Pilhas de Discos #7 – Nile, Earthdrive, Equaleft, Powerwolf, Affaïre, Murro, The Cosmic Dead e muito mais!
Earthdrive – “Light Codes”
2024 – Raging Planet Records (Ride The Snake)
Finalmente o regresso dos Earthdrive, uma das mais geniais bandas nacionais. Quatro longos anos que assim que começamos a ouvir “Light Codes” parece que se esfumam no ar. Todos os elementos da banda continuam intactos, o peso, a atmosfera, o groove hipnótico que nos cria uma sensação de estarmos a viajar pelo cosmos. E apesar de ser esse aparentemente o conceito, até a nível de imagem, a viagem é mais interior do que propriamente exterior. Ou então a simples constatação do que o nosso interior é tão vasto e misterioso como o cosmos onde estamos inseridos como minúsculos grãos de areia. Com o toque mágico de Fernando Matias (que também é responsável pelo baixo) o som, a música, tudo é elevado a um novo patamar de excelência, a confirmação daquilo que já sabíamos, que esta é uma das mais geniais bandas nacionais. (9.5/10)
Gargul – “Gallows”
2024 – Edição de Autor
Surpreendente projecto nacional que nos traz cinco temas (a contar com a intro “Doomed”) uma espécie de Death metal melódico enegrecido que soa old school mas tem personalidade suficiente para soar bem refrescante. Há espaço para crescer e para nos surpreender ainda mais. (9/10)
Exorbitant Prices Must Diminish – “For A Limited Time”
2024 – Lixiviat Records
Estreia nos álbuns por parte dos suiços Exorbitant Prices Must Diminish. Poderão pensar que chamar álbum a um lançamento com vinte minutos é se calhar exagero, mas tendo em conta que estamos a falar de grindcore que dispara a torto e direito, vinte minutos é mesmo a conta ideal. E são vinte minutos dinâmicos musicalmente e cheios de crítica social. Estreia fulgurante! (9/10)
Deadly Mourning Shadows – “Shadows Of Despair”
2024 – Edição de Autor
Álbum de estreia de mais um projecto de Melkor (Martelo Negro, Neoplasmah, entre muitos outros). Numa vertente one-man band, e tal como o próprio título e designação do projecto sugerem, temos um Death/doom metal melódico mas sobretudo melancólico. A beleza de alguns momentos remete-nos para memórias de My Dying Bride e em parte também por Desire. Um primeiro álbum que revela o talento do músico português numa vertente que nunca o tínhamos visto a explorar a fundo, pelo menos não desta forma. O resultado é bem positivo e promissor para o futuro. (8.5/10)
Blood Of Artemis – “All Hope Is Broken”
2024 – Edição de Autor
Mais um álbum de estreia por parte de Melkor e também, tal como Deadly Mourning Shadows, na vertente Doom Metal, se bem que este tem mesmo essa vertente ainda mais acentuada, aproximando-se dos domínios do Funeral Doom. A particularidade é que este album começou a ser feito em 2016 mas só em 2024 pôde ser misturado e masterizado. Melkor está no centro de tudo mas contou com a ajuda preciosa de Rolando Barros na bateria e mais algumas participações especiais. Estreia valorosa que tem pernas para andar. (8.5/10)
Tungsten – “The Grand Inferno”
2024 – Reigning Phoenix Music
Quarto album para os suecos Tungsten que trazem, como sempre, uma mistura entre Heavy e power metal, sempre com grande pompa e circunstância. Melodias maiores que tudo, que nos remetem para aquele euro metal (e porque não dizer europop) que se torna irritante por simplesmente não descolar da cabeça. Para quem não gostar de algo mais melódico e acessível, este poderá ser um disco que irrita, mas o contraponto que faz com o peso nos riffs acaba por ser um engodo ao qual simplesmente não se consegue resistir (8/10)
Kaptain Kaizen – “Für 3 Minuten 11”
2024 – This Charming Man Records (CZ PR)
Terceiro álbum destes punks alemães, que trazem para a habitual corrosão lírica de consciência social, um sentido melódico que contrasta com a aspereza da sua língua materna. Para quem já está farto do punk rock melódico bonitinho e pronto a consumir, tem aqui uma boa alternativa. Claro que o conteúdo lírico passa completamente ao lado para quem não entende alemão, mas a música… essa, nunca precisa de tradução. (8/10)
So Dead – “Play Me Like A Doll”
2024 – Lux Records (Ride The Snake)
Álbum de estreia dos So Dead que é uma lufada de ar fresco nostálgica. A banda já tinha deixado excelentes indicações com o EP “Wait To Die” e aqui surge com uma atmosfera ainda mais clássica. A base instrumental continua a ser o baixo, voz e bateria, mas os sintetizadores cargo de Miguel Padilha (que dá um toque na voz) reforçam o impacto do som post punk que depressa apaixona. Mesmo aqueles que não presenciaram a explosão do género no cruzamento da década de setenta com a de oitenta. Conta ainda com as participações de Victor Torpedo, Alberto Ferraz e Rafael Almeida. (7.5/10)
La Chanson Noire – “Missa Negra”
2024 – Raging Planet / Violeta Exótica / Chaosphere Recordings / Larvae Records (Ride The Snake)
Charles Sangnoir é um artista singular no panorama português. A verdadeira alternativa, fora de modas ou de correntes tentadoras que moldam o som de qualquer artista. Em “Missa Negra” temos uma colecção de suas músicas já bem conhecidas interpretadas apenas ao piano e onde o “apenas” assume toda uma nova dimensão intimista. Um álbum que pode introduzir os que andaram pelo espaço durante vinte anos e não conhecem a sua música como aqueles que a conhecem bem mas desejam vivê-la de forma mais intensa. (7/10)
