WOM Reviews – Illuminated Void / Derrame / Wakener / Grave Desecrator
Illuminated Void – “Veriditas”
2023 – Altrusian Grace Media
É sempre um prazer encontrar uma banda que não consta nos Metal Archives – e segundo os nossos padrões, deveriam lá estar. Prazer redobrado quando a música que fazem é excelente como é o caso deste projecto solitário de Matt Schmitz (dos Sleestak) que tinham inicialmente como objectivo explorar os campos vastos do dark ambient, tendo lançado dois álbuns. Foi com o terceiro trabalho, este “Veriditas” que pensou em ampliar o espectro da sua sonoridade entrando pelos campos do rock e do metal citando influências como Cathedral e Pink Floyd entre muitas outras. O resultado é um álbum assombroso que não é imediato – muito pelo contrário – e que a sua costela ambiente poderá fazer com que se fique a ouvir ao fundo sem tomar muita atenção, mas quando tomamos contacto com ele, queremos ir mais a fundo e esse desejo é recompensado. Uma fusão apaixonante entre o lado mais etéreo do Doom e o seu peso bruto dá-nos um álbum que se destaca pela sua invulgaridade.
9/10
Fernando Ferreira
Derrame – “Unveiling Pain”
2023 – Edição de Autor
Finalmente o tão aguardado álbum de estreia dos Derrame. Não há nada que nos dê mais satisfação do que ver uma banda a batalhar e a conseguir contrariar as dificuldades para chegar aos seus objectivos. Ainda mais quando se trata de uma banda nacional. “Unveiling Pain” apresenta aquilo que já tinha sido deixado claro ao vivo pelos Derrame, Death Metal old school, com um som orgânico, longe das correntes mais modernas do género, o que faz com que seja uma proposta obrigatória para os fãs do som mais clássico de propostas como Malevolent Creation nos míticos primórdios da década de noventa. Não é preciso muito mais para qualquer fã de Death metal ficar entusiasmado – “Ruined” é talvez o melhor exemplo que podemos dar para justificar este entusiasmo.
8/10
Fernando Ferreira
Wakener – “Bodies”
2023 – Edição de Autor
Segundo EP por parte dos finlandeses, que trazem consigo um groove bem forte próprio de um Thrash/Death metal personalizado ao qual é difícil de ficar indiferente. Sim, eu sei, já todos ouvimos isto quinhentas mil vezes anteriormente mas se soa bem, porque é que haveria de ser mau. É uma boa indicação da excelente boa fase que a banda se encontra neste momento e deixa-nos também bons augúrios em relação ao seu futuro.
7.5/10
Fernando Ferreira
Grave Desecrator – “Immundissime Spiritus”
2023 – From Deepest Records
A cena de Heavy Metal extremo, no Brasil, sempre foi um pouco… extrema. Tanto no sentido musical, como no sentido de apoio e fidelização, por assim dizer. Nos nomes mais conhecidos pontificam bandas como Sarcófago e Sepultura. Por mais repetitivo que soe, estas 2 formaram parte da força motriz para operar uma mudança no paradigma da música pesada no século passado, tanto no continente americano, como deste lado do Atlântico. Qualquer uma delas teve, a dado momento na sua carreira criativa, um momento em que a sua Arte foi tida como basilar – ainda hoje o sendo, obviamente – tendo a posteriori operado mudanças que as levaram em direcções distintas. De qualquer forma, o legado manteve-se.
Os Grave Desecrator são “filhos” desse legado, e o novo trabalho é uma mostra desse legado, em 2023. Formados em 1998, desde então têm sido uma banda que se tem mantido fiél ao seu som, sem nunca fugir muito daquilo que deram a conhecer ao Mundo através das Demos e dos Álbuns editados. O som dos Grave Desecrator é uma interessante fusão da agressividade/velocidade sul-americana com a melodia Europeia. O Black Metal Sul-americano tende a ser bastante violento; violento no sentido lírico, mas igualmente castigador na forma como fustiga o ouvinte com incessantes riffs cortantes, baterias fortes e vozes cavernosos… de certa forma uns Mayhem na fase boa. Ainda assim, nem tudo é transversal, e os Grave Desecrator adicionam uma melodia muito interessante, mais europeia, arrisco dizer, o que torna o som bastante mais dinâmico e nada limitado. “Occult Bewitchment” é um exemplo muito bom da qualidade criativa da banda: ritmo a meio-tempo, constante e com melodias infernais! “Rapists from the Cross” é Grave Desecrator versão brasileira, por assim dizer: simples, directo e agressivo. Aquela bateria apontada à cabeça, riffs dilacerantes… versão condensada de bom Black Metal.
No total são 10 temas – sendo que um é uma versão de GG Allin – em que a banda guia as sonoridades mais associadas a bandas de Black Metal Sul-americanas para campos mais europeus, criando aqui uma fusão interessante. A eterna comparação de muitas bandas de Black Metal brasileiras com os eternos Sarcófago será sempre, eterna, mas, ainda assim, haja quem fuja de tal – não ignorando o legado – e crie algo muito interessante.
7/10
Daniel Pinheiro
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