WOM Report – Paula Teles Feat: Björn Strid @ RedBoxStudios, Paços de Ferreira
“E se metessemos aqui uma guitarra portuguesa?” sugeriu Jorge Lopes. “Vamos a isso!”, respondeu Paula Teles. E assim nasceu esta interessante mistura de fado com metal. “Grito” foi a primeira música que ficámos a conhecer, está já a fazer um ano, seguida de “Desencanto” (que viria a ser o tema-título do EP de estreia), depois “Jogo de Silêncio”, com a surpreendente participação EM PORTUGUÊS de Björn Strid (Soilwork e Night Flight Orchestra), mais recentemente “Inocência”, e na passada sexta-feira saiu o referido EP, com mais três temas além destes, em formato digital (não reuniram verbas suficientes para o físico, mas estou a fazer figas para que um dia isso aconteça). Para comemorar este lançamento, Paula e Jorge organizaram um concerto intimista, para um público com menos de 40 pessoas, no estúdio onde o EP foi gravado (Redboxstudios, em Paços de Ferreira), recrutando Hélder Lopes (irmão de Jorge) para a segunda guitarra, João Carneiro dos Living Tales para o baixo, e Luís Moreira, dos Nihility e de quinhentas outras quando é preciso, para a bateria (segundo Paula, uma das pessoas mais divertidas que ela conheceu nos últimos tempos mas que tinha o cabelo mais hidratado do que ela e isso é que não podia ser!). Todos os temas foram apresentados com uma pequena história sobre a sua criação – a maior parte entre gargalhadas mas uma ou outra com a lágrima no canto do olho – e ainda a confissão sobre o sonho de participar no Festival da Canção; duas tentativas saíram já falhadas, pelo que vamos acreditar no “à terceira há-de ser de vez”.
“Canto do Luar” foi dedicada a todas as mulheres, tanto as que estavam ali presentes como as que não puderam comparecer – como Rute Fevereiro, dos Enchantya e Black Widows, por ter aberto as portas para as mulheres do metal nacional, ou Rosa Soares, dos Caminhos Metálicos (mais à frente esta faria uma videochamada e Paula teve oportunidade de dizer-lhe “sem ti, não estaria aqui hoje”). Carlos Guimarães, também dos Caminhos Metálicos (aliás, o seu fundador), estava lá a filmar o evento, mas sendo homem, não entrou nesta dedicatória – receberia o seu próprio agradecimento mais tarde, individualmente, por tudo o que fez por eles e pelas bandas nacionais em geral. Já “Na Boca do Lobo”, e todo o concerto, foi dedicado ao falecido pai de Paula, que onde quer que estivesse deveria estar feliz por ver a filha a cantar em português, como sempre quis.
Embora “A Carta” seja o tema final do EP (“Jorge, vamos escrever outra música porque não gosto de números pares”), foi “Jogo de Silêncio” que fechou a noite (em termos de música ao vivo, pois o convívio continuou na sala ao lado, com bebidas e petiscos) – ou não tivesse Björn Strid viajado da Suécia para participar naquele evento. E assim não foi uma mas sim duas vozes a entregar-se de corpo e alma a uma das performances mais emotivas a que assisti nos últimos tempos.
Reportagem e Fotos por Renata Lino
Agradecimentos Paula Teles
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