WOM Reviews – Anzv / Drudensang / Slaegt / Solipsism
Anzv – “Gallas”
2022 – Exorcize Music
E não é que novamente portugueses demonstram que têm muito que dar na cena do black metal? Desta vez, a aventura que nos é oferecida é liderada pelo grupo obscuro ANZV, grupo este que nos mergulha no mundo da escuridão mitológica da Mesopotâmia (indo, claro está, da mitologia ao simbolismo atual). Gallas, o álbum de estreia de ANZV, é um trabalho que correspondeu a todas as expetativas que esteve a elevar desde que foi anunciado: é um projeto de black metal bruto mas equilibrado que com as suas influências mais clássicas e outras mais contemporâneas consegue se colocar em lugares de alto explendor tanto a nível nacional como a nível internacional. Gallas é um álbum de nove faixas que realmente sabem a nove faixas, isto porque ANZV demonstra uma disposição que se sente bastante natural, em desenvolver tons bastante distintos sendo que aqui notam-se evoluções que vão do mais obscuro ao mais “romântico” – um cocktail de black metal preparado com muito rigor.
Este é um trabalho que certamente estará nos melhores do ano para muita gente e que ainda nos enche mais de orgulho por ter origem lusa, algo que transforma este fumaça negra numa luz de esperança cultural.
10/10
Matias Melim
Drudensang – “Tuiflsrijtt”
2022 – Folter Records Germany
Depois de uma longa carreira discográfica, finalmente o álbum de estreia dos alemães Drudensang. E não poderiam estrear-se nos LPs de melhor forma. “Tuiflsrijtt” traz-nos aquele feeling mais cru do black metal escandinavo onde a grande arma era a violência dos riffs mas também o fulgor orquestral que eles traziam, algo que aqui temos de forma abundante. Tema após tema, encontramos diferentes formas de apresentar mestria black metal, onde o ambiente está estabelecido de forma quase perfeita – só lhe falta um pouco de variação ao nível de tempos mas ainda assim não se poderá dizer que é um álbum unidimensional, isto para as expectativas de um álbum do género. Apesar de termos teclados, os mesmos são subtis e reforçam a ambiência sugerida pelas guitarras e o resultado é um excelente álbum do estilo que todos os fãs vão gostar. Recomendado esta que é uma das boas surpresas do género em 2022!
9/10
Fernando Ferreira
Slaegt – “Goddess”
2022 – Century Media
Há a percepção (errada mas compreensível) de que a associação de uma banda a uma editora de maior calibre traduz numa cedência da criatividade em favor de uma tentativa de chegar a mais pessoas. No caso dos Slaegt não se nota isso minimamente, sendo este “Goddess” apenas mais um passo na sua evolução. Verdade seja dita, a banda dinamarquesa sempre se mostrou inconformada com o simples rótulo black metal e cada vez mais tem vindo a introduzir elementos de hard’n’heavy típicos da década de setenta. Isso tem se vindo a verificar e intensificar ao longo dos anos e lançamentos mas quem chegar aqui agora de certeza que vai sentir que a voz (suja e extrema) não encaixa no quadro instrumental. Essa será a maior dificuldade. A outra será a parte instrumental que, apesar de ter aquele toque tradicional mencionado há pouco, tem umas nuances à la Voivod que apanham de surpresa e ajudam que a interiorização seja um desafio. Um deafio que dá gosto encarar e que até recompensa com o épico tema-título que fecha o álbum e que é uma obra prima. Um equilíbrio bem conseguido entre o heavy e o black metal num álbum vai contra as concepções e as modas e simplesmente é o que tem de ser.
8/10
Fernando Ferreira
Solipsism – “Our Night Never Ends”
Mais uma prova de que é possível fazer black metal melancólico sem ser propriamente lamechas ou tornar-se contrangedor. Trabalho de estreia por parte desta banda eslovaca que deixa uma óptima impressão, apesar de alguns problema que encontrei e que vou já tirá-los do caminho. Existem algumas diferenças de produção notáveis entre as faixas aqui contidas, ou pelo menos uma delas – “V.” – que tem um som diferente (pior) do que as restantes. Como não sei até que ponto não se trata de um problema da promo que recebi, não vou ter em conta até porque a faixa em questão até nem é má. Quanto ao resto, é ujm álbum sólido de black metal a atirar para o depressivo altamente interessante e ao qual não conseguimos deixar de ficar fascinados durante a sua duração e até com vontade de repetir a dose.
7.5/10
Fernando Ferreira
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