WOM Reviews – Shovel / Deadly Mind / Electric Callboy / Pyra
Shovel – “Shovel”
2022 – Argonauta
Talvez inspirados pelos seus conterrâneos Mantar também os estreantes Shovel mergulharam de cabeça no Sludge Metal, não num Sludge moderno quase indissociável do Post-Metal com a patente registada pelos Norte-Americanos Neurosis mas sim num Sludge conectado com o seu mais antigo aliado, o Stoner Metal. Depois de testarem a audiência com três singles os Shovel estrearam finalmente o seu primeiro álbum também ele intitulado ‘Shovel’. É verdade que o inicio do álbum não antevê uma qualquer ligação entre o Sludge e o Stoner mas sim uma dinâmica, incisiva, rugosa e enérgica colaboração entre o Sludge e o Black Metal já previamente erguida, aperfeiçoada e subjugada por bandas como os Lord Mantis, The Lion’s Daughter ou os dementes Dragged Into Sunlight. Contudo é a partir do tema ‘Void’, (precisamente a meio do álbum) que os Shovel simultaneamente elevam e de que maneira a fasquia e adicionam toda a insensatez e displicência de um corpulento Stoner a acusar um forte cariz psicadélico aqui e ali auxiliado pelo Doom Metal. ‘Shovel’ acaba por ser uma impressionante estreia sempre em crescendo, culminando nas duas mais interessantes e aditivas faixas, ‘A Case Against Optimism’ e ‘The Lake’.
8.5/10
Jorge Pereira
Deadly Mind – “Recognize The Threat”
2022 – Hell Xis
Os Deadly Mind são uma das bandas clássicas da cena hardcore da Margem Sul, com vinte e cinco anos de carreira que comemoram da melhor maneira, com um novo álbum de originais. “Recognize The Threat” é imparável, alta intensidade do início ao fim, intensidade essa que é ajudada por uma produção cheia onde as guitarras e bateria soam especialmente fortes. As palavras de ordem de contestação social também ajudam a essa intensidade, assim como os samples de filmes escohidos – “Nothing’s Given” é um bom exemplo. Vitalidade e poder, num regresso que aplaudimos com muitos temas aptos para fazer a festa em cima dos palcos.
8.5/10
Fernando Ferreira
Electric Callboy – “Tekkno”
2022 – Century Media
É possível ter as expectativas tão baixas, a roçar o zero e depois ficar desarmado? Certos lançamentos convidam à sova crítica, pelo menos é a atencipação que provocam. Os Electric Callboy (ex-Eskimo Callboy), têm “Tekkno” tudo aquilo que musicalmente não suportamos. Refrões infecciosos que poderiam estar numa música pop, riffs que poderiam estar numa malha nu-metal, e músicas feitas para serem infecciosas e descartáveis. E são, garantidamente são. O problema é que são extremamente eficazes naquilo que a que se propõem e temos que valorizar isso. É tipo aquele miúdo novo, armado em bom, que tem um ego enorme mas que depois todas as suas acções justificam o ego desmedido. É pop, é chunga mas cola-se à cabeça como se estivessemos na década de oitenta a levar com todas as músicas pop que marcaram o nosso crescimento ao mesmo tempo. Talvez não vá pegar neste disco novamente, até porque nem sei o impacto que teve as audições necessárias para esta crítica e nem sei o impacto que terá um contacto futuro, no entanto é inegável que há motivos para andar tudo entusiasmado com isto. Por muito que nos custe.
8/10
Fernando Ferreira
Pyra – “Pyra”
2022 – Immortal Frost Productions
Música e o Cerebral, quando as melodias se expandem para lá da absorção imediata. Independentemente da opinião que outisders possam ter relativamente ao Heavy Metal, a verdade é que este género continua a ser daqueles que mais complexidade apresenta na sua estrutura. Pode não “fornecer” as suaves melodias radiofónicas que muitos procuram… but who gives a fuck?! A verdade é que o processo de descoberta e exploração que alguns músicas decidem tomar como a sua fonte de energia, por assim dizer, por vezes leva-os a momentos singulares. Na senda de sonoridades com “um travo de algo mais que somente aquilo que inicialmente nos soa”, deparamo-nos com o projecto italiano de Black Death Metal de nome Pyra. Criados em 2020 por L., editam (ou edita) este ano o primeiro trabalho sob a forma de um EP de 5 malhas que oscilam entre um Black e um Death, ambos furiosos, intercalando momentos explosivos com melodias mais progressivas (sem nunca cairem no marasmo que é o Prog… sorry, fans), mais soothing, quase. Inegavelmente, a base acaba por ser o Death Metal, o que de certa forma me afasta de conseguir absorver a totalidade do que nos é apresentado, mas ainda assim há pontos a reter. As vocalizações são, elas também, mais Death Metal que outra coisa qualquer. Agressivas, possantes, deveras presentes e marcantes. Overall, este lançamento é direccionado para um público fã de Death Metal, sendo que agradará a pessoal que está dividido entre ambos os sub-géneros. “Barren Earth Dug”, por exemplo, apresenta uma linha melódica, ténue, perto do final da música, imensamente agradável e que, em paralelo com a devastação providenciada pelos restantes instrumentos, dá origem a um momento muito bem estruturado. “In a Thousand Different Voices” mostra-nos que L. tem uma sensibilidade que por vezes se mostra mais, se apresenta viva. Em determinados momentos sentimos o suave embalo da guitarra, que nos arrasta para mais um remoinho de violência sonora. Andamos de pico em pico, de certa forma, até sermos abalroados, sem piedade, do pedestal. Estes temas crescem no ouvinte. Se à primeira senti que dificlmente encontraria pontos de contactos, lentamente comecei a perceber que por baixo de toda a violência havia uma outra violência: mais equilibrada, mais melódica, mais aprazível, por assim dizer. Quando a loucura é controlada, o crescendo revela as reais capacidades do seu criador. Give it a go.
6/10
Daniel Pinheiro
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