Dysmorfic/Glauco – “FinInfest”
2024 – Throne Of Lies Records / Coda Fanzine
Os Dysmorfic são apresentados (ou apresentam-se a eles próprios) como avant Grind enquanto os Glauco como Jazzcore. Se os segundos ainda se encaixa no rótulo (que eles próprios criaram), os primeiros, compostos apenas por um baixista e um baterista parecem mais uma proposta experimental onde o virtuosismo do baixo e da bateria se fundem de maneira agradável. É um lançamento curto mas interessante para quem gosta de ver jazz num contexto mais pesado. (6/10)
Dysmorfic – “To Defy The Laws Of Grindcore”
2024 – Throne Of Lies Records / Coda Fanzine
EP dos Dysmorfic onde insistem na noção de que tocam avant Grind, eles que aqui surgem acompanhados por Christiano Roversi nos teclados e programações, algo que ainda os afasta mais do Grind. Independentemente da sua classificação, quem gosta de música desafiante deve conferir. (5.5/10)
Equaleft – “Momentum”
2024 – Raising Legends / Raging Planet
Cinco anos de espera e de expectativa, tempo que já começa a ser habitual para que a banda do Porto lance um álbum. O que em si é indicativo de que cada trabalho é pensado e sentido cuidadosamente, “We Defy” foi um álbum que mostrou os Equaleft como uma banda madura e a libertar-se de alguns lugares comuns e havia, como disse, a expectativa de qual seria o passo seguinte. Sabíamos que não iriam transfigurar o seu som, mas não esperávamos uma evolução tão grande mantendo fiéis os princípios básicos da sua identidade. Uma maior dinâmica a nível de arranjos, os riffs de guitarra mais complexos e ainda assim catchy, com um groove que facilmente se assimila. Nova formação, vinte anos de carreira e ainda a sensação de que esta banda tem muito a oferecer. (9/10)
Cosmic Jaguar – “El Era Del Jaguar”
2024 – Soman Records
Para quem não conhece Cosmic Jaguar, “El Era Del Jaguar” será uma óptima introdução. Para já, um pequeno esclarecimento: a banda é ucraniana e tem como principal conceito a cultura asteca. Se isso não é suficiente para chamar a atenção, a forma como usam o thrash metal com elementos técnicos e progressivos e até com Death metal, que nos faz remeter para os melhores momentos de bandas como Atheist e Sadist faz com que este álbum seja obrigatório para os fãs tanto dos géneros atrás citados como das bandas. Mas há um factor de originalidade que os destaca, o uso de elementos que remetem directamente para o tema que focam, seja nas escalas usadas, na percussão, tudo isto torna-o extremamente refrescante. (9/10 )
Avesso – “Desassossego”
2024 – Raging Planet / Roma Inversa
Eu sei que todos já estamos cansados do termo “super-banda”, mas continuam a aparecer entidades que merecem na totalidade o título e os Avesso são sem dúvida uma delas. No entanto, ao contrário de muitas das super-bandas que por aí andam a popular o universo musical, os Avesso não são uma simples soma das suas partes nem sequer previsíveis no som que acaba por ser aquele que os define. Estes catorze temas compõem um álbum multifacetado e bastante dinâmico onde a linha condutora são as letras contundentes em português, já que musicalmente do rock ao metal, e perante todas as outras possíveis fronteiras à volta, vale tudo. Vale tudo para que o resultado seja um disco emocional e emocionante para quem nele resolve mergulhar. Surpresa nacional e um super-disco que esperemos que não seja o último. (8.5/10)
Lords Of Black – “Mechanics of Predacity”
2024 – Frontiers Music
Os Lords Of Black são uma das grandes forças do heavy/power metal modernos, e por sentirmos isso, é impossível não ter a sensação de que são um pouco subvalorizados. “Merchanics Of Predacity” é o sexto álbum de uma carreira que não conhece momentos fracos e que também não será por aqui que teremos o primeiro. A voz de Ronnie Romero continua intocável e apoiada por um instrumental sólido. Dez canções que compõem um álbum forte onde o nosso destaque vai para o épico de onze minutos” A World That’s Departed”. (8.5/10)
Ethereal Wound – ” Eclipse | Advent”
2024 – Edição de Autor
Novo projecto nacional que junta Sérgio Ramos dos Baltum (entre muitos outros) e Nuno Verdades dos The Devouring Void e Unkempt. Metal extremo que oscila entre a brutalidade do death e a ambiência e negritude claustrofóbica do black. Quatro temas promissores em relação ao futuro desta banda. Para seguir atentamente. (8/10)
Knightsune – “Fearless”
2024 – Art Gates Records
Segundo álbum para os espanhóis Knightsune que trazem heavy metal com laivos de power metal de fácil absorção. Bons riffs e muita garra que nem sempre se encontra na vertente mais power metal. A simplicidade com que nos causa um bom impacto é sinal de que por vezes o que é complexo não é garantia de qualidade. O foco em grandes melodias, bons riffs e bons solos traduz-se num bom álbum de heavy metal. (8/10)
Boston Manor – “Sundiver”
2024 – Sharptone Records
Segundo a banda, “Sundiver” foi/é um álbum de reconstrução dos Boston Manor, desde a pandemia. Produção cuidada e composição apostada em reunir melodia e algum peso mas também muita sensibilidade e sentido de atmosfera que por vezes nos faz pensar em Deftones. Um álbum onde os fãs da melodia em formato moderno vão poder ser felizes. (7.5/10)
The Dollyrots – “Wrapped In Sunshine”
