Máquina do Tempo – Cyphonism / Come To Grief / Dreariness / Depressive Witches
Cyphonism – “Cosmic Violence”
2022 – Black Sunset
Segundo álbum, após seis anos de silêncio, o que esperar por parte dos Cyphonism? Bem, aquilo que esperávamos era death metal técnico e foi exactamente o que tivemos, com a benesse de ser death metal técnico, mas com uma intensidade bruta de poder. A conjugação destes dois elementos é o que torna este estilo fantástico, desde que não se perca obviamente a musicalidade, e aqui temos tudo isso nos seus níveis máximos. Temos uma brutalidade metálica intensa, temos o factor técnico a trazer ainda mais poder metálico e temos canções que nos soam verdadeiramente viciantes. Aliás, este álbum, com apenas trinta e cinco minutos, não tem um ponto fraco, não tem qualquer momento em que nos soe menos bem conseguido. E não o recomendamos como apenas para os fãs de death metal técnico. Qualquer fã de death metal que goste de bons riffs, bons pormenores técnicos mas acima de tudo que goste dos elementos base do estilo, vai ficar agarrado.
9/10
Fernando Ferreira
Come To Grief – “When The World Dies”
2022 – Translation Loss
Depois de alguns EPs e splits nos últimos anos, aí está o álbum de estreia desta banda Come To Grief, que reúne membros e ex-membros de bandas como Grief, Warhorse e Goat Felsh. Ao longo de quase quarenta minutos somos arrastados para um poço lamacento e ameaçadoramente claustrofóbico que nos vais sufocando ao qual acaba por ir ao encontro daquilo que qualquer fã de sludge procura. Claro que isto significa que para todos os outros transeuntes, a coisa é difícil de interiorizar, mas ainda assim acreditamos que os fãs de doom metal mais monolítico e paquidérmico poderá aqui encontrar muitas razões para satisfação. Riffs com um peso inacreditável para um grande álbum de estreia.
8.5/10
Fernando Ferreira
Dreariness – “Before We Vanish”
2022 – My Kingdom Music
A ligação do post metal e sobretudo do post black metal com o shoegaze é uma que apesar de ter recolhido muitos louros e interesse inicialmente, depois depressa se tornou cansativo principalmente pela forma exagerada com que surgiram propostas que na realidade eram derivativas e sem propriamente um conteúdo que se tornasse memorável. Em termos estéticos, os Dreariness aproximam-se bastante dessa mistura de post blackmetal e shoegaze, com a música a ter uma capacidade atmosférica impressionante o que traz um grande contraste com a voz, gritada e rasgada ao bom estilo de black metal depressivo (ou até post hardcore) a transmitir bastante desespero. É um contraste que é complicado de gerir e que pode trazer algum cansaço, mas que neste registo consegue resultar quase sempre bem. “Before We Vanish” é uma viagem intensa e pesada e também com um impacto emocional memorável, o que acaba por ser uma boa metáfora em relação à vida em si, com os bons momentos a surgirem quase interligados (e sem ser possível de separar) dos maus.
8/10
Fernando Ferreira
Depressive Witches – “Distant Kingdoms”
2022 – WormHoleDeath
A capa deste álbum não supunha música assim. Quer dizer, mais ou menos porque de certa forma até já vimos coisas deste género. Imaginem um misto entre Satyricon mais compassado, Immortal da segunda fase da sua carreira (ainda com o Abbath, cuja voz Sick Bab faz lembrar) com um estilo mais gingão. O resultado pode não ser propriamente memorável ao ponto de nos fazer ferver o sangue mas sem dúvida que traz momentos de boa disposição. O que não têm em originalidade acabam por compensar em eficácia com bons temas que no geral agradam ainda que aqueles coros pareçam soar algo desfasados daquilo que achamos que encaixa.
7.5/10
Fernando Ferreira
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