WOM Reviews – Killing Joke / Absent In Body / Haunted By Silhouettes / Hasswut
Killing Joke – “Lord Of Chaos”
2022 – Spinefarm
Nascidos das cinzas do Post-Punk os Killing Joke são uma daquelas bandas em que assenta na perfeição a designação de singular. As suas excepcionais capacidades de adaptação à própria evolução da música sem nunca perder o foco no seu raio de acção sonoro têm-lhes permitido uma invulgar longevidade pautada quase sempre por um assinalável nível de qualidade. Foi a partir de do seu álbum homónimo de 2003 que os Killing Joke absorveram em definitivo uma variante de Industrial que mantêm até hoje, exponenciada por álbuns formidáveis tais como ‘Hosannas From The Basements Of Hell’ (2006) e ‘Pylon’ (2015). Precisamente sete anos depois de ‘Pylon’ os Killing Joke voltam a dar sinal de vida com ‘Lord Of Chaos’, um EP de quatro faixas separado entre duas originais e dois remixes. Se em ‘Total’ e no tema titulo podemos mais uma vez comtemplar toda a capacidade inventiva da banda em ligar os resquícios do Post-Punk com uma variante de Industrial configurada por riffs hipnóticos e dissonantes evolvidos na ressonância do timbre de Jaz Coleman, em ‘Big Buzz [Motorcade Mix]‘ e ‘Delete In Dub [Youth’s Disco 45 Dystopian Dub]‘ percebemos na íntegra o outro grande fascínio dos Killing Joke, a sua capacidade para reformular e transformar os seus próprios temas.
8.5/10
Jorge Pereira
Absent In Body – “Plague-God”
2022 – Relapse
Pensar-se que uma formação composta por Scott Kelly (Neurosis), Mathieu Vandekerckhove e Colin H. Van Eeckhout (Amenra) e Igor Cavalera (Sepultura/Cavalera Conspiracy) seria bastante surpreendente é um eufemismo, no entanto ela não só real como começou com grande aparato, falo da novíssima banda Absent In Body a propósito do seu álbum de estreia ‘Plague God’. Esta espécie de supergrupo marca desde logo uma posição de força com esta verdadeira bomba de vigoroso, imponente e mastodôntico Post-Metal indissociável (como não poderia deixar de ser) do pungente e holístico Atmospheric Sludge Metal. Se a influência de uns Neurosis na sua versão mais maturada era virtualmente inevitável os Absent In Body conseguem contudo delinear com precisão a sua diferenciação sonora adicionando outros ingredientes que até seriam à partida insolúveis tais como o Doom Metal e até uma ínfima porção de Industrial versão Godflesh. Os arrasadores, austeros e cruéis riffs de faixas como tema titulo, ‘Rise From Ruins’ ou a dilacerante ‘The Half Rising Man’ fazem de ‘Plague God’ um fogo de queima lenta que tem tudo para se transformar num intenso e inextinguível incêndio de proporções impensáveis.
8/10
Jorge Pereira
Haunted By Silhouettes – “No Man Isle”
2022 – Eclipse
Regresso dos Haunted By Silhouettes nestes tempos pós-pandemia (já podemos dizer isto, certo?) com um EP de quatro temas (cinco a conter com a pequena intro) que mantém viva todas as suas principais características – melodia, o peso death metal e mais melodia em cima com alguns tiques modernos. Os temas são bem catchy e essa continua a ser a sua principal arma mesmo que algumas das suas soluções pareçam por vezes algo esgotadas. Pareçam apenas, porque continuam a funcionar bem para quem não se importam com as fronteiras entre o death metal melódico e metalcore ficarem um pouco diluídas.
7/10
Fernando Ferreira
Hasswut – “Mund Zu!”
2022 – Art Gates
É inevitável. Sempre que se tem uma banda alemã (ou a cantar em alemão) de teor industrial, é inevitável não se pensar em Rammstein e é precisamente o que acontece com este EP dos “Hasswut”, “Mund Zu!”. O que se tem e passando a citar o comunicado de imprensa, é a mistura de batidas de música de dança com guitarras eléctricas. Neste caso, uma mistura desequilibrada já que as batidas ganham com uma vantagem assinalável. Apesar de ser pouco surpreendente e das soluções de composição já serem mais que conhecidas de outras propostas, tem os seus méritos mas para quem não gosta de música electrónica será um autêntico martírio.
5/10
Fernando Ferreira
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