2024 – Wicked Cool Records (Earshot Media PR)
Single que tem como lado b (lembram-se desse fenómeno, em que o single não era apenas um tema isolado) uma cover fantástica da “Holding Out For A Hero”, original da Bonnie Tyler que acaba por ser o grande destaque. Música com gostinho à década de oitenta e que tem como principal trunfo essa mesma dose nostálgica. (7/10)
Pentagram – “Eternal Life Of Madness”
2024 – Listenable Records
Os chilenos Pentagram estão de volta para o segundo álbum de originais depois de onze anos de se terem estreado. Não há pressas, até porque não há nenhuma barreira de originalidade a ser quebrado perante aquilo que apresentam aqui que soa tão actual agora como se tivesse sido lançado em 2014. Ou até mesmo em 1994. Death metal com feeling thrash, bem feito, ainda que não muito memorável. (6.5/10)
Morgue Meat – “Apocalyptic Visions”
2024 – Satanath Records
Segundo álbum para os norte-americanos Morgue Meat que trazem um brutal death metal personalizado. Ou seja, não mergulham nos lugares comuns, mas também o que apresentam não é uma alternativa que cative imediatamente. Os fãs de brutalidade talvez sintam falta de alguma dinâmica mas os menos exigentes vão apreciar. (6/10)
Vidres A La Sang – “Virtut Del Desencís”
2024 – Eternal Juggernaut Records / Abstract Emotions / Negra Nit / Nafra Records (Blood Fire Death)
Impressionante o poder e amplitude destes catalães. Amplitude tão grande que dificilmente ficamos satisfeitos com o rótulo Black/Death metal que lhes surge colado. Ao seu sexto álbum já não deveriam ser surpresa para ninguém, mas a verdade é que a qualidade é tão absurdamente evidente que definitivamente vão chegar a mais pessoas. Só faz sentido que assim seja. Forte conceptualmente, onde esse mesmo conceito faz cada vez mais sentido nos dias em que vivemos onde a esperança é quase um luxo que grande parte das pessoas não tem. Melódico, abrasivo, épico e um daqueles discos que é obrigatório conhecer. Recomendadíssimo! (9.5/10)
Affaïre – “En Route”
2024 – Lions Pride Music
O regresso dos Affaïre aos discos não poderia ser melhor. Para quem é fã de hard rock – já nem digo da própria banda – vai ficar completamente agarrado a um conjunto de temas que evidencia a identidade da banda maturada e ainda assim a expandir-se para vários caminhos anteriormente não trilhados – como os interlúdios “Initiation’s Over” e “En Route”, onde os teclados criam aquele ambiente muito típico das séries/filmes da década de oitenta, ou a riffalhada Heavy metal de “Way Out Of Line”. A produção aponta aos melhores momentos da década de oitenta, mas sem soar de forma gratuita ou forçada e os refrões são daqueles que se colam imediatamente ao cérebro. Esse é o maior testemunho da sua qualidade e principalmente longevidade, sendo “En Route” um disco que arriscamos dizer que será visto como um clássico da banda e um momento de viragem na sua carreira. (9/10)
Murro – “Dissertações De Um Cidadão Comum Desesperado Prestes A Cometer Um Atentado”
2024 – Raging Planet
O álbum de estreia dos Murro foi uma excelente surpresa, com um novo projecto, cantado em português e com uma forma muito intensa de fazer música, em estúdio e também em cima dos palcos. Ainda assim, mesmo com essa intensidade fresca na memória, não estava preparado para o verdadeiro vendaval que é este “D.D.U.C.C.D.P.A.C.U.A” – chamemos-lhe assim embora não muito facilitador. Ao contrário do título, este álbum é muito fácil de interiorizar. Os riffs contundentes aliados ao conceito lírico que vai directamente a tudo aquilo o que acreditamos ser verdadeiro em relação à nossa sociedade actual (ocidental em geral e a portuguesa em particular), fazem com que este seja um dos grandes regressos de 2024. (9/10)
Gigantum – “Gigantum”
2024 – Self Released (Asher Media)
Esta estreia auto-intitulada não é fácil de definir. Claro que podemos ser simplistas e dizer que se trata de stoner cru e experimental, por vezes psicadélico – um conjunto de rótulos que surgem muitas das vezes quando não se sabe bem o que se está a ouvir. É esse factor desconhecido que faz com que se crie um estranho e irresistível fascínio pela música aqui contida. Isso e o groove hipnótico com que conseguem juntar em apenas seis canções que se tornam progressivamente omnipresentes na nossa mente conforme nos deixamos envolver. Dinâmicas que obrigatoriamente vão ter que ganhar foco nos próximos trabalhos mas que por agora resulta muito bem. (8.5/10)
Defiled – “Horror Beyond Horror”
2024 – Season Of Mist
Os Defiled estão de volta para mais uma sova Death metal que dá gosto levar. O poder da banda japonesa continua a ser impressionante e continua a ter um som de pedal capaz de arrebentar com qualquer coluna desprevenida. A dinâmica continua a ser um ponto forte, algo que agrada aos fãs de Death metal que gostam do que é tradicional mas que também valorizam não ouvir a mesma música dez vezes e chamar disso um álbum. Old school em espírito e um álbum para ouvir muitas vezes no futuro. Com as devidas salvaguardas do equipamento hi-fi. (8.5/10)
Iron Jinn – “Live At Roadburn”
2024 – Lay Bare Recordings
