Filhos Do Metal – De Portugal Para Os States
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Portugal tem uma longa história de conquista e perda. O povo português sempre navegou e viajou para além das fronteiras, em descobertas de novos territórios, colonizações e emigrações. São milhões, os portugueses que se estabeleceram em outros países onde criaram raízes, família, negócios, no fundo novas vidas. A cultura portuguesa também foi sendo divulgada através de comunidades espalhadas pelo mundo. Mas é curioso que a música nem sempre foi exportada de forma sustentada, salvo a exceção que constitui o Fado. Os e as Fadistas conseguiram fazer bastantes concertos fora de portas, começando pelo fenómeno Amália. Mas a Pop, o Rock e o Heavy Metal sempre tiveram menos incursões por territórios internacionais. Os Moonspell, agora os Gaerea, os Holocausto Canibal, os Heavenwood, The Parkinsons e outros exemplos esporádicos conseguiram esse feito. No entanto, são ainda mais raros os casos de bandas ou músicos que se estabeleceram lá fora a fazer música. Se falarmos apenas de músicos no espetro do Rock, lembro-me de Midus (Rockivários) que fez carreira a tocar com nomes sonantes do Rock internacional. E talvez o nome maior Nuno Bettencourt, com enorme sucesso em todo o mundo com os Extreme. Claro que há mais, mas poucos. Esta temática é abordada no livro “Emigrantes, Imigrantes” do Dico.
Há mais de 13 anos a viver nos Estados Unidos, no Texas, King Demogorgon é um dos poucos portugueses que criou um projeto de raiz já fora de Portugal, conforme explica – “…o primeiro trabalho, a demo “Hidden Shadows” já foi produzida aqui no Texas por mim em minha casa. Mas a ideia do projeto começou logo no dia em que meti um ponto final nos Infernal Kingdom. Portanto, como continuo apenas com cidadania portuguesa, Sardonic Witchery é um projeto português, apenas baseado nos Estados Unidos”. Foi assim que tudo começou para os Sardonic Witchery. Mas apesar da geografia, as influências não deixam dúvidas – “Sardonic Witchery é um projeto muito influenciado pelo underground nacional, do qual fiz parte durante 12 anos. Claro que aqui ganhei outras perfectivas das coisas e talvez uns 20% da música que componho tenha influência americana. Estamos a falar dos solos de guitarra, que sempre meto nas minhas músicas, algo que por vezes soa ao old school glam americano”. O quarto álbum de originais, intitulado “Barbaric Evil Power” e editado no início deste ano, é mais elaborado em termos de produção. É mais agressivo que os anteriores e tem algo de épico na temática. King Demogorgon elabora – “Este álbum foi praticamente inspirado em duas bandas diferentes, Maniac Butcher e Manowar, dois estilos diferentes em que me revejo musical e liricamente. Foi sem dúvida o álbum mais agressivo que fiz até hoje tanto musical como liricamente também. Muita guerra, ódio, sangue e batalhas com honra”. O trabalho de produção e gravação de “Barbaric Evil Power” contou com uma participação especial, que complementou o labor quase sempre solitário do mentor de Sardonic Witchery. – “Desta vez não trabalhei com o Bruno Silva, mas sim com o meu atual guitarrista de sessão Gabriel Luis. Os solos nos meus álbuns tinham sido criados e gravados até então pelo guitarrista francês, residente no Texas, Chris Menta. Mas depois da indisponibilidade de me ajudar com este último “Barbaric Evil Power”, foi Gabriel Luis (Porto Riquenho) cidadão Americano (Washington DC) que se ofereceu para criar e gravar os solos deste álbum, assim como misturar e masterizar o álbum. Ficou tudo entregue a mim e a ele. Desta vez gravei eu a bateria. No anterior tinha pedido ao Miguel Santos dos Sonneillon. Portanto, eu compus o trabalho, gravei bateria, guitarra, baixo, teclado e voz. Fiz as letras, gravei tudo em casa no meu pequeno estúdio caseiro Black Throne Studio, marquei os tempos onde queria os solos de guitarra nas músicas e o resto foi trabalho do Gabriel Luis (solos de guitarra, mistura do álbum e masterização)”. O resultado são oito músicas de Black Metal com aroma a Portugal, onde é notória uma evolução relativamente aos anteriores.
King Demogorgon e o projeto Sardonic Witchery merece ser explorado. Já conta com diversas edições ao longo destes anos de permanência em solo americano. Mas o futuro ainda nos trará mais surpresas – “Agora estou já a terminar 3 músicas novas, totalmente cantadas em português para um split CD com Decayed & Law Of Contagion, que sairá pela Nekrogoat Heresy Productions, em Portugal, previsto para 2025. Estou também a trabalhar no quinto álbum, que posso deixar aqui em primeira mão o título – “Hell’s Thorns Attack”, que está previsto sair no início de 2026. Será um álbum criado e gravado da mesma forma do anterior, com a plena ajuda outra vez do Gabriel Luís. Para 2025, Sardonic Witchery está confirmado para tocar num dos maiores festivais de Black Metal na Europa…”. São estas as aventuras de um músico português em solo americano.
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