Artigos

Filhos do Metal – O Renascer dos Mortos

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
Blog // Facebook

Bom Ano Novo para todos. Ano após ano é anunciada a morte do Rock! Há publicações e jornalistas “iluminados” que promovem essa morte há muito anunciada. Colocar como título de um artigo essa profecia, parece chamar a atenção e criar celeuma, o que vai de encontro aos interesses de quem o faz. Somos, assim, constantemente fustigados com afirmações e prenúncios de um fim que parece desejado por alguns. Para quem acredita noutra forma de “vida” após a morte, talvez não seja um fim, mas um princípio de algo diferente. É certo que o Rock, no geral, tem vindo a ser ultrapassado ou substituído em termos de popularidade, por outros géneros musicais. Muito por força da forma como as novas gerações consomem música. Esta é hoje mais descartável do que nunca. Mas não só! O Rock é preterido pelos meios de comunicação, que relevam o Hip-Hop e a música de consumo imediato. Daí até se passar um atestado de óbito ao Rock vai um universo de história. O Rock e o Heavy Metal em particular são géneros de culto e devoção. São fruto de talento, dedicação e criatividade. O Rock é hoje alvo do colecionismo, com objetos raros, que atingem valores exorbitantes. Mas é preciso não esquecer, que não há muito tempo foi o género dominante. Nos anos 70, bandas como Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd, Queen eram bastante populares nas tabelas de vendas. Nos anos 90, Nirvana, Guns’n’Roses, Metallica, AC/DC, também estiveram muito tempo nos lugares cimeiros dos tops. É, pois, natural que a música evolua e tenha ciclos de mudança que acompanhem o progredir dos tempos.

Se por um lado, o Rock não tem relevância nos tops de vendas ou streamings, as digressões de estádio em 2022 mostram um cenário diferente. Entre as mais rentáveis estão as efetuadas por bandas como: Genesis, Eagles, Iron Maiden, Mötley Crüe + Def Leppard, Red Hot Chili Peppers. Isto é a prova da força que o Rock ainda tem. São bandas de velhos! É verdade que sim. Mas ainda atraem multidões. Há um renascer de bandas dadas com extintas que têm atraído a atenção dos fãs, como são os casos de Mötley Crüe e Pantera ou o caso dos Portugueses Xeque-Mate e Alkateya, para citar alguns exemplos. E é talvez o fechar de um ciclo que voltará a ressurgir com novos talentos. David Draiman dos Disturbed publicou o seguinte comentário no Twitter – “Novas bandas como The Warning e Plush dão-me esperança. Jovens mulheres poderosas tocando instrumentos reais, escrevendo e tocando músicas das quais todo o género de Rock se pode orgulhar”. É evidente que há imensas bandas novas a produzir excelente música Rock e Heavy Metal. Os meios de comunicação não lhes dão espaço, principalmente no mainstream, o que inibe uma maior popularidade. Isso não significa falta de vitalidade e criatividade, apenas representa uma tendência periódica. Veja-se o exemplo de um subgénero do Rock, como é o caso do Stoner, com imensas variantes de intensidade e influências. Tem tido uma crescente adesão por parte de gerações mais novas de fãs, ao ponto de existirem hoje festivais que se dedicam quase em exclusivo a essas sonoridades, como é o caso do SonicBlast em Caminha. Estão a ser lançadas as sementes de algo que nascerá dentro de algum tempo.

Por vezes pode até ser diagnosticada uma doença a um género musical, quando em determinado ano há menos propostas e a criatividade não foi a melhor. Mas o óbito é algo deveras exagerado. Se um determinado género musical fosse dado como extinto, porque não está nos tops, nem passa na rádio, então há muito que o Jazz, o Blues e outros seriam apenas peças de museu. Não é assim. Os géneros musicais vão atingindo a maturidade e a busca pela originalidade ou apenas pelo dinheiro fácil faz com que surjam novas propostas de estilo. O Rock tem mais de 70 anos. O Heavy Metal tem mais de 50. É natural que respirem para ganhar folego e continuar a encantar fãs e apreciadores. Por isso mesmo o Rock está bem vivo e recomenda-se. O Heavy Metal vai ainda mais longe e tem a capacidade de ter subgéneros dedicados à morbidez – Death Metal ou Funeral Doom Metal. Portanto, a morte é apenas um tema de inspiração!


Agora na Google Play Store

Support World Of Metal
Become a Patron!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.