O Roadburn é sem dúvida um dos festivais únicos do mundo, onde convergem todas as propostas dignas de registo dentro do espectro experimental e, obviamente, pesado. Os holandeses Iron Jinn trazem um rock que muitas vezes assume características atmosféricas que aqui até são ampliadas pela inclusão de Jarno Van Es nas teclas. Tendo em conta que este foi apenas o quinto concerto da banda e o primeiro com o teclista convidado, o resultado é bem acima da média. Como todo o rock deveria ser, dinâmico, imprevisível e apaixonante. (8/10)
Forgotten Winter – “Lucífugo”
2024 – Loudriver Records
Os Forgotten Winter estão de volta para celebrar vinte anos. Incrível como o tempo passa rápido e incrível como os Forgotten Winter conseguiram manter-se fiéis em relação à sua identidade primordial. E como tal temos um black metal melódico e atmosférico com um feeling retro – remetendo-nos para os finais da década de noventa e inícios da seguinte. Alguns valores de produção acabam por retirar o impacto que as composições em si têm mas não deixa de ser um dos melhores trabalhos do projecto assim como também a maneira perfeita de celebrar duas décadas de existência. (8/10)
Lord Of The Lost – “Live At W:OA:”
2024 – Napalm Records
Os Lord Of The Lost são, provavelmente, o nome mais forte do rock/metal gótico na Alemanha e o sucesso vai para além das fronteiras do seu próprio país. Apesar da espécie de fiasco que foi a sua participação no festival da Eurovisão, a sua legião de fãs continua a crescer. Pelo que não é de admirar o lançamento deste álbum ao vivo com a componente visual (DVD e Blu Ray) à qual não tivemos acesso. Os principais sucessos, com um som de topo é aquilo que eles têm a oferecer aos seus fãs que não vão perder a oportunidade de ampliar a sua colecção. (7/10)
Mushroomhead – “Call The Devil”
2024 – Napalm Records
Longos vão os tempos em que os Mushroomhead eram comparados com os Slipknot, até porque estes últimos mudaram bastante o seu som. Já Mushroomhead, apesar de terem evoluído, continuam ainda presos ao que era feito décadas atrás. No entanto, isso não é dizer que este “Call The Devil” soe datado ou até não tenha os seus méritos. Mesmo sem surpreender pela positiva ou pela negativa, este conjunto de canções legitimam a presença da banda norte-americana num mundo bastante diferente daquele que existia quando iniciaram a carreira. (7/10)
Alien Chicks – “Indulging The Mobs”
2024 – Hideous Mink Records / SO Recordings
EP de estreia da coqueluche britânica da música alternativa. Uma mistura entre o espírito mais livre do punk com noise e indie rock que é promissor mas que por agora sabe a pouco. (6/10)
Ordaca – “Ciudad Siniestra”
2024 – Edição de Autor
O grande chamariz do som dos Ordaca é o facto de serem um trio composto por um baterista e dois baixistas. Refrescante mas não propriamente sinónimo de algo memorável. Cru e com base no punk mas sem conseguir nos fazer pensar em como seria melhor se tivesse som de guitarra. (4/10)
The Cosmic Dead – “Infinite Peaks”
2024 – Heavy Psych Sounds (Purple Sage Pr)
Space Rock, the final frontier. Duas faixas, quase quarenta e cinco minutos de música e uma viagem pelo espaço sideral. Não é para todos, certamente, mas esse está longe de ser o seu atractivo (embora hajam aqueles que gostam de ser elitistas). Musicalmente fala uma linguagem cada vez mais rara, onde os limites e barreiras simplesmente servem para ser quebrados. Onde as fórmulas comerciais perdem todo e qualquer valor perante a arte em si. Uma viagem obrigatória para quem gosta de ser levado pela música até um mundo desafiador, onde somos elevados a um estado de consciência único. Obrigatório para os fãs de rock progressivo psicadélico. (9.5/10)
Fervent Hate – “In Rot We Trust”
2024 – Satanath Records
Terceiro álbum dos peruanos Fervent Hate que continuam a trazer death metal extremamente interessante. Apesar de achar que death’n’roll não é bem a categoria apropriada para aquilo que a banda faz, a diversão metálica é forte e garantida para quem gosta de peso, groove (sem infecções modernas) e um cheirinho bastante tradicional na prestação instrumental, principalmente das guitarras. Recomendadíssimo. (9/10)
Nightrage – “Remains Of A Dead World”
2024 – Despotz Records
Apesar de alguma instabilidade ao longo da sua carreira, os Nightrage liderados por Marios Iliopoulos têm sido garantia de death metal melódico de grande qualidade. Com mais de vinte anos de carreira, chegam com “Remains Of A Dead World” ao seu décimo álbum. Uma marca que não seria importante se não tivesse o trabalho em si a qualidade expectável. Inspiradíssimos nas melodias marcantes, sem perder um pedaço que seja em relação ao peso, este é um álbum que estabelece em definitivo os Nightrage como um dos nomes clássicos do estilo, merecendo estar entre os gigantes do mesmo. (9/10)
Peste Negra – “Parasita”
2024 – Edição de Autor
Potência! Os portugueses Peste Negra têm em “Parasita” um potente álbum de estreia. Não se sabe bem quem são e no fundo isso não interessa nada. É um regresso aos tempos em que a música era o único cartão de apresentação disponível. Produção forte e um disco furioso onde em menos de vinte cinco minutos levamos uma sova death metal épica. Bastante mais dinâmico do que aquilo que seria expectável, este disco mostra como o underground nacional é praticamente inesgotável em trazer novo sangue e excelentes trabalhos. (8.5/10)
Coilguns – “Odd Love”
2024 – Hummus Records
