Pilhas de Discos #10 – Behemoth, Lucille, Morbyda, Dragon’s Kiss, Igorrr, Rage
Lucille – “Dawn Of Destruction”
2025 – Dying Victims Productions
Thraaaaaaaaaaash! Já sabem o que significa este grito de guerra. Significa que estamos perante thrash metal de qualidade insuspeita. Daquele nos faz ferver o sangue, de uma forma positiva, em três tempos, ou como quem diz, em nove músicas em pouco mais de quarenta minutos. Uptempo, sem grandes enfeitos, pedal to the metal para um headbang furioso. Uma estreia valorosa por parte destes polacos cujo único defeito é mesmo o nome – que raio de nome para uma banda de thrash metal furioso. (9/10)
Apocalyptic Society – “Instinctual Self-Slaughter”
2025 – Self Release (Total Darkness Promotions)
Death metal, simplesmente death metal. E a simples menção deste termo é suficiente para sabermos aquilo que estamos perante. Claro que há abordagens mais pesadas, mais tradicionais ou mais melódicas. Os Apocalyptic Society não estão presos no passado mas também não o renegam. Pelo contrário, demonstram perfeitamente o seu amor ao estilo e evidenciam-no ao longo destes oito temas. Unidimensional mas ao mesmo tempo dinâmico e uma estreia recomendada para os fãs de death metal. (8.5/10)
Ghost Bath – “Rose Thorn Necklace”
2025 – Nuclear Blast
Depois de alguns anos de antecipação, aí está o novo álbum dos norte-americanos Ghost Bath. A sua sonoridade já apontava, de uma forma outra, para o blackgaze, uma evolução natural que já vimos algumas vezes nas propostas de black metal depressivo. E se isso nem sempre é bom – não pela mudança estilística em si, mas pela perda de qualidade que pode ocorrer – podemos dizer que esta metamorfose não belisca a qualidade dos Ghost Bath que aqui surgem com um espectro mais abrangente no seu alcance. Melodia incrementada, emocionalidade presente, bom trabalho. Resta saber para onde vão a partir daqui. (8/10)
Skräcken – “Echoes From The Void”
2025 – Dying Victims Productions
Mais uma estreia por parte da Dying Victims Productions. Os Skräcken são suecos e trazem-nos hard’n’heavy vintage e com extremo bom gosto. O foco está nas melodias e em manter a tradição heavy metal, algo que conseguem fazer com distinção. Destaque para a voz de Sofie-Lee Johansson, que dá um toque de classe ao que já tem bastante. Apesar de ser uma boa estreia, fica a ideia de que ainda conseguem fazer muito mais e melhor no futuro. (7.5/10)
Crop – “S.S.R.I.”
2025 – Third House Communications (Csquared Music)
O segundo álbum dos norte-americanos Crop é algo surpreendente. Inicialmente parecia um colosso monolítico de sludge lamacento, unidimensional e por isso aborrecido, por alguma falta de dinâmica, mas não muito tempo depois somos introduzidos a uma série de graduações daquilo que nos parecia um omnipresente e eterno cinzento. Continua a ser sludge lamacento, mas a intensidade emocional que essas dinâmicas trazem é o que faz a diferença e tornam este álbum um que urge descobrir. (7/10)
Angel Of Damnation – “Ethereal Blasphemy”
2025 – Dying Victims Productions
Por muito que tenhamos amor ao estilo, e temos, há que reconhecer as limitações quando as encontramos. Neste caso concreto, Doom Metal, celebrado pelos Angel Of Damnation, que nos chegam da Alemanha. Essa celebração é precisamente aquilo que se espera por parte de uma abordagem tradicional que vai beber bastante também ao heavy metal tradicional. Apesar de em papel ser aquilo que apreciamos, na prática, o que temos tende a ser algo aborrecido, sem ferver o sangue. A voz de Doomcult Messiah também ajuda a isso assim como o trabalho de guitarra. Falta emoção, pelo que preenche os requisitos apenas para os mais fanáticos. (6/10)
Behemoth – “The Shit Ov God”
2025 – Nuclear Blast
