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Filhos Do Metal – Heavy Metal Com Vitalidade

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Mais um ano a terminar. Em 2024 fica a ideia de uma grande vitalidade para o Heavy Metal português. Embora ainda persista a noção de que o género tem de ser mantido no underground, de modo a ser genuíno, há muito que esse conceito foi ultrapassado. As grandes enchentes em estádios e salas de maior dimensão são a prova de que há público aderente, muito para além dos fãs mais devotos. Nestes últimos meses houve diversos acontecimentos que são deveras admiráveis, entre muitos concertos e edições de álbuns. Só para mencionar alguns a título de exemplo, mas que são dignos de destaque, aqui ficam alguns casos. Começo por mencionar algo que me é muito próximo, a reedição em diversos formatos de dois álbuns marcantes na década de 90. A Larvae Records lança agora duas edições originais da Morgana Records com 30 anos – “Abstract Dinity” dos Thormenthor e “Perspective” dos Shrine. Dois álbuns únicos por parte de duas bandas muito interessantes e inovadoras. Há muito que eram aguardadas estas reedições. Foi necessária vontade e coragem para o fazer. Têm sido reeditados diversos álbuns de bandas nacionais e estes já mereciam lançamentos de luxo. Para além do interesse dos fãs mais antigos, pode também ser uma descoberta para as novas gerações. Ainda a nível de lançamentos, os Sinistro lançaram “Vértice”, trazendo de novo o seu Metal denso e pesado com uma portugalidade latente. Apresentaram uma nova voz que pinta de saudade e Fado um Doom Metal persistente. Também na onda Doom, os Dawnrider voltaram às edições, com “Five Signs Of Malice”, este que é já o quinto álbum de originais. A sensação nacional, que continua numa verdadeira ascensão internacional também lançou novo álbum com o título “Coma”. Os Gaerea estão numa vertigem com edições e digressões constantes, a construir uma carreira sólida. Recebem elogios vindos dos quatro cantos do mundo, espalhando um Black Metal moderno e arrebatador. Os Equaleft editaram “Momentum” e voltaram a trazer os sons Thrash com Goove e pitadas Death Metal passados cincos anos da última edição. O Hard Rock também se fez ouvir novamente com “En Route” o novo lançamento dos Affaïre. A espalhar o perfume dos Açores, uma verdadeira pérola viu a luz do dia. A compilação em CD e vinil “Azores & Metal Vol. #4” dá a conhecer o melhor do Metal açoriano, pela primeira vez numa edição em vinil. Muitas outras bandas lançaram álbuns, um sinal de contínua aposta num mercado reduzido, mas vivo e interessado.

Ao vivo há que destacar o concerto dos Moonspell na Meo Arena com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa. Uma aventura de grande coragem, com uma sala muito bem composta e um trabalho cuidado a nível de arranjos para a parceria artística entre o Metal Gótico e a vertente clássica da Orquestra. Os Bizarra Locomotiva continuam a encher salas de Norte a Sul do país. Impressionante como o coletivo continua a ser das bandas mais queridas do público. O álbum “Volutabro”, parece ter engrandecido a já grande legião de seguidores. Os festivais continuam a acontecer com muitas propostas nacionais para disfrutar. Recentemente aconteceram: Halloween IV em Guimarães, o Caputa de Halloween Fest em Lisboa, o Mosher Fest em Coimbra, o Oeste Underground na Malveira e o Deathfest com duas datas, em Lisboa e Porto. Os Irae anunciaram que irão fazer parte da digressão Europeia dos Marduk em 2025. Também os Blame Zeus irão em tour com os Semblant no próximo ano, por alguns países europeus. Os Godiva rumaram ao Reino Unido para algumas datas na companhia dos Voodoo, onde apresentaram o seu Death Metal melódico com laivos góticos. Há datas cuja agenda de concertos está preenchida com diversas bandas a atuar em simultâneo de Norte a Sul do país.

Enfim! São muitas e boas as propostas que vão surgindo, com o ano de 2025 já a ficar preenchido. Se juntarmos a todo a movimentação das bandas nacionais, os concertos de bandas internacionais a passar por território nacional, então a oferta é muita e de qualidade. Mesmo que nem sempre as salas esgotem, a maioria está perto disso. Os grandes nomes como Iron Maiden, voltam a Portugal e esgotam. São demasiados para mencionar todos! Se dúvidas houvesse do vigor que o Metal tem em Portugal, ficam dissipadas com tanta oferta. Continua a não haver maior exposição e destaque nos meios de comunicação generalistas, mas esse facto parece não afetar o interesse do público, que de uma forma ou de outra continua a consumir. De notar que a RTP apresentou uma notícia bem interessante sobre os Gaerea, num Jornal da Tarde. Um Oásis que só fica bem à televisão pública. Ficam os desejos de boas festas e muita música de qualidade.


 

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