Os Coilguns estão de volta, com um quarto álbum que satisfaz na perfeição as expectativas que tínhamos. Aquela mistura equilibrada e, porque não dizer, perfeita entre um espírito punk/hardcore (ou post hardcore) e algo mais tradicional na vertente do alternativo e noise rock faz com que tenhamos um conjunto de temas bem pesados e infeciosos, cheios de ganchos melódicos impossíveis de ignorar. Recomendado obviamente. (8.5/10)
Longhouse – “III: Nìjwàswe”
2024 – Edição de Autor
Terceiro álbum dos canadianos Longhouse e um que nos parece que deverá crescer o seu alcance. Apesar da banda se rotular como doom/sludge metal, a sua música é bem mais dinâmica que as fronteiras estilísticas indicadas podem sugerir. Os leads de guitarra fazem-nos pensar em Paradise Lost ali por alturas do “Shades Of God” e “Icon”, onde a atmosfera também tem um forte peso. Recomendado. (8/10)
Knife – “Live Leather Hounds”
2024 – Napalm Records
Depois de um excelente “Heaven Into Dust”, os alemães Knife regressam com um EP ao vivo onde todas as suas qualidades são evidenciadas: espírito metal old school, elemento orgânico a mostrar como as coisas devem ser feitas e seis temas de black/heavy/speed metal que se tornam irresistíveis. Para quem quer completar a colecção ou para quem quer entrar no mundo dos Knife, é um lançamento recomendado. (8/10)
Warlord – “Free Spirt Soar”
2024 – High Roller Records (Soulfood)
Os míticos Warlord estão de volta, em modo tributo para prestar a devida homenagem a William J Tsamis que faleceu em Maio de 2021. Mark Zonder (baterista) e Giles Lavery (voz) juntaram a Jimmy Waldo nas teclas, Philip Bynoe no baixo e Eric Juris nas guitarras, contando ainda com partes de guitarra do próprio Tsamis que foram resgatadas das demos. Não sendo o trabalho mais fundamental da banda, é sem dúvida uma justa homenagem a Tsamis e aos fãs dos Warlord. (7.5/10)
Gob Patrol – “Nothing Left To Fear”
2024 – Golden Robot Records
Os Gob Patrol reinventaram-se (ou reconstruíram-se) e o primeiro sinal de vida é este EP “Nothing Left To Fear” que revela que as suas capacidades para o punk cru e javardo continuam bem intactas. Esperemos por mais. (7/10)
Hanging Garden – “Citylight Sessions”
2024 – Agonia Records
EP que nos traz a reinterpretação ao vivo de cinco faixas do seu último álbum “The Garden”. Uma reinterpretação ou reinvenção minimalista, onde as ambiências etéreas dos teclados ganham uma importância maior. Para quem gosta de uma abordagem dark wave a músicas de doom/gothic, esta é uma experiência que vale a pena conferir. (6.5/10)
Kratti – “Matka Kohti Kosmista”
2024 – Signal Rex
Sim, ainda há bandas/projectos novos de black metal a surgirem todos os dias. É impressionante a vitalidade deste género e a forma como a segunda vaga escandinava continua a servir como inspiração primordial para as novas gerações. Os Kratti tocam black metal primitivo que não se distingue de nada do que é ou já foi feito e esse acaba por ser o seu maior triunfo. É dirigido a um nicho que procura isso mesmo e não há nada de errado com isso. (6/10)
Vimur – “The Timeless Everpresent”
2024 – Avantgarde Music
Engraçado como algumas bandas passam debaixo do nosso radar (com tanta coisa a ser lançada todos os dias) até que quando isso cessa de acontecer, é como se fosse uma explosão. É o que aconteceu com este “The Timeless Everpresent”, um álbum de black metal apaixonante que nos cativa desde o primeiro instante, desde a pequena intro “Resacralization”. Um sentido de melodia que não os categoriza como “black metal melódico” mas que sem dúvida cria um ambiente ao qual somos impelidos a ficar a ouvir. Uma excelente surpresa e um excelente álbum. (9.5/10)
Wormthrone – “Enlighted Through Darkness”
2024 – Larvae Records (Propagator PR)
Sempre bom ver mais um nome nacional a nascer no meio da música extrema. Os Wormthrone são uma verdadeira super banda com membros e ex-membros de Corpus Christii, Flagellum Dei, Enthroned entre muitos outros. São seis temas espalhados em quase quarenta e cinco minutos que não dão qualquer descanso. Unidimensional e implacável, mas também dinâmico, “Enlighted Through Darkness” é o início de um percurso que promete ser memorável. Os fãs de black metal violento não vão ficar indiferentes (9/10)
Sur Austru – “Datura Strahiarelor”
2024 – Avantgarde Music
Mesmo quem estiver desatento consegue perceber com apenas pouco tempo de audição dos Sur Austru, de que estes são um seguimento natural dos Negură Bunget, sem serem no entanto uma cópia. “Datura Strahiarelor” é um álbum conceptual que o apocalipse segundos as tradições mitológicas romenas e muito desse misticismo passa para a música de uma forma apaixonante. É um daqueles álbuns ricos ao qual será difícil esgotar em pouco tempo.Apaixonante e intrigante. (9/10)
DD Verni – “Dreadful Company”
2024 – M-Theory Audio (Grand Sounds Promotion)
DD Verni, nome incontornável do thrash metal, uma das forças motrizes, se não A força motriz, dos Overkill. A solo o baixista sempre soube diversificar a sua sonoridade assentando o foco no hard’n’heavy. Aqui em “Dreadful Company”, as agulhas são apontadas para uma sonoridade mais punk. A cantar, a tocar baixo e guitarra – a bateria ficou a cargo de Jason Bittner (agora ex-baterista de Overkill) – o que temos são onze temas infecciosos de punk rock melódico que nos fazem pensar em Ramones caso estes escrevessem temas ainda mais orelhudos. Um excelente álbum, recomendado. (8.5/10)