Tenho de confessar que os mais recentes lançamentos dos Behemoth não me têm impressionado. Apesar de admitir que não são maus, parecem-me calculados ou pensados demais e pouco sentidos, acabando por não perdurar na memória. Assim que vi este título, “The Shit Ov God”, pensei que iria pelo mesmo caminho. Um título provocador que depois não tem por trás música suficientemente forte para o suportar. Felizmente é precisamente o contrário, este é o álbum mais forte da banda polaca dos últimos tempos. (9/10)
Igorrr – “Amen”
2025 – Metal Blade Records
Poderemos amar e odiar algo ao mesmo tempo? Sim, é possível. Assim como é possível os nossos sentidos, baseados em experiências passadas dizer-nos prematuramente que não gostamos de algo, quando na verdade, após dada a devida oportunidade, ficamos a descobrir que até gostamos bastante. Os Igorrr são uma banda capaz desse tipo de reacção e embora eles não nos sejam estranhos e já soubéssemos com o que poderíamos contar, não deixámos de sentir inicialmente o turbilhão de emoções descrito anteriormente. “Amen”, eleva o poder da banda a um novo patamar, principalmente pela inclusão de verdadeiros coros de igreja (e não apenas samples). A música electrónica funde-se de forma perfeita com o metal – embora muitos possam não considerar o que se ouve aqui como metal – e a música de Igorrr continua ser essencial para alargar cada vez mais os nossos horizontes. (8.5/10)
Bryan Eckermann – “The Fall Of Heaven”
2025 – Bonespill Recordings
Bryan Eckermann já tem uma série de álbuns editados, e o seu talento já não é segredo há muito tempo. “The Fall Of Heaven” é a prova disso mesmo, onde os extremos se tocam com a melodia de uma forma cativante. A voz poderá ser o único ponto fraco já que instrumentalmente este é um álbum brilhante. Esse facto não impede deste ser um álbum que vale a pena voltar diversas vezes. (8/10)
Blood Brain Barrier – “Windows Drenched In Red”
2025 – Edição de Autor (The Metallist PR)
EP de estreia dos Blood Brain Barrier, um duo canadiano com o dom para fazer excelente chavascal. Quatro temas embebidas das trevas mais negras que são bem orgânicas, contrariando a tendência natural em termos de produção. Sujo e com bons detalhes técnicos, são as melodias épicas que nos conquistam ao longo destes quase vinte cinco minutos. (7.5/10)
The Final Witness – “Beneath The Altar”
2025 – Rottweiler Records (Imperative PR)
One-man band por parte de Josh Anderson que lança agora o seu álbum de estreia. Um interessante álbum de estreia que consegue alguns momentos dignos de serem guardados na memória mas que lhe falta um pouco mais para ser memorável. A produção tem certos aspectos que revelam o facto de ser one-man band. Não compromete mas também não soa completamente orgânica – se formos a ver também nada hoje em dia soa orgânico. As músicas andam entre o thrash/death com laivos melódicos e técnicos/progressivos. É um bom ponto de partida para uma evolução que gera expectativas. (7/10)
Stereophobia – “Choke On This”
2025 – Eclipse Records
Não há nada de errado com este disco a não ser a questão de surgir uns vinte anos tarde demais para ter um impacto maior do que aquele que provavelmente terá. Boa música, boa atitude, boa voz e uma coesão na banda, mas, o que sobressai é a forma como estas soluções (ou lugares comuns) fariam muito mais sentido ali no final do milénio passado ou no início deste. Nessa altura o potencial comercial seria imenso, agora, parece que o barco já passou há muito tempo. Temos bons apontamentos – como os pormenores étnicos na “Maggots” (num título que relembra precisamente o período temporal que mencionei) e também boas músicas, mas infelizmente não soam refrescantes o suficiente para ficar na memória. (6.5/10)
