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Predominance #10 – Morne / End / Somniate / Sâver / Clawfinger

Jorge Pereira é um amante de música pesada e de cinema. Colabora com a World Of Metal e tem o seu próprio covil de reviews – Espelho Distópico. Predominance será a sua coluna mensal onde nos vai trazer reviews todos os meses.

Morne – “Engraved With Pain” – Começou por ser uma espécie de “one man band” e só em 2009 começou a ter a aparência de uma banda na verdadeira ascensão da palavra, foi também nesse mesmo ano que os Norte-Americanos Morne fizeram a sua estreia absoluta com ‘Untold Wait’. Chegados a 2023 e com mais três álbuns no cardápio onde se destaca claramente o fantástico ‘To The Night Unknown’ o quarteto oriundo de Boston presenteia-nos com ‘Engraved With Pain’, o seu quinto álbum de originais. Os Morne fazem questão de absorver e projectar toda a atmosfera lúgubre, melancólica e negativa de Boston, essa atmosfera aliada a uma mescla de Post-Metal, Sludge Metal e Doom Metal define na perfeição as sonoridades que os Morne se sentem perfeitamente cómodos e confiantes. Com apenas quatro temas ‘Engraved With Pain’ destaca-se essencialmente pela sua intensa e pungente carga dramática onde ressaltam o tema título e a formidável ‘Wretched Empire’. ‘Engraved With Pain’ é um álbum poderoso e penetrante mas árduo ao ponto de nos trespassar sofrimento. (7.5/10)

End – “The Sin Of Human Frailty” – Os Norte-Americanos End são uma banda composta por membros de Counterparts, Fit For An Autopsy, Misery Signals e The Dillinger Escape Plan e depois de um álbum de estreia (‘Splinters From An Ever-Changing Face’) bastante promissor estão agora de regresso com o seu sucessor ‘The Sin of Human Frailty’. Detentores de uma raiva visceral e impura os End conseguem conjurar um verdadeiro rolo compressor num registo que acumula a violência do Hardcore a um Metalcore rude e dilacerante contando ainda outras influências menos salientes como o Industrial ou o Crust Punk. É verdade que ‘The Sin of Human Frailty’ talvez não consiga atingir o nível qualitativo de ‘Splinters From An Ever-Changing Face’ (sem duvida um dos melhores álbuns de 2020) ainda que mostre uns End completamente focados em se estabelecerem em definito como uma banda que tem perfeita noção do espaço que já conquistou no âmbito da música mais pesada. ‘The Sin of Human Frailty’ apresenta uma solidez e uma densidade um tanto ou quanto incomuns na generalidade da música mais pesada da actualidade e temas como ‘Thaw’ ou ‘Leper’ são excelentes exemplos disso. (8/10)

Somniate – “We Have Proved Death” – Provenientes da República Checa os Somniate formaram-se em 2017 ainda que a sua estreia relativamente a álbuns de originais apenas tenha acontecido em 2020 com ‘The Meyrinkian Slumber’. Três anos volvidos o quinteto está de regresso com o seu segundo álbum na bagagem, o título do álbum em si acaba logo por despertar alguma curiosidade. Inspirado no romance pós-apocalíptico de Richard Brautigan (‘In Watermelon Sugar’), ‘We Have Proved Death’ é um álbum que de facto instiga curiosidade. Numa evidente e natural evolução lógica de ‘The Meyrinkian Slumber’ os Somniate soltam a veia criativa para nos presentear com um álbum que apesar de declaradamente se incluir no âmbito do Black Metal tem um contexto e um ambiente muito heterogéneos. Instrumentalmente ‘We Have Proved Death’ acaba por ser um álbum em que os Somniate conseguem desbloquear toda a sua capacidade criativa alternado trechos de um Black Metal mais tradicional com um Blackened Death Metal a fazer lembrar os Gauleses Svart Crown compondo a fórmula com umas ténues mas eficazes provocações a um Black Metal na sua vertente mais Avant-Garde. Destaco o tema título e ‘A Lamb At False Dawn’ como as musicas mais fascinantes de ‘We Have Proved Death(8/10)

Sâver – “From Ember And Rust” – Nascidos em 2018 pela mão de Ole Christian Helstad (Ex-Tombstones), os Noruegueses Sâver contam também com o contributo de Markus Støle e Ole Rokseth, eles que também pertencem aos Hymn. As expectativas geradas pelo seu bem-sucedido álbum de estreia ‘They Came With Sunlight’ foram consideráveis e passados quatro anos temos finalmente acesso ao seu sucessor ‘From Ember And Rust’. Também a perdurável associação entre o Post-Metal e o Sludge pode ser convencional e a dos Sâver será certamente ainda que o facto de ser convencional não signifique necessariamente tédio ou uma falta de criatividade. Com pontos de contacto com bandas como os LLNN, os Gloson ou os próprios Hymn os Sâver salvaguardam o seu Post-Metal através de uma inusitada redução da vertente emocional e ambiental em prol de sonoridades mais ríspidas, encorpadas e enfáticas que lentamente nos vão vergando e sugando praticamente em simultâneo. Se os temas ‘Formless’ e ´The Objetc’ são bons exemplares da evolução e consolidação musical deste combativo trio o que dizer da sensacional ‘All In Disarray’?! Uma verdadeira parede de som que continuamente nos vai empurrado para uma inevitável aceitação, sem dúvida uma faixa a que não se fica indiferente. (8/10)

Clawfinger – “Clawfinger” – São considerados por alguns como os verdadeiros pioneiros do Nu Metal (de forma justa diria eu), falo dos Suecos Clawfinger que já antes dos Korn e de uma forma ainda mais directa cometiam a “heresia” de aglutinar o Rap ao Metal. Formados em 1989 em Estocolmo os Clawfinger cedo se afirmaram como uma banda provocadora e ousada, sem medo de ferir susceptibilidades e sem qualquer apreço pela redoma de hipocrisia socialmente aceite. Com um álbum de estreia bombástico e marcante (Deaf Dumb Blind) o quinteto Sueco continuou em ascensão até ao que foi para mim o seu ponto mais alto da sua carreira, o seu terceiro álbum de originais com o título homónimo de Clawfinger. Forjado numa energia inesgotável e fluida onde abunda a adrenalina, o entusiamo e a hostilidade ‘Clawfinger’ reúne um generoso punhado de faixas efusivas e viciantes onde se destacam ‘Hold Your Head Up’, ‘Wrong State Of Mind’, ‘I’m Your Life & Religion’ e a formidável ‘Two Sides’, provavelmente o tema mais profundo que a banda alguma vez compôs. Pena é que ‘Clawfinger’ marcou também o começo do declínio dos Clawfinger. (8.5/10)


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