Black Elephant – “The Fall Of The Gods”
2024 – Small Stone Records
Stoner, com um espírito doom e a puxar ao psicadelismo. Isto tudo, instrumental, claro está, para tornar a viagem ainda mais poderosa. “The Fall Of The Gods” é um daqueles discos ao qual é difícil parar de ouvir quando se começa, pelo transe que promove. Claro que apenas os mais receptivos a este tipo de transe é que serão afectados, mas há aqui também potencial para a conversão. (8.5/10)
Alkimista – “Viagem”
2024 – Edição de Autor
O projecto de Pedro Serpa, Alkimista, regressa com o seu terceiro disco, especialmente ambicioso quer no conceito (que pega naquilo que foi explorado no anterior álbum “Cinzas”) quer na execução. Apesar de ser um projecto de produção caseira, a sua qualidade é inegável. Doom metal melancólico e com melodias belas e memoráveis, esta “Viagem” é uma que vai perdurar no tempo e que até poderia fazer com que este projecto assumisse uma outra faceta. Cheio de participações especiais de David Soares a Samuel Trindade (Bleeding Display), “Viagem” é um pequeno tesouro a descobrir. (8/10)
Destro – “Night Of Vengeance”
2024 – Avantgarde Music
Muitas vezes nestas páginas se falou da nostalgia, da forma como a mesma é uma formidável arma de atracção como também por vezes uma armadilha. Como tudo na vida, poderá ser usado de forma positiva ou negativa. O resultado de “Night Of Vengeance” é remeter-nos imediatamente para os filmes de ficção ciêntifica (ou acção, ou terror) que nos prendiam ao ecrã e nos faziam sonhar mesmo que muitos (ou quase todos) não tenham sobrevivido da melhor forma ao teste do tempo. Synthwave apaixonante e empolgante, mesmo que nos traga muitos déjà vús, mas essa, atrevo-me a dizer, é a sua arma mais poderosa. (8/10)
Defacement – “Duality”
2024 – Avantgarde Music
Apesar do rótulo de black/death metal (ou vice-versa) deixar por vezes pouco à imaginação, os Defacement estão longe de ser a típica banda de black/death metal. A brutalidade está lá, assim como o ambiente claustrofóbico que é acentuado pelas dissonâncias que são o elemento diferenciador. Não é de fácil interiorização mas esse é também o seu maior atractivo a longo prazo. (7.5/10)
Avi Rosenfeld – “Black Rock Mountain”
2024 – Edição de Autor
Mais um álbum (76!) do músico (provavelmente) mais profícuo de sempre do rock. Como sempre temos rock, cada um com a sua voz e cada um com o seu feeling. O que ganha em dinâmica, perde em coesão. Ainda assim, temos aqui grandes vozes e grandes músicas como a “Tell Me The Truth”, com Beatriz García Ferrer, num registo bem suave. (7/10)
Glitter Litter – “Shocks To Sleeping Beauties”
2024 – Edição de Autor
Segundo EP dos Glitter Litter cuja sonoridade nos leva para um campo mais pop e glam com alguns toques de punk. Não sendo especialmente marcante, é interessante o suficiente para garantir boas audições. (6/10)
Ghostkeeper – “Cîpayak Joy”
2024 – Victory Pool Records (Tell All Your Friends)
Definitivamente fora dos domínios de peso, os Ghostkeeper inserem-se na vertente electrónica chillout e conseguem criar ambientes interessantes onde a repetição joga a seu favor. Minimalista e perfeito para passar ao fundo enquanto se está a tentar relaxar. Não se vai conseguir devido ao seu teor algo depressivo e experimental (6/10)
Nile – “The Underworld Waits Us All”
2024 – Napalm Records
Cinco anos de espera para o novo álbum dos Nile que não desilude. Qualquer banda, ainda para mais uma banda que se assumiu a trazer algo diferente ao género onde se insere, tem sempre bons e maus momentos ao longo da sua carreira. Momentos em que a desinspiração os coloca por caminhos mais banais e outros onde parece recapturar a excitação do seu mítico primeiro álbum. Que é o que temos aqui. Não é que “The Underworld Waits Us All” seja um álbum voltado para o passado. Pelo contrário, é até uma continuação lógica do anterior “Vile Nilotic Rites”, mas consegue capturar na perfeição todos os elementos fortes daquilo que queremos ouvir num álbum dos Nile. Brutalidade, o elemento técnico ao serviço da música e aquela ambiência e atmosfera que nos transporta imediatamente para o Egipto em todo o seu esplendor e misticismo. Obrigatório. (9.5/10)
Powerwolf – “Wake Up The Wicked”
2024 – Napalm Records
Os Powerwolf são uma daquelas bandas tão sui generis que isso leva a que criativamente, mais cedo ou mais tarde, se encontrem perante um beco sem saída. O que os deixa com duas opções, ou optam por ousar quebrar as fronteiras que eles próprios estabeleceram para a sua identidade ou então mantém-se confinados às mesmas correndo o risco de se tornarem aborrecidos. Confesso que por esta altura os polacos já tivessem atingido esse ponto mas ainda não é desta. “Wake Up The Wicked” tem todos os elementos que adoramos nos Powerwolf mas continuam a ter uma capacidade para fazer canções que teimam em ficar coladas ao nosso cérebro. (9/10)
Wasteland Requiem – “Ruins Of Time”
2024 – Supergoat Wreck-Whordes / Studios13
Mais um projecto de Melkor e desta feita um EP bem interessante que foca liricamente na extinção humana provocada pelo próprio homem. Musicalmente temos um doom/Death metal bem inspirado e ao qual é fácil ficarmos agarrados. Quer pela força dos riffs e o certo groove que emanam. Os teclados, subtis, também desempenham um papel importante. EP de estreia que quer (exige) continuação. (9/10)