Morbyda – “Under The Spell”
2025 – Dying Victims Productions
Arrepiante o número de lançamentos de ouro que a Dying Victims lança cá para fora. Esta estreia dos Morbyda é mais uma, com uma sonoridade crua – a lembrar os míticos anos oitenta, e com um feeling puro do mais verdadeiro speed metal. Um daqueles discos que se ouve e pensa – “isto de certeza que é um disco clássico de tão bom que é.” E sim, é verdade, ou pelo menos será sem dúvida um clássico do estilo, mesmo que a nostalgia seja uma das armas que usa, orgulhosamente, diga-se, e que isso possa levar a pensar que a originalidade seja um dos pontos fracos. No entanto, apesar dos lugares comuns e da nostalgia, este é um disco que é obrigatório para qualquer fã de heavy metal que se preze! (9/10)
Völur / Cares – “Breathless Spirit”
2025 – Batke Records (C SQuared Music)
O trio canadiano Völur não são uma banda normal. Apesar de estarem inseridos no contexto extremo, não usam guitarras, apenas baixo, teclados, bateria e violino. A juntar-se a eles está Cares, projecto levado a cabo pelo produtor James Beardmore (britânico mas sediado no Canadá) que usa material analógico convencionais (como sintetizadores) e não convencionais (instrumentos criados ou alterados por ele), que acaba por expandir bastante o universo, já de si espantoso dos Völur. Para submergir numa viagem memorável. (8.5/10)
Burial Tree – “The Power Of Myth”
2025 – Subcontinental Records (The Metallist PR)
Este não é um álbum normal. Apesar de podermos encaixá-lo na música extrema ou pelo menos pesada – que recebe todos os excêntricos de braços abertos – tem um forte teor experimental que não facilita o consumo pelo comum mortal. Provavelmente será esse o objectivo. Três longos temas instrumentais com uma forte componente atmosférica que ora é claustrofóbica ora é expansiva nunca deixando de parte o seu carácter agressivo. Não sendo para todos, quem se arrisca nestes mares acaba por encontrar uma viagem bastante interessante. (8/10)
Sodomic Baptism – “Contra Christum”
2025 – Brutal Records
O death metal dos bielorrussos Sodomic Baptism tem personalidade. Poderá não ser vistoso aos olhos modernos, poderá não ser imediato, mas definitivamente tem personalidade. E até mesmo na falta de dinâmica potencial que tem consegue ser interessante com algumas bolas curvas – no caso, a faixa final e atmosférica (e surpreendentemente melódica) “The Transcendence of Existence” que se afasta significativamente do estilo anteriormente apresentado. (7/10)
Mudslider – “Eerie Visions”
2025 – Edição de Autor
Álbum de estreia desta one-man band que tem como principal timoneiro Ant Majora dos Stabwound. Em termos estilísticos, Mudslider opera nos mesmos meandros que a sua banda principal, ou seja, death metal. No entanto, este é um pouco mais arrojado, com mais liberdades a nível de fronteiras, trazendo mais elementos para cima da mesa, o que sem dúvida é bom. Com uma melhor produção e com algum mais de foco, há um futuro interessante para Mudslider. (6.5/10)
Face Yourself- “Fury”
2025 – Sumerian Records (Kinda PR)
Os Face Yourself são uma nova banda que vai já no seu segundo EP – sempre mais vantajoso do que álbuns hoje em dia, principalmente para a geração de consumo rápido dos spotifys e tiktoks. Tendo em conta que eles andam pelos campos secos do deathcore, as expectativas não são muito altas. Apesar de não ser um desperdício completo, a falta de dinâmicas ao longo de cinco canções é impressionante, onde os breakdowns e os “chugga chugga” são uma constante. Fica a esperança que quebram as amarras do estilo que escolheram. (5.5/10)
Dragon’s Kiss – “The Return Of The Wild Dogs”
2025 – Firecum Records (Against PR)
