Report

WOM Report – Laurus Nobilis Music Fest @ Casa do Artista Amador, Louro – 20.07.23 – Dia 1

Após a venda do terreno que acolheu o Laurus Nobilis desde a sua primeira edição em 2015, a Associação dos Ecos Culturais do Louro encontrou uma solução na Casa do Artista Amador – um espaço notoriamente mais pequeno, mas bastante convidativo e funcional.

2023 marcou ainda o regresso do palco Faz A Tua Cena (patrocinado pela Cooperativa Eléctrica Vale d’Este), situado à entrada do recinto e para o qual não é preciso ter bilhete – como já acontecia em edições anteriores. Foi aí que o rock dos Green Water Pool e o metal alternativo dos Sleep Therapy arrancaram com o festival, ligeiramente antes das horas marcadas, para que as bandas seguintes, com horários totalmente sobrepostos aos do palco Ecos (este dentro da Casa do Artista Amador), tivessem pelo menos parte da sua actuação sem “a sombra” de mais ninguém.

Uma nova parceria com a Braga Eventos também nasceu destas alterações e deu nome ao palco principal (no parque exterior da Casa do Artista), onde os locais Godsin causaram sensação. De início a público estava algo apreensivo, não só por estarem a descobrir a banda mas porque o som não estava propriamente de feição – na primeira música, “Blind Faith” (para o qual gravaram um vídeo) nem se ouvia a voz do vocalista/guitarrista Rui. Mas aos poucos o técnico ajustou os níveis e tudo começou a ser perceptível, revelando um thrash metal moderno bastante coeso e impactante. Não tardou a que os presentes berrassem elogios e esbracessagem de punhos cerrados. O contexto das letras baseia-se no que está errado com a sociedade, tendo sido destacados dois temas em particular neste concerto – a ingratidão (“já todos passámos por isso, com pessoas que cospem no prato onde comeram”), com “All In Vain”, e o racismo (“Ignorance”). O EP de estreia está previsto para ainda este ano, pelo que estaremos atentos.

Enquanto o rock’n’roll dos Mismatch despertava atenções no outro lado do recinto, o palco Ecos era percorrido de um lado ao outro pelo guitarrista solo Marco Araújo. Marco editou um álbum em 2017, “Calvary Of Hell”, mas a carreira é muito mais longa, com participações em diversos projectos (tanto em número como em género). Ouvir meramente uma cascata de solos de guitarra seria mais um showcase que um concerto, mas os samples instrumentais acabaram por ser um erro pois uma qualquer incompatibilidade dos ficheiros com o sistema de som fê-los sair das colunas acompanhados de estouros. Ainda assim, o público foi ficando, e quando Marco trocou de guitarra – uma que, aparentemente, ele próprio construiu -, apontando para o autocolante que dizia “só faltas tu” e dizendo que tinha escrito aquela música especialmente para nós; instruiu-nos para cantar aquelas palavras, em jeito de refrão da melodia, e no final voltou a trocar de guitarra para os temas seguintes. Mas a maior parte das pessoas aproveitou a deixa para sair da sala.

E quando achamos que uma banda de porn grind já não pode fazer nada que nos surpreenda, aparecem os AxDxT (abreviatura de Ass Deep Tongued) – a primeira boys band do género. Musicalmente, “Shit’s All Right” é um tema electrónico cuja coreografia do trio francês faria inveja a uns Backstreet Boys. Já “Put Your Tongue Out” tem toda a brutalidade da estirpe dos nossos Holocausto Canibal e respectiva matança de porcos. O concerto consistiu nesta alternância de géneros, com a apresentação do novo guitarrista Ewen Racheboeuf e músicas que farão parte do próximo álbum. Usando as palavras do nosso colega Nuno da Songs For The Deaf Radio, seria mais apropriado para uma after-party, mas a maneira como o público reagiu, acho que, afinal, qualquer hora é certa. Os próprios AxDxT diriam que Portugal é “a huge party country”.

Quem gosta de rock cru, cantado em português, tinha uma boa opção com os Vimara, mas da maneira que a Casa do Artista Amador encheu para os Godark, era claro que a maioria preferia death metal melódico… e como! O ambiente foi de Godark a Gowild em instantes, as músicas de “Forward We March” a banda sonora perfeita para um mosh pit incessante que ocupava meia sala. Bem, quase incessante – sempre que a alcatifa levantava, parava tudo para repô-la no sítio, retomando o movimento logo de seguida. Vi várias pessoas a acompanhar as letras, pelo que não eram só festivaleiros levados pelo momento a fazer tão calorosa – e merecida – recepção à banda de Rio de Moinhos. Até o vocalista Vítor fez crowdsurf em “No Future No Mercy”. Ainda tenho a coxa pisada por ter sido apanhada no rebuliço e empurrada contra o palco, mas valeu tão a pena presenciar este concerto.

Não conheço Korn muito bem, mas o pouco que conheço foi suficiente para perceber a polémica à volta dos Chaoseum. Mas no Laurus ninguém pareceu importar-se com essas influéncias levadas ao extremo – ou porque apreciam a sonoridade em geral, ou porque a performance cheia de vida dos suiços não os deixou indiferentes, o público acolheu a banda com bastante entusiasmo. Estão a promover o mais recente trabalho, “The Third Eye”, de modo literal, tendo tocado todas as suas músicas. Destaco “Until The End” e “Dance On My Grave”, a primeira por ser mais sombria e a segunda mais animada, mas meramente por gosto pessoal; não consigo apontar o momento mais alto uma vez que toda a gente pareceu divertir-se por igual com cada um dos temas que CK Smile e companhia trouxeram ao Laurus. Depois de se despedirem com “What If”, coube aos DJs da Distortion Crew – que já fazem parte da mobília – dar continuidade ao entretenimento.

Texto e fotos por Renata Lino
Agradecimentos Laurus Nobilis Music Fest


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