Bong Kong – “Ikigai”
2024 – Edição de Autor
Os Bong Kong estão a revelar-se a cada lançamento como uma banda obrigatória de acompanhar. Classificam-se como Bongcore, que serve para o efeito como qualquer outra designação criada pela imprensa. Na prática o que temos é uma fusão de metal com hardcore onde o elemento técnico se junta à brutalidade de uma forma refrescante e apaixonante. Sugere também uma evolução que está longe de ficar por aqui. Recomendado conhecer. (8.5/10)
Frozen Crown – “War Hearts”
2024 – Napalm Records
Os Italianos Frozen Crown estão de volta para aquele que é o seu quinto álbum, mantendo uma boa regularidade editorial e com o seu power metal melódico (com aquelas melodias próximas da eurodance que nos obrigam a dar o braço a torcer conforme ficam presas no nosso cérebro). E apesar de compreendemos quem pense que isto é foleiro, mas musicalmente resulta, tal como uma boa música pop. A diferença é que não temos uma música descartável à qual nos fartamos passadas duas audições. Bom agora e daqui a muito tempo. (8.5/10)
Jr. Juggernaut – “Another Big Explosion”
2024 – Mindpower Records (Earshot PR)
Ao quarto album os Jr. Juggernaut trazem-nos a classe do rock descomprometido e melódico, como aquele que era feito na década de noventa sem se importar muito com o rótulo de alternativo mas também a não fazer nada para mergulhar a fundo nele. Melódico e catchy, com excelentes linhas e harmonias vocais (diria que são o ponto forte destes temas e de os mesmos serem tão viciantes. Uma banda que os fãs do rock deverão querer conhecer. (8/10)
Charlotte Wessels – “The Obsession”
2024 – Napalm Records
Tenho de ser sincero em dizer que não esperaria gostar tanto deste disco como gostei. Os Delain sempre foram uma banda pela qual nutro uma relação de amor/ódio/indiferença pelo que o disco a solo da sua ex-vocalista não estaria no topo da minha lista em relação a expectativas altas. Apesar de alguma aproximação a sonoridades modernas, onde as guitarras com afinações graves se destacam, é a voz de Charlotte que surge altamente inspirada assim como as melodias que canta. Não será talvez um disco que conquiste a sua marca no tempo mas ainda assim, para quem gosta de boas vozes, de algum peso aliado à melodia, não há como não experiementar esta “The Obsession”. (8/10)
Stoke Signals – “Make Dying Fun”
2024 – Edição de Autor (Earshot Media PR)
Os Stoke Signals chegam-nos cheios de energia de Los Angeles e trazem punk rock melódico com um certo gosto a pop (e este não é algo depreciativo) que entre energia e canções uptempo conseguem cativar facilmente. A voz de Giuliano Messina poderá ser algo genérica e tornar-se cansativa para quem é estranho/a ao género mas no geral este é um sólido álbum de estreia. (7.5/10)
Solak – “Atlas”
2024 – Capitate Nerecords (Tell All Your Friends PR)
Smooth, cool, são termos que nos ocorrem ao mergulhar neste segundo álbum de Solak. Funciona também como uma espécie de viagem no tempo, até aos finais da década de setenta, tem essa vibe. Um certo funk chill out se é que se pode de chamar de algo assim. Não será indicado para os que gostam de violência sónica mas o que gostam de relaxar de vez em quando com música inesperada, poderá ser uma boa escolha. (7/10)
Mouth – “Getaway”
2024 – This Charming Man Records
Começar um álbum logo com um épico de vinte e dois minutos é de coragem e cada vez mais raro hoje em dia. Mas o som da banda também soa bem vintage, como resgatado da década de setenta, onde o hard rock se funde tanto ao progressivo como ao psicadélico, algo que é bem mais evidente no tal tema de abertura, o tema-título, do que no resto do álbum. Não é que o resto decaia em termos de qualidade, o impacto simplesmente não é o mesmo. Seja como for, os fãs das sonoridades clássicas do rock vão querer conferir. (6.5/10)
Bleak Magician – “How The Disappearance Appeared To Us”
2024 – Edição de Autor
Post punk, with a twist. É uma descrição inútil, mas ainda assim aquela que mais próximo daquilo que se pode ouvir por aqui. Sem pretensões em relação a ser gótico mas a soar como a génese do estilo assim como do noise rock, fundindo os dois de maneira muito interessante. Aos nossos ouvidos não será um disco ao qual vamos recorrer muitas vezes mas para os fãs dos géneros acima, vai ser um tiro em cheio. (6/10)
Destructor – “Blood Bone And Fire”
2023 – Shadow Kingdom Records
Thrash/power metal à boa maneira americana. Este é um álbum simples na sua fórmula, não apresenta nada de novo mas ainda assim capaz de apresentar muitas horas de prazer auditivo para quem tinha saudades deste estilo de som, tão puro. A banda é veterana, os fãs da velha guarda de certeza que conhecem o seu mítico álbum de estreia “Maximum Destruction” e o que se tem aqui vai bem mais além do lugar comum da banda que clássica que está a viver uma segunda ou terceira vida, sem grande inspiração. Este álbum demonstra uma frescura difícil de igualar. (9/10)
Torture Squad – “Devilish”
2023 – Time To Kill Records