O regresso dos Dragon’s Kiss – uma super banda (quase) nacional que conta com membros de Elfs Focs Negres, Dawnrider, Savage master entre outros – já era bastante aguardado, afinal a estreia foi lançada há onze anos enquanto para matar a sede só se teve o EP em 2023, “The Last Survivors”. E apesar de saber a pouco – o álbum poderia ter mais uma música ou duas – aquilo que temos faz bem merecer toda a espera e antecipação. Heavy metal visceral e cru mas cheio de alma, completamente desprovido de pretensões de ser o quer que seja para além de bom rock’n’roll para curtir no carro, num bar, com os amigos ou sozinho. Todas as ocasiões são perfeitas para ouvir este álbum. (9/10)
Reverya – “Affliction In Bloom”
2025 – Self Released
Típico caso em que algo que não nos agrada inicialmente mas depois acaba por crescer cá dentro. Isto porque as tendências modernas de Reverya depressa nos fazem pensar, pensamento movido a preconceito, de que era mais uma obra fruto da linha de montagem mais comum e longe de ter qualquer impacto na memória. Nunca sabemos se a música que ouvimos e analisamos vai ser memorável ou não – e até pode ser para nós, mas ficar esquecido do público em geral – mas aquilo que “Affliction In Bloom” apresenta é um álbum conceptual cheio de sensibilidade e dor e isso consegue ser transmitido na perfeição. Música que sente e faz sentir e isso é bem mais raro do que se pensa. (8.5/10)
Adam And The Hellcats – “9 Lives”
2025 – Edição de Autor (San PR)
De Bristol chegam os Adam And The Hellcats com um som adoravelmente sujo e cheio de atitude rock. A voz de Cirwen Costa é adoravelmente nostálgica, levando-nos ao início da década de oitenta. A sonoridade é leve e descontraída, mas o facto de estarmos perante uma sonoridade orgânica e, como já foi dito, suja, faz com que grite por aquele elemento genuíno por todos os poros, algo que já começa a estar em falta nos dias de hoje. Visceral e encantador ao mesmo tempo, recomendado. (8/10)
Plasmodulated – “An Ocean Ov Putrid, Stinky, Vile, Disgusting Hell”
2025 – Personal Records / Gurgling Gore / Dawnbreed (Suspicitous Activities PR)
Quando surge mais uma banda nova de death metal, há duas hipóteses invariavelmente do seu estilo de som. Ou é old school, apostada em revitalizar a sonoridade dos primórdios do estilo ou é moderno, embebido nas tendências mais em voga. Os norte-americanos Plasmodulated até pendem mais para a primeira, mas infelizmente a produção tem um cariz demasiado plástico, sobretudo no som das guitarras que está omnipresente. No entanto, este não é um detalhe que nos impeça de ouvir com gosto este pedaço de death metal bruto, semi old school e ligeiramente técnico. (7.5/10)
Lower Hollow – “Threnody: Songs Of Perseverance”
2025 – Edição de Autor (Plug Music Agency)
Os Lower Hollow tiveram uma daquelas mudanças de formação decisivas, neste caso concretamente, o seu anterior vocalista decidiu abandonar o colectivo para se concentrar no seu recém-nascido filho. Com a entrada de Kathryn Georgina, a mudança profunda inspirou-os para pegar no álbum lançado no ano passado, “Threnody: Songs Of Fortitude” e trabalhá-lo com Kathryn. Não apenas regravá-lo, mas a mostrar uma evolução natural das mesmas músicas. A banda (e este conjunto de canções) surgem assim revigorados, abrindo um interessante caminho para o que venha a seguir. (7/10)
Dying Wish – “Flesh Stays Together”
2025 – SharpTonerecords (Kinda PR)
Novo álbum dos Dying Wish que apresentam 10 canções de desconforto sonoro e que não trazem grande espaço para respirar – excepção feita à “Nothing Like You”, que mantém a aura negra do disco mas traz uma dinâmica que é muito bem vinda. Isto porque “Flesh Stays Together” é de tal forma avassalador que é necessário um escape, ainda que momentâneo para que se possa voltar a levar castanhada. (6.5/10)
