WOM Reviews – Malevolence / Sabotor / Killswitch Engage / Enphin
Malevolence – “Malicious Intent”
2022 – Nuclear Blast
Terceiro álbum dos britânicos Malevolence e uma carga de porrada hardcore metálica épica. É um álbum que reforça o lado mais violento da banda como também mostra abrangência e dinâmica para incluir elementos tipicamente metal que, contrariamente ao que se poderia pensar, só serve para reforçar a identidade da banda. Temos peso bruto mas também temos doses generosas de melodia que obriga a que o termo metalcore seja usado com uma maior liberdade do que aquela que estamos habituados. “Malicious Intent” é um dos álbuns mais completos da sua carreira como também nos dá um impacto enorme em relação às expectativas que poderíamos ter. Gostámos particularmente do tom mais southern que vai aparecendo aqui ocasionalmente (na melodia vocal do refrão da “On Broken Glass” por exemplo). Fantástico álbum e um vício ainda maior que esperado.
9/10
Fernando Ferreira
Sabotor – “Skyggekæmper”
2022 – HQ REC/Pudsige Herrer Musik Aps
Poderá um disco ser “fora-da-caixa” e ao mesmo ser extremamente dançante? Se pensam que não, têm aqui um disco que é obrigatório conhecer. Primeira coisa a ter em conta: fuzz. Muito fuzz. Constantemente fuzz, mas longe de ser retro ou de apelar ao que conhecemos como fuzz – ou seja uma estética da década de setenta onde o elemento orgânico é fundamental. Um elemento que até nem está muito presente por aqui. Groove às toneladas que não nos deixa quietos – é impossível e tudo isto num disco cantado em dinamarquê que nos mete a cantar. Sabem como é difícil cantar em dinamarquês?! Extremamente difícil, acredito até para quem é dinamarquês mas a dificuldade é proporcional ao gozo que dá ouvir este conjunto de temas, o que já dá uma boa indicação daquilo que estamos perante.
8.5/10
Fernando Ferreira
Killswitch Engage – “Live At The Palladium”
2022 – Metal Blade
Apesar de ser indiscutível que o atractivo dos álbuns ao vivo nos últimos anos tenham perdido muito do seu apelo, também é verdade que continua a ser uma forma inteligente de marcar o tempo ou a era de uma banda assim como ter um best of sem ser best of. Foi com essa expectativa que abordei este trabalho mas ainda assim não deixou de ser uma semi-desilusão. Semi, porque temos aqui uma selecção generosa de alguns dos melhores temas da banda norte-americana. Desilusão porque este foi um evento em stream, ou seja, numa altura em que os concertos e os festivais voltaram (apesar do Covid ainda ser uma realidade), parece estranho estar a ouvir um álbum ao vivo onde não se sente a energia do público – por muito que possa ser manipulada por magia no estúdio. Assim, a diferença entre um best of e o álbum ao vivo fica muito mais estreita e este álbum dificilmente será visto como um verdadeiro álbum ao vivo, independentemente da qualidade das prestações.
7/10
Fernando Ferreira
Enphin – “End Cut”
2022 – Pelagic
É uma das mais recentes aquisições da hermética e impoluta Pelagic Records, falo dos Finlandeses Enphin anteriormente conhecidos como Mr. Peter Hayden ou simplesmente PH. Foi com cinco álbuns na bagagem e os pés já bem assentes na Pelagic Records que a banda lançou já em 2022 este ‘End Cut’, um álbum que pode por certo ser apreciado na perspectiva de uma banda sonora, talvez um ‘Enter The Void’ do esotérico Gaspar Noé encaixasse que nem uma luva no conceito do álbum. Em ‘End Cut’ os Enphin deixam fluir todo o seu manancial de sonoridades onde predomina o Electronic/Industrial mergulhado num introspectivo e translúcido ambiente Psicadélico aqui e ali aprimorado por incongruentes e esporádicas intromissões de Doom Metal e Post-Metal. ‘End Cut’ acaba por não ser um álbum particularmente fascinante pois apesar da sua latente originalidade acusa uma notória falta de identidade e propósito em vários dos temas que o constituem, talvez consequência de um excessivo uso de sobreposição de vozes aliada a uma evidente obsessão por uma constante atmosfera dissonante e incorpórea acabando por atirar ‘End Cut’ para um limbo de tédio após algumas audições, tenho porém de destacar o formidável single ‘Cut Flesh’ sem dúvida o ponto mais alto do álbum.
6.5/10
Jorge Pereira
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