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Filhos do Metal – Mário Lino – Açores Ao Rubro

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Nos Açores há muito e bom Heavy Metal. “…existem tantas bandas e tão bom valor musical nestas 9 ilhas perdidas no meio do atlântico”. Nove ilhas que formam o arquipélago dos Açores, Portugal. Afinal há lá tesouros escondidos, que estão a ser revelados pelo Museu do Heavy Metal Açoriano, uma iniciativa de Mário Lino. Este açoriano de 52 anos, acabados de fazer, é um Técnico de Farmácia que enveredou pelos meandros do Heavy Metal. O Rock e Metal que passava na MTV, nos anos 80, e os amigos da Escola Secundária foram as influências na adolescência. Seguiu o caminho dos sons pesados, tendo acompanhado desde início a carreira dos Morbid Death, banda influente na cultura metálica nos Açores.

“O projeto Museu do Heavy Metal Açoriano (MHMA), surgiu em 2020 como forma e meio de concentrar todo um histórico do Metal feito nas últimas 3 décadas” – escreve Mário Lino. Esta vontade de fazer algo mais pelo Heavy Metal e concretamente pelo Metal Açoriano, é demonstrativa da escassez de informação sobre o que se passa no arquipélago, no âmbito do género musical. Com este projeto torna-se possível mostrar ao mundo o talento de dezenas de bandas que sofrem com a insularidade. “A insularidade condiciona quer fisicamente, quer as mentalidades”. Esta afirmação, por si só, diz muito do que é viver nos Açores e ter uma banda. Mário Lino continua – “As bandas veem-se sujeitas às condições e exigências de um mercado próprio e local”. Mais concretamente, parece existir uma noção distorcida, no que concerne à evolução das bandas. O processo normal de uma banda passar pelo underground, gravar demos, tocar em bares para amigos, etc., é aqui atropelado pela mentalidade instituída, como explica – “Uma banda nasce com a ideia formatada que existe é para tocar em grande palco, para muita gente e merecedora de um cachet “digno” tal qual veem as bandas comerciais habituais dos eventos e festas que frequentaram. Colocam uma banda de Metal no mesmo patamar que uma banda Popular ou de Rock de massas”. E acrescenta – “Como o mercado local é praticamente nulo e no exterior difícil de vingar, não mostram interesse em registar seus trabalhos no formato físico, mas sim o digital por ser super fácil e sem riscos económicos”. É neste contexto e forma de pensar que promover um projeto desta envergadura tem uma enorme importância. Mário Lino está empenhado em divulgar e unir o Heavy Metal nos Açores. Criando um Movimento, como eu já tinha referido há dois anos.

Mas há mais. Para além da divulgação em contexto digital, surgiu o Azores & Metal, que consiste em lançar coletâneas em formato físico das mais diversas bandas e subgéneros. “Realmente o Azores & Metal foi a primeira iniciativa e projeto do MHMA em prol das bandas açorianas…” – explica o mentor da ideia. “Já foram 3 anos consecutivos a editar o ‘Azores & Metal’ e este ano vamos voltar com mais um volume para a coleção, o Vol. #4 que esperamos lançar em outubro ou novembro. Posso aguçar o apetite e deixar no ar, que este Vol #4 irá apresentar-se com algo nunca feito no Metal Açoriano e será um registo histórico. Fiquem atentos…”. Há também uma rádio online, a Headbangers Radio Online 24h por dia (zeno.fm/radio/headmetal).

Toda esta atividade é relativamente recente, mas representa um esforço no sentido de espalhar a palavra do Heavy Metal Açoriano. Vale a pena explorar. A parte mais difícil é concretizar ideias para exposição e concertos. Os recursos necessários, envolvem investimentos e outro tipo de trabalho mais presente. A era digital facilita em muitos aspetos, mas não responde a tudo. O Mário Lino escreve sobre o assunto – “…a ideia de criar uma exposição temática já surgiu e até já foi falada, mas não passou de uma ideia”. – Quanto a concertos – “…uma saga frustrante em tentar conseguir oportunidades de atuação para as bandas locais, nos eventos que por cá surgem, mas tem sido uma luta inglória”. – Será, por certo, difícil, mas não impossível. Resta desejar sucesso para as iniciativas que aí vêm e dar os parabéns ao Mário Lino.

Nota: na crónica de setembro com o título “Liderança” escrevi sobre Heavenwood, numa altura em que a banda sofreu uma profunda separação. Na altura, referi que escrevi sem ter falado com nenhum dos elementos da banda ou pessoal envolvido. Na sequência da crónica houve contatos com elementos envolvidos. Conheço há muitos anos e nutro muito respeito pelas pessoas em causa. Percebi que há desacordo relativamente a várias matérias. Não pretendo alimentar discórdias, nem me quero imiscuir nesse assunto. Posteriormente fiz pesquisas na internet sobre a banda, onde é possível encontrar informação, quer em meios nacionais, quer internacionais. Deste modo, deixo apenas o meu agradecimento pelos esclarecimentos prestados e deixo para quem de direito a resolução de eventuais diferendos entre as partes.


 

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