Frayle – “Heretics & Lullabies”
2025 – Napalm Records
Os Frayle são uma daquelas bandas que ou se ama ou se odeia. Não por serem muito diferentes, mas por personificar um lado mais ambiental que nem sempre atrai os amantes da música extrema. No entanto, para quem gosta de algum peso, com muita melancolia e uma atmosfera densa, terá aqui muitos motivos para ouvir do início ao fim e com muitas repetições posteriormente. (9.5/10)
Šakal – “II”
2025 – Edição de Autor
Os sérvios Šakal estão de volta com o seu segundo álbum e com o seu black metal old school (de acordo com as regras da segunda vaga) e riffs altamente inspirados. À primeira audição, podemos não detectar nada de novo, mas raramente é pela novidade que o black metal nos conquista. É pelos ambientes e pelos riffs, uns ajudados pelos outros. Há por aqui também ambiências pagãs que na nossa opinião dão o toque mágico no final para ficarmos completamente convertidos. (9/10)
Rage – “A New World Rising”
2025 – SPV
Já são infindáveis as mudanças de formação dos Rage, uma das mais clássicas bandas teutónicas de heavy/power metal. Muitas faces diferentes ao longo dos anos, mas a voz de Peavy continua a ser o elo de ligação entre as diversas eras. Os Rage em 2025 lançam o seu vigésimo sexto álbum (fazendo a contagem da banda, onde o primeiro álbum dos Avenger é contabilizado e contando também com o álbum de comemoração dos 10 anos de carreira em 1994), com riffs pesadões e com mais dinâmica que nunca. Uma banda que surge sem apresentar cansaço e com um álbum sólido. Claro que pode-se alegar de que este trabalho é pálido em relação a outros clássicos da banda, no entanto, acreditamos que o tempo é sempre o melhor conselheiro e que este álbum tem condições para crescer no futuro. Destaque para a gravação de um dos seus clássicos maiores, “Straight To Hell” que mesmo sem Smolski está muito boa. (8.5/10)
Adept – “Blood Covenant”
2025 – Napalm Records
Nem tudo é mau na vida, assim como nem todo o metalcore é mau, mesmo que use aqueles lugares comuns que já enjoam. Essa é para mim a diferença entre a boa e má música. A boa música transcende os géneros ainda que estejam enraizados profundamente no mesmo. É o que acontece com os suecos Adept que ao quinto álbum já não trazem grandes surpresas estilísticas mas mostram-se particularmente bem inspirados com este conjunto de temas onde as melodias catchy andam de mãos bem andadas com o peso. Se soa tudo um pouco déjà vú? Sim, mas o que interessa é mesmo a forma como estes temas empolgam. Tanto em disco como certamente ao vivo. (8/10)
All Time Low – “Everyone’s Talking”
2025 – Basement Noise Records/Photo Finish Records/Virgin Music Group (Kinda PR)
Os All Time Low são um dos nomes maiores do pop punk actual e ao décimo álbum de originais, estes novos temas surgem para comprovar isso mesmo. O olho e sobretudo ouvido para sacar melodias e refrões peganhentos que não se descolam da nossa cabeça por mais que queiramos, quer se queira ou não, é um talento especial. Se a música é algo descartável? Um pouco mas cumpre na perfeição ao que vem. (7/10)
The Rasmus – “Weirdo”
2025 – Better Noise Music (Kinda PR)
Alguém se lembra dos The Rasmus, aquela banda que lançou “In The Shadows” mais vinte de anos atrás, provocando um enjoo por excesso de exposição. O talento da banda finlandesa para fazer canções infecciosas é evidente mas isso também não é garantia de que se esteja perante algo que consiga vencer o teste do tempo. Esse é o seu maior ponto fraco. Depois de ouvir “Weirdo”, e apesar de não termos nada a apontar – isto entrando no estilo mainstream da banda – não fica nada presente e ficámos com a sensação de que estivemos a ouvir quarenta e cinco minutos de música descartável. Bonita, bem construída mas ainda assim descartável. (5.5/10)
