonoros e narrativos.
6/10
João Braga
Blinded By Hope – “We Are”
2022 – WormHoleDeath
Primeira abordagem? Pé atrás. Como já disse em análises anteriores, a sonoridade moderna com que algumas propostas que se assumem como metal progressivo causou uma alergia que começa a ser crónica e que não favorece ninguém, sobretudo as bandas. Neste caso, alguns trejeitos mais modernos acabam por criar esse efeito indo até contra o que as próprias músicas. Depois de um pouco de interiorização com a identidade da banda, este sentimento vai-se atenuando mas sente-se sempre como uma luta pela harmonia, uma luta que nem sempre é vencida. As guitarras com afinação mais grave acabam por distrair em demasia e por nos levar para longe do potencial melódico e atmosférico que os temas têm, entrando quase em conflito com as vocalizações. É um trabalho mau? Não, longe disso mas também não consegue marcar pela positiva ao ponto de o querermos ouvir repetidas vezes. Mesmo tendo muito potencial.
6/10
Fernando Ferreira
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