Máquina do Tempo – Therion / God Dethroned / Varathron / Ibyss
Therion – “Theli”
1996/2022 – Hammerheart
E chegámos à era de ouro dos Therion. Ou pelo menos o início daquilo que se viriam tornar embora hoje em dia, tendo uma percepção mais generalista da carreira, é mais fácil ver este como um álbum de transição do que propriamente o início de algo, tal como o “Lepaca Kliffoth”, trabalho que lançou as primeiras pistas do que viria a ser. Apesar de serem apontados como a banda que verdadeiramente impulsionou (e porque não dizer, criou, apesar das influências que já vinham de trás, de bandas como Celtic Frost), por muito que tenhamos hinos como “To Mega Therion”, a influência sinfónica veio sobretudo dos coros orquestrais do que propriamente do uso de instrumentos clássicos. No entanto são os temas que resultam de uma mistura perfeita entre metal/rock e o imaginário da música clássica, seja pelos coros seja pelas músicas em si que estão cheias de piscadelas de olho. É um álbum que sobrevive muito bem à passagem do tempo e que continua a ser um clássico hoje em dia mesmo que já tenha sido ultrapassado – o que também é natural dada a inocência que possui na sua génese – quer por outros quer pelos futuros trabalhos da própria banda. Apesar dos defeitos, será sempre um dos seus melhores e mais emblemáticos trabalhos.
9/10
Fernando Ferreira
God Dethroned – “The Christhunt”
1992 / 2022 Vic Records
Depois da reedição em CD, a reedição em vinil do clássico do death metal holandês, o primeiro álbum dos God Dethroned, “The Christhunt”. Apesasr da conotação blasfema, o que temos aqui é mesmo death metal clássico tal como se fazia na Europa no início da década de noventa. Voz com toneladas de reverb em cima, guitarras com um som clássico a fazer lembrar uma mistura entre o sueco e o inglês e tudo de forma muito ingénua mas que indiscutivelmente constitui, no seu conjunto, um marco da música extrema. E que envelheceu muito apesar de, lá está, os pormenores de pura ingenuidade numa altura em que o death metal ainda era terreno a desbravar com desconhecimento e criatividade, com as regras a serem estabelecidas. Há quem diga que este estado puro perdeu-se e nunca mais se encontrou entro o som da banda.
8/10
Fernando Ferreira
Varathron – “The Lament Of Gods”
1999/2022 – Vic Records
Os Varathron sempre foram a representação de um black metal tipicamente grego mas sempre com uma conotação mais extrema. No entanto também eles, tiveram flutuações no seu som a par dos compatriotas Septicflesh e Rotting Christ embora com um grau de reconhecimento menor. Este EP, originalmente lançado em 99 e agora repescado pela Vic Records apresenta a banda mais melódica que nunca mas ainda com pé no peso. Temos os teclados muito bem conseguidos e as guitarras mais melódicas, mas ainda assim a manter alguma agressividade. Apesar da produção crua, não deixa um dos trabalhos mais melódicos da banda grega e apesar disso, também não pode ser considerado como um tiro ao lado. Quatro temas originais, mais uma cover de Mercyful Fate (“Nuns Have No Fun” que acaba por ser o pior tema) e nesta reedição tem-se direito à demo “Sarmutius Pegorus” de 97 que tem um som mais cru mas não deixa de fazer sentido neste contexto.
7.5/10
Fernando Ferreira
Ibyss – “Weaponized Autism”
2020 – Edição de Autor
Regresso do duo alemão Ibyss, após seis anos da estreia “Obsidian”. Feeling industrial bruto e violento que faz lembrar Godflesh na sua abordagem mais fria mas também violenta e abrasiva. Conforme se aprofunda “Weaponized Autism” poderá sentir-se alguma falta de dinâmica no entanto o essencial, que é apresentar na perfeição o estilo frio que esta abordagem exige está todo aqui. O que também é beneficiado pela produção suja que traz o ambiente desejado. Para os fãs de metal industrial, é recomendado.
7/10
Fernando Ferreira
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