Cobra Spell – “666”
2023 – Napalm Records
O termo hard’n’heavy caiu em desuso. O hard rock foi se tornando progressivamente comercial e previsível enquanto o Heavy metal endurecendo cada vez mais. Algo que os outros géneros mais extremos também favoreceram conforme foram evoluindo até que veio o grunge e levou tudo à frente. Mais de trinta anos depois temos as Cobra Spell que mostra que há sentido no termo, apresentando as duas facetas como uma só e também mantendo uma identidade coerente. Apesar de podermos rastrear até à década de oitenta a sonoridade aqui presente, há algo de maravilhosamente intemporal neste conjunto de canções que não se ficam pela nostalgia. No final temos mais uma grande banda de hard’n’heavy que mostra que o género está bem vivo. (9/10)
Drama Noir – “Nightfall Upon The Asylum”
2023 – Floga Records (Angels PR)
Não sendo nova a mistura de música extrema – neste caso concreto, uma mistura blasfema de black e Death metal – com os elementos sinfónicos, aquilo que se destaca aos nossos ouvidos não é o efeito novidade mas o impacto que as músicas em si têm. Podemos dizer que Nightfall Upon The Asylum, o terceiro álbum dos Drama Noir evidencia uma banda que sabe como agradar os que procuram um ambiente cinematográfico e ainda peso capas de rodar pescoços freneticamente. Sem dúvida que um novo ponto alto na carreira dos gregos, este álbum que é dinâmico e apresenta-os como um nome a ter em consideração quando o assunto é metal sinfónico. (9/10)
Astray Valley – “Midnight Sun”
2023 – Art Gates Records
Facto inegável, os Jinjer mudaram muita coisa. E isso é algo positivo, mais do que a potencialidade de se ter muitas cópias a surgir na linha de algo que tem muito sucesso. Bandas como os Astray Valley têm inevitavelmente pontos em comum mas conseguem desde logo apresentar elementos melódicos que os próprios Jinjer não têm. A faixa de abertura “Darkest Times” resume na perfeição a forma como o peso e abrasividade dão as mãos de forma perfeita à melodia. E não é um exemplo solitário ao longo de Midnight Sun. Este é um álbum que consegue agradar quase a todos e melhor que tudo, continua a saber bem aos ouvidos apesar das múltiplas audições. (8.5/10)
Jag Panzer – “Decade Of The Nail-Spiked Bat – 20th Anniversary Edition”
2003/2023 – Century Media Records
Custa a crer mas já passaram 20 anos desde o lançamento original desta celebração dos trabalhos primordiais dos norte-americanos Jag Panzer, onde regravaram os seus primeiros temas devido à falta de possibilidade de os reeditar. Mesmo para quem vê sempre as regravações de forma céptica, por estes motivos atrás indicados e pelo resultado final, é algo que valeu bem a pena. Ao que tudo indica, esta foi uma reedição apenas no formato digital, o que também se percebe, mas seria bom também uma edição em CD e vinil para quem não conseguiu apanhar na altura o lançamento. (8/10)
Plaguemace – “Reptilian Words”
2023 – Napalm Records
Duas reacções que os ouvintes podem ter quando se ouve o termo old school… ou se fica com a ideia de que a banda (ou a promoçoção) tentam ser encaixados numa corrente de saudosismo ou então fica-se a pensar que temos algo pouco original e sem grandes argumentos para trazer entusiasmo. Podemos dizer que a estreia dos Plaguemace não nos provoca nenhuma destas reacções. A produção é orgânica mas poderosa o suficiente para que, aliada a uma composição que vai para além do básico, nos faz pensar que o termo old school não é usado como forma de desculpa a tapar algumas limitações técnicas. Death metal de qualidade e um álbum que mesmo sem ferver o sangue de imediato, cumpre a sua função. (8/10)