Os Torture Squad são daquelas bandas que ficam cada vez melhores a cada álbum que lançam. “Devilish” deixa isso bem claro ao longo de quase cinquenta minutos de música. O Death/thrash metal poderá não ter muito (ou mesmo nada) a esconder mas quando bem feito, tem sempre o seu charme e a garra da banda brasileira juntando-se a amadurecimento interessante faz com que haja uma eficácia acrescida que se nota bem em temas como “Buried Alive” e “Sanctuary”. Cada vez melhores! (9/10)
Royal Thunder – “Rebuilding The Mountain”
2023 – Spinefarm Records
Regresso bastante aguardado que não desiludiu. Regresso onde os Royal Thunder também se renovaram e reinventaram mas mantém a mesma capacidade de sempre de nos presentearem com um rock visceral que é ainda mais forte por trazer na pele bem gravadas as cicatrizes dos seus criadores. (8.5/10)
Mental Cruelty – “Zwielicht”
2023 – Century Media Records
Posso estar sempre a bater na mesma Tecla e a dizer sempre o mesmo mas continuo a achar que a melhor forma do deathcore se tornar menos aborrecido é quando embarca por caminhos mais sinfónicos. Mesmo correndo o risco desta solução se tornar previsível e até aborrecida em pouco tempo. Contudo, desde que tenhamos álbuns como este “Zwielicht” isso não irá acontecer. Sim, temos enormes breakdowns que não levam a lado nenhum, mas em comparação, são meras notas de rodapé que felizmente não vão para além disso mesmo naquilo que as músicas são no seu todo. Uma boa forma de olhar para o deathcore de maneira diferente. (8.5/10)
Tombstone – “to The Existence Of Light”
2022/2023 – Gutter Prince Cabal (Viral Propaganda PR)
Não foi propriamente a capa que chamou a atenção – aliás, tem o dom de fazer exactamente o contrário e passar despercebida – mas o facto de estarmos perante uma banda da Indonésia, misteriosa, que supostamente existe de 2005, mas apenas lançou a sua estreia em 2020 e no ano passado este segundo trabalho que nos remete para muito mais atrás no passado, até meados da década de noventa onde este tipo de sonoridade conseguia causar um grande impacto. Não nos entendam mal, ainda consegue, e este é mesmo um álbum muito bom, mesmo sem apresentar nada de novo. A questão é que nem é preciso. Para quem gosta de Black Metal onde os riffs em tremolo picking falam mais alto e falam de uma forma eloquente, é impossível não se ficar preso a este álbum. (8/10)
Titans Rage – “Never Surrender”
2022 – Steel Shark Records
Trabalho de estreia pelos franceses Titans Rage que têm uma paixão inspiradora pelo estilo. Poderá pensar-se (e com alguma razão) de que esta sonoridade soa datada aqui, fazendo lembrar os tempos áureos do power metal no início do milénio, o que será particularmente feliz para quem viveu essa época. Mas mesmo quem não faça a associação e apenas goste de Heavy/power metal que venera o estereotipo criado na década de oitenta, poderá encontrar aqui um excelente álbum que vai surpreender para quem procura algo directo ao assunto e pé no pedal do metal. Mesmo com lugares comuns, é um álbum que é impossível resistir, havendo amor ao som sagrado. (8/10)
Chaos Path – “Rise Of Apocalypse”
2023 – Golden Core Records
Apesar de ser apresentado com um nome diferente, este trabalho não é mais do que a reedição do primeiro EP “The Awakening” de 2018 e “Downfall” de 2019 num só disco, assim como também apresenta uma série de temas ao vivo, com uma qualidade mais sofrível. O que é uma boa forma de ficarmos a conhecer a musica da banda que é bastante interessante pelas diferentes nuances que consegue juntar, do Death e Black metal mais melódicos (a fazer lembrar muitas vezes bandas como Rotting Christ e Ancient Rites) até ao thrash metal. E perante os dois trabalhos, “Downfall” é aquele que nos consegue cativar mais facilmente sendo bem mais rico e dinâmico do que o EP, que, por ele só não seria suficiente para garantir o nosso interesse. Assim vamos ficar atentos ao que vão fazendo. (7.5/10)
Overlord – Fake Salvation”
2022/2023 – Great Dane Records
Consta que “Fake Salvation” começou como um projecto solitário de Johan De Jager (dos Arcana XXII) ao qual se juntou Justus Meineke na voz e ainda Nikolay Atanasov (ex–Agent Steel) com solos em dois temas. O resultado é Death metal que se pretende homenagear bandas como Bolt Thrower, Cancer e Massacre – algo que se percebe bastante bem ainda que fiquem algo aquém em relação aos nomes citados, mas também não seria expectável que os superassem. Para quem gosta de Death metal old school não vão ficar desiludidos. (7/10)
NYIA – “Head Held High”
2004/2023 – Moans Music / Fabryka Hałasu (3 Nation)
Reedição do álbum de estreia dos polacos NYIA que se apresentaram ao serviço com uma colecção de temas onde o Death/Grind, o Sludge e o Mathcore se juntam para dar uma festa. Talvez não seja o nome mais imediato ou revolucionário do género, mas este “Head Held High” sobreviveu muito bem a passagem do tempo e até justifica agora a reedição em vinil. Não sendo uma audição obrigatória para os apreciadores do género, é interessante o suficiente para lhe dar umas voltinhas. (6.5/10)
Rapid – “Blackstar Oppression Regime”
2022/2023 – Dying Victims Productions
Reedição do primeiro EP dos finlandeses Rapid que trazem black/speed metal old school, com um som podre mas que curiosamente não lhe é totalmente prejudicial. Acresce-lhe um certo charme, e também faixas bónus na edição em CD que traz os quatro temas da demo “Deadly Torment” que tem uma produção ainda mais podre. Interessante ver este pessoal a ter acesso a condições melhores no estúdio. (6/10)