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WOM Report – Laurus Nobilis Music Fest – Dia 1 @ Casa do Artista Amador, Louro – 19.07.24

A edição de 2024 dos Laurus Nobilis Music Fest decorreu entre 19 e 21 de Julho (18, se contarmos com os concertos de recepção ao campista), no recinto da Casa do Artista Amador, em Louro, Famalicão – o mesmo local da edição anterior, sim, mas com ligeiras alterações logísticas. O palco “Faz A Tua Cena” passou agora para o interior da Casa do Artista Amador, enquanto que o palco secundário (“Crédito Agrícola”) ficou agora no exterior, no espaço da restauração e do merch. Sou de opinião que esta mudança fez todo o sentido, não só pelas dimensões dos palcos estarem mais adequadas ao seu “estatuto” – sem qualquer nota depreciativa relativamente a quem os pisou, que fique bem claro – mas também porque, tratando-se de um festival de Verão, o público deve apreciar as bandas ditas principais ao ar livre.

Infelizmente, no que toca a horários, o “Faz A Tua Cena” e o “Crédito Agrícola” continuam a sobrepor-se, e enquanto os Azzaya acendiam o seu “Altar Of The Black Fire” no primeiro, os Aoidos soltavam o seu “Black Swan” no segundo. O black metal dos Azzaya é mais puro, enquanto que o dos Aoidos tem algo de speed/thrash pelo meio; ainda assim, o público de uns poderia ter gostado de ver os outros, pelo que não foi muito justo colocar duas bandas de natureza mais ou menos semelhante a tocar em simultâneo. João Freitas, aparentemente conhecido por Freitanás, vocalista/guitarrista dos Aoidos, agradeceu a todos a contribuição para que estivessem finalmente a tocar no Laurus, depois de já lá ter estado como campista.

“Amartia” é o terceiro álbum dos Bloody Falls e vieram promovê-lo ao palco “CEVE” do Laurus. A banda que começou a sua carreira na cidade de Valkeakoski sob o nome Exiled Genesis trouxe-nos aquele death metal melódico tipicamente finlandês, temas como “Soul Ripper”, “The Way Of Sin” ou “I Will Be Your End” a fazer rodar as várias cabeças ali presentes. Embora os povos nórdicos tenham fama de introvertidos, os músicos não são assim tanto e Antero Hakala revelou-se bastante comunicativo, o que ajudou o público a prestar melhor atenção a uma banda que claramente desconhecia.

Enquanto que o palco “Faz A Tua Cena” dava continuidade à veia black metal com os espanhois Porfiria 666, o “Crédito Agrícola” apostava no hardcore/metalcore nacional dos All Kingdoms Fall. A personificar toda a adrenalina que caracteriza a sonoridade, com ênfase na postura do vocalista Márcio Pinto (que já tinha tocado no Laurus de 2017 com os Urban War), os singles “Broken Man” e “Street Dogs”, editados este ano, asseguram um lugarzinho no mapa do ‘core para esta banda.

Mas foram os madrilenos Vita Imana que espalharam o fogo que o seu nome apregoa. Não os via há exactamente dez anos e, apesar de algumas alterações no alinhamento, o vigor continua o mesmo. Independentemente de se gostar de groove metal, aquelas batidas tribais são contagiantes e todo um catalisador das rodas de mosh. Mero Mero pediu autorização para dirigir-se ao público em espanhol, o que foi dado – ninguém foi capaz de negar o que quer que fosse ao vocalista dado o rebuliço causado por “Caos” ou “Animal”.

A seguir podíamos optar por um metal moderno e apocalíptico, trazido de Espanha pelos Tsunami, ou um heavy rock tradicional pelas mãos dos italianos Ironwill. Os Tsunami, envergando máscaras de gás, estão a promover o seu álbum de estreia “Mundocadaver”; os Ironwill… o guitarrista homónimo (de nome verdadeiro Salvo Dell’Arte) distribuiu uns poucos de CDs pelo público, mas sendo o mais recente, “Breakout”, de 2021, dificilmente poder-se-á dizer que a tour de festivais seja de promoção a este. Têm sim vários singles editados desde então, o último “Jump And Fight” (que creio ter sido o tema que fechou o concerto), daquilo a que chamam “psychological rock” – uma sonoridade muito década-de-oitenta com indumentária a condizer que manteve os ânimos animados.

Os finlandeses Wolfheart não eram os cabeças-de-cartaz, mas pelo público que os esperava quase que poderiam ser. Uma performance estrondosa e uma reacção à altura, com um crowdsurfing tão intenso que levou Tuomas Saukkonen a dedicar “The Hammer” aos dois “bald and sexy security guys” por todo o trabalho que tiveram a assistir os referidos crowdsurfers. Pediu ainda para que naquela última música fizessem apenas mosh ou uma wall of death, mas para deixá-los descansar. A princípio ainda funcionou, mas eventualmente dois fãs não resistiram e lá caíram nos braços dos seguranças.

Enquanto os ATA (As Tormentas do Adamastor) choravam as suas “Lágrimas de Sangue” na última actuação do dia no palco “Faz A Tua Cena”, os franceses Warside declaravam o oposto (“Heroes Shed No Tears”) no outro lado do recinto. Foi a última data da tour europeia e não podia ter acabado melhor: a qualidade bruta do seu death metal foi a que chamou mais pessoas àquele palco, e mais movimento causou entre elas.

O que dizer de Vader? Além de que, ao fim de 40 anos e uns pozinhos, apresentam-se em palco com uma postura e um fôlego de meter inveja a muitos com idade para serem seus filhos? Que temas como “The Red Passage”, “Heading For Internal Darkness” ou “Helleluyah!!! (God Is Dead)” continuam a ser celebrados como os hinos de death metal que sempre serão? A última passagem da banda polaca por Portugal foi no Moita Metal Fest de 2018, mas a norte do país foi no Hard Club, em 2011. Peter prometeu não deixar passar outros 15 anos, o que deixou toda a gente feliz, pois concertos deste calibre são os que gostamos de vivenciar.


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