Filhos Do Metal – Capas Com Assinatura – Victor Costa
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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A música é o que nos faz gostar de uma banda ou de um álbum ou de uma canção. A composição, os arranjos, as líricas e todo o talento que os músicos debitam na execução são fundamentais para nos transmitir mensagens e despertar sentimentos. Há também a produção, a mistura e até a masterização que engrandecem cada acorde, cada som, as melodias, harmonias e ritmos. Para que o todo chegue até ao público e fãs, existem diversos profissionais que com as suas aptidões trabalham no sentido de apresentar o melhor produto final possível. Esse pode ser apenas uma música numa plataforma digital ou a passar numa rádio. Mas o formato que reúne todo um conceito, transmitindo algo mais do que apenas um punhado de acordes, é um álbum de canções. Este, para além de tudo o resto já mencionado, tem outras formas de arte – o design, a ilustração, a fotografia, a pintura. Quantas vezes já adquirimos um álbum por gostarmos da capa? Porque nos despertou a curiosidade, ou porque nos impactou à primeira vista. Confesso! No meu caso, um dos exemplos em que a capa foi decisiva na compra do CD foi “The Crestfallen EP” dos Anathema.
Em Portugal, proporcionalmente ao crescente número de bandas e edições discográficas, as capas ganharam importância. Há designers e artistas que já reúnem um portfólio bastante interessante de trabalhos para bandas. Um desses artistas é Victor Costa, cujo trabalho mais recente a ser colocado à disposição do público, é a capa do álbum “Reino de Satã” da banda Testemunhas de Jeová, um lançamento da Selvajaria Records. Refiro-me, como é óbvio, a capas de álbuns, porque o Victor é um designer profissional e faz diversos trabalhos de design. Victor Costa é um português, que tem vindo a contribuir significativamente para a qualidade artística das capas de álbuns de bandas de Metal nacionais e não só. Alguns exemplos: “Maledictus” – Seventh Storm; “The Fourth Dawn” – Dawnrider; “Servants Of Steel” – Ironsword; “The Seven Spirits” – Altar of Oblivion (Dinamarca); “Under Satanae” – Moonspell; “Of Fire And Evil” – Decayed; “Vast” – Disaffected. O primeiro trabalho neste âmbito foi para o álbum “In Lustful Mayhem” de Decayed no ano de 1995. – “Como fazia parte da banda, desenhava e na altura até estava na Faculdade a tirar Design, foi lógico que fosse eu a meter mãos à obra nisso desenhando a capa e fazendo todo o layout. Este lançamento estava planeado em cassete, mas à última da hora foi alterado para CD daí aquelas barras negras dos lados” – comenta Victor Costa. Em 2019, a capa “The Seven Spirits” dos dinamarqueses Altar of Oblivion foi incluída entre as 100 melhores capas no livro “Masterpieces” da editora inglesa dedicada ao tema, Heavy Metal Artwork. E em 2021, os editores norte-americanos da coleção “And Justice for Arts”, escolheram a capa de “Under Satanae” dos Moonspell, para inserir na trilogia dos livros que reúne o que consideram ser as melhores capas a nível mundial entre os anos 70 e a atualidade.
As técnicas utilizadas vão deste o digital à pintura manual. Tudo começa com uma primeira ideia desenhada a lápis de carvão. Essa forma livre de começar permite debater com as bandas ou editoras a evolução do projeto. Depois são utilizadas técnicas a óleo, a caneta ou pintura digital. – “Se pudesse escolher apenas uma, seria pintura a óleo” – diz. Quanto a influências, Victor Costa dá os exemplos de Mark Wilkinson (Marillion, Judas Priest) ou Sebastian Kruguer (Tankard, Risk), este no que se refere ao estilo semi realista figurativo, para além dos tradicionais, como capas de edições dos Iron Maiden. Outras capas influentes foram: Autopsy – “Severed Survival” (a versão de Kev Walker); Tankard – “Hair Of The Dog”; Kreator – “Behind The Mirror”; Sodom – “In The Sign Of Evil”; Kreator – “Out Of The Dark”. O processo de criação e conceção das capas depende de vários fatores. – “Nem sempre tenho liberdade total, pois algumas vezes a banda ou editora querem ver retratadas algumas coisas especificas.” – diz Victor Costa. Apesar das solicitações, o designer gosta de ler as líricas, perceber o que a banda exprime com a música e interpreter o nome do álbum, quando existe! – “Sempre que possível e que tenho Liberdade, gosto de meter camadas de sentidos e elementos não óbvios nas capas.” – diz e acrescenta – “Para os mais atentos, que analisarem melhor as capas vão descobrir algo que não tenha sido claro. Usei em diversas situações, mas por exemplo, as recentes capas de Seventh Storm e Dawnrider têm múltiplos elementos que só com atenção e análise se vão perceber.” – É assim um artista português que se sabe expressar com arte no Heavy Metal. Visitem o site www.victorcosta.pt
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