Review

WOM Reviews – Cult of Eibon / Ceremonial Torture / Banco Del Mutuo Soccorso / Lost Society / Opeth

Cult of Eibon / Ceremonial Torture – “Necronomical Mirror Divination”

2022 – Iron Bonehead Productions

Grécia. Daqueles países que, invariavelmente, será sempre tido em conta no que toca a Black Metal. Muitos álbuns, muitas bandas, imensa qualidade e uma influência tremenda em quase todos aqueles que, nos 90, decidiram avançar com um projecto. Verdade que o foco Noruega era mais… fogoso, mas não invalida que tinhamos outros pólos – dentro e fora da Europa – mais que válidos. A cena grega já me acompanha há anos, o que considero ser facilmente compreensível para qualquer fã (velho) de Black Metal. O som grego é distinto dos demais por mesclar melodia com uma atmosfera soturna, mas delicada, à qual se adiciona a linha estrutural do Black Metal. É uma sonoridade imensamente característica daquela geografía, daquela cultura musical associada ao Heavy Metal, como que uma identidade sonora facilmente identificável. Cult of Eibon é um exemplo contemporâneo do bom Black Metal grego. Formados em 2015 por membros de outras bandas gregas (Cades Cruenta, Nergal, Kawir, etc.), o trio apresenta-se aqui lado a lado com um outro projecto de outra nação com um som muito característico: Finlândia. Ds gélidas terras do Norte chega-nos Ceremonial Torture, do Master of Hellish Riffs and Satan Worship: Goatprayer Doom Predictor (Moonfall, Witchcraft, Necromonarchia Daemonum, etc.). Visto assim, temos perante nós exemplos da 1.ª classe do Black Metal actual, aqui apelo aos meus gostos pessoais, claro. Da parte de Cult of Eibon temos o já característico – e mencionado – som grego, carregado de melodia, atmosferas nocturnas e licantropas, riffs clássicos e aquele “sabor” a velho. Cult of Eibon remete-me de imediato para os 90, tal é a forma tão perfeita como abarca aqueles álbuns velhos que ouvi vezes sem conta! Com uma produção muito orgância, sempre cheia e quente. As vocalizações são perceptíveis e, tal como o instrumental que as apoiam, clássicas e “velhas”. Aquele som arrastado, denso, qualquer lamacento e bolorento. Fantástico. Facilmente agradará a todos aqueles que apreciam o Black Metal grego dos 90. Merecedor de referência são o Intro e o Outro. Soberbos trabalhos de teclas, soberbos. Nyogtha e as suas skills. Top-notch. Do outro lado da barricada, bastante mais a Norte e muito mais fresco, somos recebidos por uma pequena track de Dungeon Synth que nos prepara para o que aí vem. 2 tracks de Black Metal intenso e poderoso. Quem lê Finlândia espera um estaladão à lá Beherit ou Archgoat, por exemplo, mas não podería estar mais enganado. Bem, a produção não foge mutio do que ambas fizeram no início das suas carreiras, mas musicalmente falando este projecto deve muito mais à Grécia que à sua terra mãe. A sonoridade é grega, mas a dados momentos sai o finalndês de dentro dele, e sentimos essa podridão. “Summoning at the Gothic Graveside” é um tratado de Black Metal, na minha modesta opinião. Os detalhes de sintetizador são deliciosos eheheh as vocalizações ásperas e desconcertantes, a bateria podre… chega a ser caótico. De seguida caímos numa melodia lenta, quase um embalo. É um split deveras interessante, sem dúvida. Estes 2 projectos distintos, ainda que ligados por alguma “afinidade sonora” aqui e ali, ofertam-nos um belíssimo pedaço de música. Podemos olhar para este trabalho como uma homenagem a tempos idos, com os pés no hoje.

8.5/10
Daniel Pinheiro


Banco Del Mutuo Soccorso – “Orlando: Le Forme Dell’ Amore”

2022 – InsideOut Music

Não deixamos de admirar bandas históricas (sejam elas mais ou menos reconhecidas) comemorarem aniversários com novos trabalhos. É o que fazem os italianos Banco Del Mutuo Soccorso com este “Orlando: Le Forme Dell’Amore” que marca os cinquenta anos de actividade discográfica da banda. E em vez de ser uma triste representação de como a inspiração e a criatividade maior ficaram para trás (o que também pode acontecer), este é um álbum de art rock ou de rock progressivo ao qual é difícil de desligar. E sim, mesmo não se sendo o maior fã da banda. Pessoalmente confesso que a minha grande dificuldade sempre foi a língua mas a música fala mais alto ainda que a mesma ilustre um álbum conceptual grandioso que nos agarra durante quase oitenta minutos. A base está em “Ludovico Ariostoìs Orlando Furioso”, um poema italiano do século XIV que deu origem a uma ópera rock que recomendamos para quem tem saudades de ouvir art rock do bom.

8/10
Fernando Ferreira


Lost Society – “If The Sky Came Down”

2022 – Nuclear Blast

Sabes quando perdeste demasiado episódios quando uma das bandas que te surpreendeu com um bom thrash metal surge a soar a uma mistura de metalcore com nu-metal. Definitivamente. O que até parece justifiicativo para uma revolta por parte dos seus fãs – algo que provavelmente terá acontecido com o anterior álbum “No Absolution”. Agora de regresso à Nuclear Blast, este álbum é surpreendentemente bom. Não porque não possam haver álbuns dentro do género indicado, nem sequer pela transição de um género para o outro – embora por aí possa entender o argumento do “mais valia criar uma outra banda” quando neste caso parece que estamos perante uma banda completamente diferente. É uma surpresa porque apesar de todos os modernismos que aprendemos a odiar, este é um álbum sólido ao qual ouvimos com prazer e até somos surpreendidos – principalmente no departamento dos solos de guitarra. Se preferíamos o estilo antigo da banda? Sem dúvida. Se este é um grande álbum mesmo sem ter muito (ou nada) a ver com o passado? Igualmente sem dúvida.

8/10
Fernando Ferreira


Opeth – “In Cauda Venenum – Extended Edition”

2022 – Atomic Fire

Poderá ser esta reedição do último álbum dos Opeth ser facilmente explicada? Afinal, o trabalho original é de 2019 e agora surge novamente pela mão da Atomic Fire (a editora que nasceu a partir da Nuclear Blast) numa edição mais extensa onde para além dos dois discos (em inglês e em sueco) ainda se acrescenta um terceiro onde temos umas quantas faixas bónus que até são um chamativo interessante. Para quem não comprou o álbum na altura. Os temas extra são mesmo muito bons na generalidade. Tal como tinha sido apresentado, temos três em inglês e outros tantos em sueco, sendo os mesmos mas apenas cantados numa língua diferente. O que nos faz pensar que se o CD não tivesse o limite físico dos oitenta minutos, que estes temas poderiam ter muito bem figurado no disco original, tendo em conta a sua qualidade. A questão que se impõe é mesmo em relação à necessidade de um fã de querer ter esta edição em detrimento daquela que já adquiriu escassos três anos atrás. Para quem é fanático, isso nem será uma questão a colocar-se e valerá a pena.

7/10
Fernando Ferreira


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