Review

WOM Review – Tempashot / Graphic Nature / Dryad / Dark Aries Project

Tempashot – “Certified Dangerous”

2023 – Edição de Autor

Poderá um álbum desafiar-nos, deixar-nos desconfortáveis e ao mesmo tempo tornar-se viciante? Sim, absolutamente. Poderemos esquecer-nos, mas isto era algo bastante comum anos atrás, quando a música não estava tão disponível (e tão descartável) aos nossos caprichos. Quando havia uma vontade de absorver aquilo que nos aparecia à frente porque também não havia abundância nem facilidade em adquirir música nova. O que é um enorme elogio termos uma obra de thrash metal moderno e a roçar o crossover a conseguir esse efeito. Os Tempashot são britânicos, composto em grande parte e quase exclusivamente por membros e ex-membros dos State Of Anxiety, onde se inclui Diogo Fernandes, guitarrista que foi quem nos apresentou esta banda. Diogo tinha-nos avisado de que poderíamos estranhar a voz e isso deixou-nos preparado para tudo, para falsetes à la King Diamond ou até para desafinanços épicos. Menos para aquilo que teríamos, ou seja, uma abordagem que mistura tanto rap como hardcore, onde as letras são debitadas à velocidade da luz. Fica-se surpreendido, na dúvida se se gosta ou não, mas não há como negar as evidências e chegar à conclusão de que isto acaba por resultar mesmo muito bem. É certo que o instrumental – excelente, onde obviamente destacamos os riffs e os solos – ajuda e muito a que se interiorize “Certified Dangerous” mas a abordagem vocal e sobretudo o seu conteúdo lírico, como “Gunning For Gate Keepers”, assenta perfeitamente e este trabalho soa refrescante quando não esperaríamos tal. Coragem em fazer algo diferente que não só é bom por isso, mas porque em si, musicalmente, é de uma enorme qualidade. Excelente surpresa.

9/10
Fernando Ferreira


Graphic Nature – “A Mind Waiting To Die”

2023 – Rude

Certos álbuns de estreia marcam posições tão fortes que se tornam únicas – mesmo que tenhamos o cinismo de dizer (e sentir) que tudo já foi feito e inventado. Os Graphic Nature juntam no mesmo saco metalcore (o peso das guitarras e breakdowns), o hardcore (nas vocalizações na forma sobretudo como são cuspidas), nu metal (nos trejeitos das guitarras nas dissonâncias) e industrial (que acaba por ser a camada final e mais proeminente destas músicas). O comunicado de imprensa fala em Slipknot e Nine Inch Nails e são duas comparações que valem o que valem (e serão esperadas na promoção de uma banda nova) mas que até vão ao encontro da verdade. A abrasividade sonora dos Slipknot, com os elementos industriais de Nine Inch Nails, com o peso lírico e corrosivo de ambos. Não é um álbum ao qual se vá mergulhar alegremente mas é esse mesmo a intenção: uma viagem desagradável.

8/10
Fernando Ferreira


Dryad – “The Abyssal Plain”

2023 – Prosthetic 

Lançamento da Prosthetic Records, cuja edição em vinil está limitada a 666 cópias, claro está. Este álbum de estreia mostra aquilo que já estávamos todos mais ou menos cientes daquilo que os norte-americanos Dryad nos tinham mostrado até ao momento: esta não é uma banda normal. Não é uma banda de black metal ou de black/death metal normal. É desconcertante pela forma como junta melodia numa intro ou numa música e como na seguinte deita tudo pela janela a favor de uma selvajaria descontrolada. Devo dizer que essa forma peculiar de criar música no início tem um efeito mais negativo do que positivo mas que nos vai conquistando conforme vamos mergulhando nele. Tal como a capa. Parece um monto de rabiscos sem sentido e depois conforme vamos olhando e vamos deixando amadurecer, conseguimos encontrar muito sentido. Com o tem até poderá ser considerado um grande álbum. Por enquanto ainda está a maturar, mas com um saldo sem dúvida positivo.

7.5/10
Fernando Ferreira


Dark Aries Project – “Project 66”

2023 – Edição de Autor

Projecto muito interessante que nos chegou à nossa mesa de trabalho ao qual “Project 66” é o primeiro passo, um EP que vai buscar um pouco de tudo a todo o lado. Temos um feeling meio industrial no início que dá lugar a algo mais progressivo com piscadelas de olho a post rock e coisas mais modernas e djenty, sem abusar muito deste último feeling. Sendo uma produção caseira (pelo menos assim parece) a qualidade sonora é boa falhando apenas no som da bateria que é o mais corriqueiro e batido que pode haver – todavia a programação da bateria está muito boa. Uma boa estreia e um projecto que evidencia talento para crescer para lá destes moldes apresentados aqui.

7/10
Fernando Ferreira


Agora na Google Play Store

Support World Of Metal
Become a Patron!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.